sábado, julho 29, 2006

Boas férias!!!


Amanhã despeço-me de Lisboa e cumprimento com um “olá” o Alentejo.
Sinto vontade de deixar esta bagunça citadina, por alguns dias, mas confesso que a perspectiva de lá passar o mês inteiro me está a deixar algo reticente.
A verdade é que sei bem o que vai acontecer. Nos primeiros dias vou andar maravilhada com o ar limpo que se respira naquela zona, vou aproveitar todos os passeios nocturnos que a segurança de uma vila permite, passar dias na praia e visitar os familiares mais próximos. Vou finalmente descansar o corpo e a mente agradecendo ao campo tal efeito.
Por volta do quinto dia já começarei a sentir falta de Lisboa, da confusão, do movimento acelerado, das ofertas de divertimento, das pessoas que por cá deixei e até dos domingos.
Como podem imaginar, durante esta minha estadia, não terei acesso à internet portanto não vou conseguir escrever nada neste blog. Espero voltar inspirada de forma a escrever algum texto que se aproveite, algo interessante ou completamente inovador. Prometo dispender parte do meu tempo a pensar nisso.
Resta-me desejar boas férias a todos e até à volta.

quarta-feira, julho 26, 2006

Chega o Verão e com ele os testes mais estranhos que poderemos fazer

You are Brigitte Bardot
Naurally sensual and beautiful
You're an exotic beauty who turns heads everywhere
You've got a look that's one of a kind
What Famous Pinup Are You?

Se eles dizem, quem sou eu para contrariar?!

Estás feliz?Então não te afectou saberes que andas a ser traído?Ah, não sabias?!

Lembro-me de ouvir dizer que conhecemos os nossos verdadeiros amigos quando estamos em baixo. Lamento mas não posso concordar.
Os falsos amigos são reconhecidos quando se sentem incomodados com a nossa felicidade. Falso amigo é aquele cuja voz fica com um travo de azedume quando lhe contamos a boa nova, é aquele que diz as frases com segundas intenções, o que nos tenta dissuadir de sermos felizes, ou seja, é aquele que nos tenta puxar para o fundo quando o nosso objectivo é chegar à superfície e respirar.
Nestes casos, acho que o importante é reconhecer o tal espécimen e evitar que jamais este ganhe qualquer tipo de espaço no nosso pensamento, com as suas insinuações e frases “ácidas”. Por vezes, a tentação de responder rudemente chega a ser bastante forte, no entanto, devemo-nos lembrar do quão triste deve ser a vida de uma pessoa cujo objectivo é comparar-se a outras, a deixar de ser feliz quando outra também o é, que não sabe o que é sentir amizade verdadeira por alguém.
Cada vez quero menos este género de pessoas ao pé de mim, não porque acredite que eles sejam “sugadores de energia” ou “fontes de má sorte”, mas apenas porque com eles a minha paciência vai sendo gasta e isso é coisa que não me posso dar ao luxo fazer.
Quanto a mim a única solução é ignorá-los e esperar que assim sejamos todos felizes, eles e eu.

terça-feira, julho 25, 2006

Finalmente férias

Fiz ontem o meu último exame da faculdade.
A verdade é que nestes dias já não tinha cabeça para estudar, pois o meu cérebro estava em função de piloto automático, activado pelo sol, gastando toda a sua energia a imaginar praias paradisíacas, almoços prolongados, horas disponíveis a serem preenchidas com o que nos dá prazer e nenhuma obrigação a ser realizada.
Ontem o nosso estado de espírito estava bem patente na frase “o importante é que é o último”. Na verdade, que importa que corra mal? Que importa que tenhamos de o repetir em Setembro? Agosto está aí e neste momento isso é tudo o que importa.
Precisamos de descansar de um ano de estudo que custou a findar.
Andámos, durante dois semestres, cheios de trabalhos e frequências, com aulas práticas e teóricas, com dias inteiros passados dentro de uma faculdade que nem esplanada tem, onde a miragem do Sol não passa disso mesmo, de uma miragem. Ao longo deste ano, mal tivemos tempo para nos apercebermos que existia vida fora da faculdade, não tínhamos tempo para saídas com amigos e mesmo quando nos aparecia um tempinho livre estávamos de rastos para ir a qualquer lado mais longe que a nossa cama.
Mas a partir de ontem isso terminou, agora há que aproveitar para recuperar e armazenar forças para o ano que aí vem.
Hoje foi o meu primeiro dia sem a obrigação de estudar e passei-o da forma que a ocasião convida, ou seja, de “papo para o ar”. Considerei estas minhas horas, pródigas em não fazer nada, bastante proveitosas.
Sinto que é impossível não pensar que estamos cada vez mais próximos do fim. Falta apenas mais um ano para que tenhamos o nosso diploma na mão.
Apesar de esse dia ser tão desejado, não deixa de ser um bocadinho assustador pensar que iremos estar por nossa conta e risco, mas a vida é assim mesmo, temos de aprender a bater as asas para na altura certa nos arriscarmos a voar sozinhos.
Enfim, resta-me desejar que venham por aí altos voos para todos nós.
Boas férias.

Chico Buarque - O meu amor

"O meu amor Tem um jeito manso que é só seu E que me deixa louca Quando me beija a boca A minha pele inteira fica arrepiada E me beija com calma e fundo Até minhalma se sentir beijada, ai O meu amor Tem um jeito manso que é só seu Que rouba os meus sentidos Viola os meus ouvidos Com tantos segredos lindos e indecentes Depois brinca comigo Ri do meu umbigo E me crava os dentes, ai Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz Meu corpo é testemunha Do bem que ele me faz O meu amor Tem um jeito manso que é só seu De me deixar maluca Quando me roça a nuca E quase me machuca com a barba malfeita E de pousar as coxas entre as minhas coxas Quando ele se deita, ai O meu amor Tem um jeito manso que é só seu De me fazer rodeios De me beijar os seios Me beijar o ventre E me deixar em brasa Desfruta do meu corpo Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz Meu corpo é testemunha Do bem que ele me faz"


Lembro-me de ser pequena e estar a brincar na sala enquanto os meus pais ouviam os discos de Chico Buarque, Roberto Carlos, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, entre tantos outros.
Hoje, por mero acaso, escutei esta canção e apercebi-me de que não só me fez retornar ao passado, à sala da minha infância, como adquiriu um novo significado no tempo presente.
Fico a pensar que talvez todas as grandes canções devessem ser assim, intemporais.

sábado, julho 22, 2006

Pede-se um passado inventado para a mesa 7, se faz favor.

Qual a necessidade de sabermos tudo acerca do passado amoroso do nosso actual namorado?! Provavelmente não será assim tão importante essa informação, na verdade, poderíamos simplesmente inventar uma história e agarrarmo-nos a ela até ao fim. Por exemplo, um bom método é pensar que o nosso namorado, antes de nos conhecer, vivia numa ilha isolada em pleno Pacífico e que sobreviveu graças a elaborados meios tecnológicos lá colocados por humanos estudiosos do comportamento social isolado. Quando chegou a altura certa, abandonou a ilha e veio para o nosso país. Conheceu-nos, apaixonou-se pela primeira vez e o resto é história.
Pronto, será que custa assim tanto aceitar esta teoria e passar à frente de pormenores desnecessários e por vezes incómodos? A verdade é que acho que sim, é complicado.
Obviamente que se torna impossível não existir alguma curiosidade em relação ao que se passou antes da nossa chegada. Caramba, somos mulheres, nós queremos saber até todos os desgostos amorosos do Clooney, quanto mais em relação a alguém de quem não temos de comprar revistas para o desejar.
Graças ao nosso perturbado cérebro nenhuma resposta é boa para este caso. Vejamos, se ele não se refere à ex é porque algo de desagradável se passou. Começamos a pensar o que terá ele de errado? Será que foi ela que terminou ou ele? Será o rapaz um tarado à espera de se revelar? Se ele falar na ex pensamos que ele ainda não a esqueceu, que gostava mais dela, que nos usa para afogar as mágoas e tratamos de a imaginar uma Gisele Bunchen sendo que, muitas vezes, se tratava apenas de uma Rosa Mota nos seus dias bons.
Na verdade, a imaginação feminina é terrível, portanto, talvez seja mesmo melhor saber o que aconteceu, antes que a nossa mente comece a vaguear pelo mundo dos delírios.
Acho que para os homens esta questão não se coloca, pelo menos não da mesma forma. Segundo se diz, as únicas coisas que eles querem saber do nosso passado afectivo é “quantos foram” e “ele era melhor que eu?”. Uma vez que necessitam de tão pouca informação até dá pena contar-lhes a verdade, portanto, para os fazer felizes a resposta é, por vezes, alterada para um “sim amor, foram só dois e tu és imensamente melhor que eles juntos”. Não vale a pena o rapaz saber que todo o alfabeto foi percorrido antes dele e que se houvesse escala ele não passaria do valor e meio.
Em contrapartida, as mulheres não sentem extrema necessidade em obter informação sobre se eles dormiram em colchões de água ou se fizeram sexo na Torre de Belém olhando para os Jerónimos. A questão feminina é mais complexa que isso.
Nós queremos saber se ele gostou mesmo dela, o motivo porque terminaram, e mais importante de tudo, se a coisa está ultrapassada. Claro que também desejamos saber se ela era melhor amante que nós, mais bonita ou inteligente, mas isso já se torna informação bónus, dispensável quando a nossa confiança sobre sentimentos está assegurada.
Acredito que desejamos saber tudo isto para nos assegurarmos a nós mesmas, para nos certificarmos que não somos substitutas de ninguém, que o passado ficou onde pertence, possibilitando-nos a entrega total no presente.
Penso que o desconhecido é que pode ser assustador, porque não nos obriga a ter limites, deixando-nos numa sala sozinhas com um “mito” e nesse plano não existe resposta possível.
Assim, uma vez conhecido o fantasma da ex tudo volta a entrar no plano real e a coisa normaliza.
Com essa informação, já estamos prontas a ouvir falar de ex-namoradas desde que eles tinham 10 anos, porque percebemos que o presente é que tem de ser construído para que fique assinalado, a letra bonita e bem gorda, na página da história de cada um de nós, que esperançosamente, será escrita como uma história única.

sexta-feira, julho 21, 2006

Ler blog alheio dá-nos ideias para posts nossos!!

Após ter lido o texto que uma amiga minha escreveu sobre instinto maternal, sou levada a pensar nesse assunto por uns momentos.
Devo confessar que até recentemente maternal era um termo que não se aplicava à minha pessoa. Lembro-me das brincadeiras que tinha em criança, onde as bonecas nunca ocupavam o lugar de minhas filhas, sendo sempre empurradas para filhas das amigas, que desempenhavam o papel com o afinco que me faltava.
Na adolescência não me lembro de ter passado pela fase do desejar ter filhos, nem sequer imaginava se estes seriam mais parecidos comigo ou com o pai, na época, Brad Pitt.
Nem mesmo quando tive um namoro estável e longo, as crianças vinham incluídas nos projectos a longo prazo.
Durante bastante tempo a única criança que despertou o meu instinto maternal, então desenhado a traço fino, foi o meu irmão, do qual tenho 13 anos de diferença.Com ele percebi que existe um Mundo assustador lá fora, onde passamos a correr todo o tipo de riscos, se isso evitar que a “nossa criança” tenha o mais pequeno desgosto, a mais pequena ferida, o mais pequeno corte.
Heis senão que chega uma altura em que ouço um alarme, algo do género BRIMMMMMMMMMMMMMM, era, como podem adivinhar, o relógio biológico a despertar. Não posso dizer que tenha tocado tarde e a más horas, porque sou jovem, logo, com tempo para satisfazer o tal alarme, sem que o obrigue a perturbar o meu cérebro com o toque incessante do desespero.
Desde esse dia que deixei de conseguir olhar para qualquer criança com indiferença, aliás, não consigo passar por uma sem lhe deitar dois olhares repetidos, onde a ternura predomina.
Passei o Verão passado derretida com um primo meu, que encarna na perfeição a ideia angelical de bebé, com a sua pele branquinha, olhos azuis e cabelo loiro. Mal nos vimos houve uma empatia imediata e, quando dei por mim, estava já completamente desarmada perante um ser que mal se aguentava em pé sozinho. Depois de passar horas a brincar na areia, a carregá-lo ao colo pela rua só para ver o cão da vizinha, a fazer caras e sons estranhos que o faziam rir imenso, recebi, pela primeira vez, comentários favoráveis sobre a minha futura prestação como mãe. Acho que nessa altura a minha própria mãe suspirou de alívio, afinal, já não precisava temer pela minha falta de apetência maternal.
Tenho a sensação que ser mãe se assemelha a um cargo de chefia perante o Mundo, do qual é impossível desertar, talvez daí o medo de tal responsabilidade.
Amar alguém mais do que a nós mesmos parece algo assustador, principalmente quando em jovens acreditamos piamente que o Mundo gira à nossa volta.
A maternidade tem de ser algo muito poderoso, afinal não é qualquer fenómeno que faz uma mulher desejar engordar durante 9 meses, ter vómitos, peitos e pernas inchadas e vontade constante de fazer xixi. Só algo muito poderoso pode fazer uma mulher esquecer as dores de parto ao ver o seu recém-nascido. Só algo inexplicável pode fazer alguém desejar uma “miniatura ligada à corrente” na sua vida e achar que antes dela o que tinha não era nada.
Actualmente, quando vejo uma criança, sinto vontade de ir ter com ela para iniciar uma conversa daquelas que incluem monstros, fadas e até sons esquisitos de animais, que existem apenas na nossa imaginação. Apetece-me rebolar com elas pelo chão e rirmos até a barriga doer. Gosto que elas me façam perguntas que me obriguem a pensar na resposta a dar, de ver como o seu olhar e as suas palavras ainda são tão inocentes, de certa forma, gosto do quão intocáveis pelo mundo envolvente elas ainda estão.
Sinto vontade de ter uma criança minha nos próximos anos. Sabendo isto, resta-me apenas encontrar quem comigo queira partilhar tal aventura.

Van Morrison - Someone Like You



"I've been searching a long time
For someone exactly like you
I've been traveling all around the world
Waiting for you to come through
Someone like you
Make it all worth while
Someone like you
Keep me satisfied.
Someone exactly like you
I've been travellin' a hard road
Baby lookin' for someone exactly like you
I've been carryin' my heavy load
Waiting for the light to come shining through
Someone like you
Make it all worth while
Someone like you
Make me satisfied
Someone exactly like you
I've been doin' some soul searching
To find out where you're at
I've been up and down the highway
In all kinds of foreign lands
Someone like you
Make it all worth while
Someone like you
Keep me satisfied
Someone exactly like you
I've been all around the world
Marching to the beat of a different drum
But just lately I have realized
Baby the best is yet to come
Someone like you
Make it all worth while
Someone like you
Keep me satisfied
Someone exactly like you
Someone exactly like you
Someone exactly like you
Best is yet to come
Ohhhhh the best is yet to come
Someone exactly like you"

quinta-feira, julho 20, 2006

Que geração somos nós?!

Nunca concordei que existisse uma geração rasca, acho até que a expressão não tem qualquer sentido. Convém lembrar, por curiosidade, que esses mesmos jovens “rasca” foram criados pelas pessoas que inventaram tal expressão, surgindo daí alguma incoerência.
Porém, se viesse alguém dizer que a geração actual é a do isolamento, então teria de concordar, afinal, vivemos longos anos ao lado de um vizinho ao qual jamais dissemos mais do que um bom dia. O hábito de bater à porta do lado a pedir açúcar e uns quantos dedos de conversa terminou.
Na rua não sorrimos a desconhecidos, até porque se o fizéssemos, estes poderiam considerar-nos doidos ou, então, que nos estávamos a atirar descaradamente a eles.
No trabalho evitamos grandes confianças, falamos com que temos de falar e está o assunto terminado. Não precisamos de conhecer os nossos colegas, até porque no fundo estamos todos a competir uns com os outros.
Fechamo-nos em casa, nós e a televisão. É assim que conhecemos o mundo lá fora, o mesmo de onde viemos a fugir para que não nos apanhasse.
Quando um carro estrangeiro começa a abrandar junto a nós, começamos a acelerar o passo, afinal, há que evitar conversas com desconhecidos, mesmo que seja apenas para lhes dar indicações de caminhos.
Pensamos várias vezes antes de ajudar quem se sente mal em plena rua, isto, quando chegamos a tomar alguma atitude de auxilio.
Tornámo-nos umbiguistas e o que ainda nos vai salvando são os amigos que fomos fazendo, aqueles que conseguiram ultrapassar as nossas desconfianças iniciais ou os que conquistámos na infância.
Também nos poderiam chamar a geração dos preocupados. Preocupamo-nos em entrar na faculdade, em arranjar trabalho, num mercado cada vez mais abarrotado e competitivo. Preocupamo-nos com as prestações da casa, do carro e do mais que vier. Tornamo-nos hipocondríacos em idades jovens, ficando sobressaltados mal temos um aperto rápido no peito, no entanto, ironicamente, somos um dos países com maior número de fumadores e consumo de álcool.
Se disserem que somos a geração do desencanto, irei concordar novamente.
Deixámos de acreditar no que nos dizem, andamos sempre desconfiados. Para nós, quem fala a verdade são os tontos, todos os outros inventam histórias para se saírem bem.
Já não cremos na existência do verdadeiro amor, tornámo-nos até, bastante cínicos em relação a esse assunto.
Não temos nenhum 25 de Abril para nos fazer acreditar que vamos mudar este país para melhor. Deixámos de acreditar nos políticos, dizemos que eles são “todos iguais”, não havendo esperança de melhoras.
Pensamos duas vezes antes de ter um filho, porque não sabemos se vamos querer que este cresça no Mundo que estamos a ajudar a construir, esquecendo que ele poderá ajudar a mudá-lo, para melhor, no futuro.
Já não nos deixamos encantar com um simples luar, com o céu estrelado nem com o recitar de poemas.
Deixámos de acreditar no Pai Natal, na Fada dos Dentes e na Branca de Neve, cedo demais.
Também estaria certo quem nos chamasse a geração da raiva desnecessária.
Perdemos mais tempo com quem não gostamos do que com quem merece a nossa atenção. Irritamo-nos com o trânsito, com a fila do supermercado, com a quantidade de gente na praia.
Cultivamos os ódios de estimação como se de uma flor rara se tratasse.
Despendemos tempo a espalhar maledicências, a falar de quem não conhecemos mas que “não sei porquê” não gostamos.
Poderão dizer que somos a geração do consumo desenfreado e estarão novamente certos. Consumimos objectos e corpos, como se fosse tudo a mesma coisa. O importante é o acto de obter e não o de manter.
Quantas pessoas se sentem realmente bem apenas quando dão o cartão de crédito ao vendedor e levam a sua compra para casa?! Depois, quando deixa de ser novidade volta-se a procurar um modelo mais recente, de preferência que os amigos ainda não tenham comprado, mas que andem desejosos para o fazer.
Continuamos a ter vários telemóveis esquecendo-nos de que a sua função é só a de telefonar e que, para isso, nos bastaria apenas um.
Passamos fins de semana fechados em centros comerciais, muitas vezes apenas olhando as montras e sonhando com o que está longe do alcance dos nossos bolsos. Acompanhamos tal tour turístico com frases de inveja do ordenado do Mourinho e “gajos que tais”.
Somos uma geração que tem tudo à mão, sendo que nunca a sente cheia, nem mesmo quando a fecha.
Estamos cada vez mais fúteis. Comparamo-nos com a roupa e carro de fulana mas jamais com o cérebro de cicrana.
Somos a geração do usa e deita fora, compramos alguma coisa hoje e amanhã já achamos que está em desuso. Aplicamos esta prática até nas relações pessoais.
Já não vale a pena esforçarmo-nos, haverá sempre alguém novo a aparecer e podemos começar tudo do princípio.
Poderiam chamar-nos imensa coisa e, provavelmente, estariam certos na maioria dos casos, mas gosto de pensar que somos mais que isto. Somos mais que estereótipos de sociedade, ou pelo menos, deveríamos tentar sê-lo.
Gosto de pensar na vizinhança que ainda existe nos bairros antigos, na solidariedade dos vilarejos e nas pessoas que se apaixonam à primeira vista. Quero conhecer pessoas dessas, porque só elas me podem levar para uma outra geração, para uma geração em que ainda é permitido sonhar e onde não se paga por isso.

Adrian Pasdar



Porque há que fazer o culto, uma vez por outra,...

“O problema em ser pontual é que nunca há ninguém lá para admirar isso.”

Deve existir um qualquer buraco negro em Lisboa do qual ainda não tomei conhecimento, porque mais de metade das pessoas com quem combino encontros são incapazes de chegar a horas, o que me leva a crer que percorrem todos o mesmo caminho, onde serão sugados para o núcleo terrestre, por tempo indeterminado, e depois devolvidos à superfície.
Claro que as pessoas “atrasadas” não percebem o stress que é esperar, porque nunca passaram por tal experiência na sua vida.
Para dizer a verdade detesto esperar por quem se atrasa. No primeiros minutos ainda tolero, nos 20 minutos seguintes já sopro para o ar e se demorar mais de 40 minutos mais vale nem vir, porque vou estar tão insuportável quanto uma tia de Cascais obrigada a fazer compras na Feira da Ladra.
Esperar implica desconforto, principalmente quando somos mulheres. Para começar, demoramo-nos a arranjar para causar um certo impacto na chegada, se não está lá ninguém para nos receber, metade do trabalho já foi em vão. À medida que vamos olhando para o relógio e ninguém chega, a roupa já não assenta tão bem, o cabelo já está despenteado e a pintura com metade do efeito inicial.
Toda a mulher que já teve de esperar por outra pessoa na rua, conhece, por certo, os vários comentários dos candidatos a tarado do ano, sendo este um dos melhores já escutados: “ai a flori tá sòzinha? Ò flori, não queres viri comigo pra casa?”.
Depois existe aquela questão do que se fazer com os braços. Estamos ali parados, sem nada para fazer e, de repente, os braços parece que estorvam qualquer ar mais casual que queiramos fazer.
Também consegue ser bastante incómodo quando se combina o encontro num restaurante. Entramos e sentamo-nos. Passado algum tempo vem o empregado perguntar o que desejamos, ao que respondemos estar à espera de uma pessoa. Esperamos, esperamos e esperamos. Já os restantes clientes estão a comer, a conversar e nós a alternar o nosso olhar entre o relógio e a porta de entrada. Sentimo-nos como ladrões prestes a serem descobertos. Esperar indefinidamente por alguém, num sitio público, faz com que os restantes tenham pena de nós, que pensem para consigo “coitadinha, levou tampa”. Sentimo-nos na obrigação de sorrir ao empregado, com ar de quem pede desculpa por existir. Quando a nossa companhia finalmente aparece, somos incapazes de mandar vir com ela. Retemos toda a nossa raiva e explodimos horas depois, quando a sós. Parece que não mas isto é grave, imaginem a quantidade de enfartes que podem ter sido causados por gente que retém a sua raiva pelos “desconhecedores da invenção do relógio”. Podemos estar perante um problema de saúde pública, até hoje, totalmente ignorado.
Em relação às pessoas que se atrasam constantemente tenho de formular uma teoria das minhas. Quanto a mim, todos eles têm de apresentar problemas de auto-estima, porque reparem, eles querem ser sempre desejados, sentir que alguém por eles espera, seja para os espancar ou por outro motivo qualquer.
No fundo eles precisam de ajuda especializada, pobrezinhos.
Acho que vou tentar acreditar nesta minha teoria, pode ser que me reconforte nas inúmeras esperas que ainda terei pela frente,...

quarta-feira, julho 19, 2006

António Variações - Erva daninha alastrar

"Sou eu sei que sou terra/Terra agreste por lavrar/Silvestre monte maninho/Amora fruto sem tratar/ Sou eu sei que sou pedra/Sou pedra dura de talhar/Sou joga pedrada em em aro/ Calhau sem forma de engastar/ A cotação é o que quiserem dar/Não tenho jeito para regatear/Também não sei se eu a quero/aumentar/Porque eu não sei/Porque eu não sei se me quero polir/Também não sei se me quero limar/Também não sei se quero fugir/Deste animal/Que anda a procurar/ Sou eu sei que sou erva/ Erva daninha a alastrar/ Joio trovisco ameaça/ Das ervas doces de enjoar/ Sou eu sei que sou barro/ Dificil de se moldar/ Argila com cimento e saibro/ Nem qualquer sabe trabalhar/Em moldes feitos não me sei criar/Em formas feitas podem-se quebrar/Também não sei se me quero formar"
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

Este é o post número 187

Devo dizer que planeio uma grande festa na publicação do texto 200. Será, por certo, bastante regada a garrafas de água, música de rádio, bolos em miniatura e eu como única convidada. Como podem ver será algo em grande.
Ainda pensei em fazer um qualquer acto simbólico, como reler tudo o que até aqui escrevi, no entanto, não tenho coragem para isso. Sei que iria achar tudo tão mau que jamais voltaria a escrever fosse o que fosse.
A verdade é que estou a aproximar-me desse tão redondo número com a ajuda de algumas citações que fui fazendo ao longo do caminho, portanto, concluo que nem tudo o que se encontra neste blog é passível de ser considerado mau, afinal, podem encontrar textos de Fernando Pessoa, Mário Quintana, Cecília Meireles, entre outros.
Podem até passar os meus textos à frente e dedicarem o vosso tempo a autores talentosos com os que por cá vou deixando.
Quero reforçar a ideia de que este blog foi feito sem qualquer tipo de pretensão (aliás, como poderia ser o contrário?!), que nunca pensei que aqui viessem parar mais do que 3 a 4 amigos meus. Sempre tive a ideia de que o que escrevo é lido por um restrito número de pessoas e a ideia agrada-me, talvez devido à minha característica algo anti-social.
Agrada-me a ideia de que vocês não me reconheçam se comigo se cruzarem na rua, mas que saibam mais de mim, pelo que escrevo, do que muita gente com quem falo diariamente.
Considero este blog como o meu “diário dos 15 anos”, só que em vez de estar escrito em papel e escondido de mãos alheias, debaixo da cama, se encontra na Internet, com acesso aos múltiplos olhares que nele se quiserem demorar.
Quando dizem que a escrita é poderosa não tenho como o negar. É nela que descarrego os meus dias maus, as tristezas que não consigo verbalizar, os sentimentos que se tentam esconder, as alegrias que vou tendo e as constantes dúvidas que me afligem todos os dias. Pela escrita torno a minha vida mais real, mais palpável, mais observável por mim mesma.
Gosto de estar no meio da rua e ter uma ideia completamente estapafúrdia para um post e sentir uma pressa imensa para chegar a casa, gosto das cócegas que me dá no estômago quando tenho imensas ideias e os meus dedos, no teclado, não conseguem acompanhar a rapidez destas.
Graças a este blog ando hoje mais feliz, quer seja por ler os comentários que por cá vão sendo deixados, quer seja por ter permitido a entrada de uma pessoa completamente diferente na minha vida.
Na realidade não sei se escrevo bem ou não e acho que isso nem interessa. É como quem canta muito mal mas se liberta, no fim do dia, nos karaokes. Digamos que a escrita é o karaoke da minha vida.
Até ontem nunca tinha tido nenhum medidor de entradas neste blog, por um motivo muito simples, nunca quis confirmar a quantidade de pessoas que aqui entram todos os dias, nunca achei que isso fosse importante, no entanto, comecei a pensar que quero saber quem aqui vem. De onde surgem as pessoas que de vez em quando comentam qualquer coisa?! O site meter aqui presente não irá servir nunca para me fazer preocupar se somos 10 ou 100 pessoas, mas apenas para matar a curiosidade, que é tão típica do sexo feminino, de como vieram cá parar.
Agora vocês dizem, para quê tanta conversa quando só vai ter 200 textos postados? A verdade é que não sei se irei chegar ao simbólico número 500, portanto há que aproveitar qualquer desculpa para tornar as coisas grandiosas.
Acham que 200 é pouco? Bom, talvez seja, mas já me parece um bom número para ser comemorado.
Para terminar, agradeço a quem por aqui vai passando e lendo o que por cá escrevo. Podem não ser grandes textos mas podem ter a certeza de que são escritos sem truques, segundas intenções e, muitas vezes, com o coração na ponta dos dedos.
Até ao próximo post.

Dalai Lama - Once more

“Não tomem nada do que eu digo como verdade só porque fui eu que disse; só porque pareço respeitável e o ensinamento parece sagrado. Examinem com seu intelecto e, se lhes parecer verdadeiro, então apliquem à sua própria mente. Se não, não faz sentido".
Dalai Lama
Ora cá está um homem que me faria adquirir fé numa religião.
Na minha opinião, a religião deveria ser uma fonte de força e alegria para quem nela acredita e jamais usada como origem de punições, perseguições e guerras.
Recuso-me a acreditar que um homem igual a tantos outros possa ser olhado como perfeito apenas porque usa uma batina, sendo que este é tão passível de cometer erros como qualquer um de nós.
Recuso-me a acreditar que um homem igual a tantos outros nos queira fazer crer em determinadas regras, tais como o não uso do preservativo, porque um ser superior assim o exige.
Recuso-me a acreditar que não são os homens que querem as suas igrejas cheias de ouro em oposição a gastar esse mesmo dinheiro com os seus crentes mais necessitados.
Na verdade não sei se existe um ser superior ou não. Não sei se, caso exista, este tem o nome de Deus ou Alá, na verdade, apenas sei que os homens que os representam no mundo terreno não o fazem da melhor forma.
Incomodam-me os rituais, as regras, as imposições e a recusa em compreender o mundo do século XXI.
Admiro as pessoas que conseguem acreditar que têm alguém a olhar por elas, alguém que as conforta e ajuda a seguir em frente. Isso sim, para mim é a verdadeira fé.
Caso Deus exista, acho que jamais vai precisar de intermediários para ouvir quem nele crê. Os verdadeiros crentes serão os que fazem o correcto, os que com Ele falam sabendo-se escutados e que se sentem sempre acompanhados, esse sim, parece-me o lado bonito da religião.
Não quero acreditar num Deus que castiga, que pune, que ignora as barbaridades que se cometem todos os dias, em tantos lugares, prefiro, em vez disso, crer que todos nós temos o poder de mudar o que se passa à nossa volta. Pena que na maioria dos casos passemos a nossa responsabilidade para algo não palpável, preferindo manter-nos sentados à espera de melhores dias.
O que me cativa no budismo é o facto deste acreditar na capacidade de o homem se tornar um ser melhor, mais espiritual, mais solidário, sem precisar de acreditar cegamente em alguém que não ele mesmo. A ideia é melhorar-se a si mesmo ao longo da vida.
Acho que um dia sentirei a necessidade de deixar de ser a pessoa descrente dos dias de hoje e nessa altura, provavelmente, o budismo será o caminho a seguir, porque me parece um trajecto que pode ser percorrido com calma, onde no final, nos tornaremos melhores caminhantes do que éramos à partida.

terça-feira, julho 18, 2006

Dalai Lama - A Arte da Felicidade

"Acredito que o objetivo da nossa vida seja a busca da felicidade. Isso está claro. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta religião ou naquela, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto, acho que a motivação da nossa vida é a felicidade."

Quando é assim não há nada a fazer.

"Já repararam que quando alguém está realmente feliz é incapaz de o esconder? Todas as pessoas que com ela contactam o notam, quer seja pelo brilho novo que surgiu nos seus olhos, quer seja pelo sorriso que está diferente do que antes existia. Apesar de a felicidade ser visível perante todos os olhares, o motivo desta nem sempre o é. Acho que quando se tem algo de precioso entre mãos, se tende a contá-lo apenas a um grupo restrito de pessoas, somente às que achamos merecedoras de tal informação.
Antes de colocarmos os nossos amigos a par da novidade que entrou na nossa vida, já tratámos de imaginar as reacções que estes irão ter e não esperamos nada menos que ver nas suas caras o reflexo da nossa, que o seu tom de voz transpareça felicidade, que as suas palavras sejam de alegria e apoio, no entanto, se forem proferidas palavras de receio, que estas reflictam preocupação séria e jamais sejam ditas com segundas intenções.
Quando temos a reacção esperada a sensação é óptima, afinal, estamos a conseguir conciliar o que é para nós importante. Para além disso, confirmamos que a amizade entre nós é verdadeira. Que a nossa alegria não é fonte de inveja nem intriga.
Agora o que se sente quando a resposta não é a que desejamos? Que havemos de sentir quando em vez de felizes por nós, essas pessoas nos fazem ficar na defensiva, senão mesmo ao ataque? Tal como todas as sensações, esta também não será fácil de explicar.
Poderemos exigir que eles gostem do que nos faz feliz? Acho que não. Poderemos exigir que eles se sintam felizes com a nossa felicidade? A resposta consiste no facto de que não deveríamos necessitar de exigir nada, porque seria suposto isso surgir naturalmente.
Uns por motivos compreensíveis, outros por motivos absurdos, obrigam-nos a dividir as águas.
São dois caminhos diferentes e nós não queremos deixar de percorrer qualquer um deles. Com o passar do tempo, torna-se inevitável e tornamo-nos um dividido em dois.
Acho que ao longo da vida carregamos connosco a vontade de que os nossos amigos façam parte das nossas escolhas, mas de forma natural, sem obrigações.
Acredito que o que não surge naturalmente não deve ser forçado, principalmente quando as ideias assentam em julgamentos precipitados, sem conhecimento de causa.
Sinto que me julgam de forma errónea quando julgam mal as minhas escolhas. Todos erramos, jamais estarei isenta disso, mas nunca tinha sido provocada, ou pelo menos, jamais da forma como sou agora.
Felizmente consigo separar assuntos, porque caso não o conseguisse ficaria numa situação incómoda e difícil de suportar. Viva essa minha frieza de raciocínio, esperemos que ela seja de longa duração, é tudo o que me resta desejar.

Fica a ideia

Acabo de folhear uma revista e tive de parar numa entrevista cujo título era algo como “Miguel Sousa Tavares é um biltre”. Se adivinharam o autor de tal frase, quer dizer que estão a par da actualidade, sabendo que ainda ninguém substituiu o presidente da ilha da Madeira neste género de expressões.
Cada vez que este senhor fala penso para mim o quão particular é o nosso país, afinal, desconheço qualquer outro onde Alberto João Jardim fosse considerado mentalmente apto, quanto mais eleito presidente fosse do que fosse.
Quem me dera que Cristiano Ronaldo tivesse razão quando disse que o seu presidente “defende o seu país, no caso a Madeira”, é que estando noutro país evitavam-se muitos disparates, como as ofensas constantes à Capital. Reparem, existem pessoas que tendem sempre a morder a mão que as alimenta, portanto tudo mudaria quando essa mesma mão desaparecesse.
E nem me venham com a história de que ele não é para ser levado a sério porque só provoca o riso, porque isso seria como rir de quem tem Alzheimer e já não sabe o que diz, o que me parece algo cruel até mesmo para o dito senhor.
Já que a Madeira é um caso especial em tantas situações, não o poderia ser também em termos de duração de mandatos presidenciais?!
Fica a ideia.

Próximo alvo a abater

Não quero saber da febre das aves, da raiva canina ou dos excrementos de pombo.
Não quero ouvir dizer que animais perigosos são os leões, tigres ou os ursos.
Não me interessa que se queixem dos ratos, dos gatos ou das osgas.
A partir de hoje, para mim, só existe um animal a abater: o Mosquito.
Começa logo pela forma do desgraçado, se repararem ele tem umas pernas magríssimas, é insinuoso, e faz um barulho sussurrante. É atraído pelos holofotes, por sangue alheio e águas estagnadas. Devem, concerteza, ser viciados em produtos tóxicos, porque nem o repelente os afasta.
Atacam em grupo fazendo, por certo, planos de divisão de território, combinando entre eles quem ataca que zona do corpo da pobre vítima.
Graças a tal insecto estou tão picada que faria o mais experiente frequentador de Chelas achar que eu andava a frequentar a sua “zona”. Devo dizer que estou quase a fazer um calendário e dividir as horas a que me dedico totalmente ao acto de me coçar.
Decididamente o mosquito tem de ser extinto. Espero que compreendam que o meu sofrimento é igual ao de tantos e tantos portugueses. Aproveito para pedir que em nosso nome se juntem a esta bonita e importante causa cujo nome será “Se matarem um mosquito por dia, nem sabem o bem que vos fazia”.
E já sabem, ao próximo zumzum que oiçam, respondam com um forte STRAU!!!!

segunda-feira, julho 17, 2006

E se não lerem este post dentro de 3 minutos, em voz alta, sentados numa cadeira rosa choque,passarão a madrugada acordados devido a um calor imenso

A sério, chega daqueles mails que nos ameaçam de mil e uma desgraças se não os reenviarmos. Só hoje tinha 3 do género na minha caixa postal.
Vamos lá ver, considerando que quem me envia esse género de mails acredita na tal maldição, devo dizer que são uns grandes sacanas, então mandam-me aquilo assim? E se eu não tiver os 20 amigos que são precisos? (Será que se podem repetir pessoas?!) E se o meu computador pifar no exacto momento em que tinha apenas 5 segundos para fazer "reencaminhar"? E, se após a leitura, me esquecer de o apagar, mantendo-o no meu correio por um período superior a 48 horas?
Na verdade, esta brincadeira idiota vem provar duas coisas, a primeira é que o ditado “não acredito em bruxas, mas que as há,há” é confirmado pela maioria das pessoas, a segunda é que quando precisamos de nos safar, estamo-nos bem a lixar para os outros.
Não deve existir pessoa com Internet que ainda não tenha recebido estas “preciosidades”, portanto aproveitem para reparar como elas começam com uma mensagem sempre muito voltada para a “paz e amor”, cheia de valores de amizade a serem respeitados, a fazerem-nos lembrar os prazeres simples da vida e coisas do género. A ironia reside no final, em que lixam o texto anterior quando nos ameaçam com o castigo de que nunca mais iremos para a cama com alguém ou sofrermos um estranho acidente como aconteceu com a Michelle do Mississipi.
Voltando a considerar que isso é mesmo verdade, o que me consolaria é que as maldições acontecem sempre nos EUA, lembrem-se que nunca leram nenhum que dissesse que o Zé Manel de Carregueira de Baixo foi atropelado por um burro, enquanto atravessava a estrada, porque não reenviou o dito mail. Provavelmente, devemos agradecer tal facto às inúmeras interrupções de Internet que temos ao longo do dia, que não serve apenas para dar connosco em doidos, mas também para interromper o envio de maus olhados.
Meus caros amigos, para terminar, pensem lá comigo, se é para fazer correntes então façam-nas por motivos decentes e importantes, tais como trazer o Adrian Pasdar a Lisboa, se não for isso, façam-me um favor e excluam-me da lista.

Elogio ao amor - Miguel Esteves Cardoso (Expresso )

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível.
Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito.
Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha.
Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor.
É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra.
A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Jorge Palma - O Meu Amor Existe


"O meu amor tem lábios de silêncio
e mãos de bailarina
e voa como o vento
e abraça-me onde a solidão termina
O meu amor tem trinta mil cavalos
a galopar no peito
e um sorriso só dela
que nasce quando a seu lado eu me deito
O meu amor ensinou-me a chegar
sedento de ternura
sarou as minhas feridas
e pôs-me a salvo para além da loucura
O meu amor ensinou-me a partir
nalguma noite triste
mas antes, ensinou-me
a não esquecer que o meu amor existe"

Curso intensivo para homens desabilitados da sua condição "máscula"

Acho que está na altura de alguém se chegar à frente e implementar um curso intensivo para homens.
Basicamente, a ideia seria que todos os membros do sexo masculino passassem por tais aulas, quando rondassem os 20 anos, aprendendo a realizar tarefas denominadas de “másculas”. Numa altura em que tanto se fala do fenómeno “metrosexual”, não haverá quem já sinta falta do velho macho latino, daquele que cospe no chão ao mesmo tempo que limpa a cera do ouvido com a unha comprida do seu 5o dedo?! Bom, talvez não se sinta assim tanta falta deste género em particular, no entanto, existem tarefas que as mulheres agradecem que os homens façam por elas e que aumenta a sua consideração pelos mesmos, isto sem contar com o factor “auto-estima insuflada” que um homem sentirá ao exibir a sua masculinidade em público.
Por exemplo, mudar a roda de um pneu é uma tarefa que uma mulher dispensa, afinal as unhas foram arranjadas esta semana, a roupa é nova e a força é pouca. Deveria tornar-se obrigatório, para os homens, realizarem tal tarefa em 10 minutos bem cronometrados.
A imagem de um homem apeado e a olhar para o seu carro garante-nos uma coisa, ele está a decidir o que vai ser menos humilhante, tentar mudar o pneu, sabendo que quem passa se vai aperceber de que ele não tem a mínima ideia do que faz, ou ir a uma oficina e chamar um mecânico ao local. Nesta última, para além de gastar dinheiro, vai entrar num ambiente fortemente masculino onde a palavra metrosexual jamais foi ouvida, sendo que o único homem que a pronunciou foi expulso e está proibido de qualquer contacto com o mundo automóvel. A verdade é que mesmo que o mecânico não lhe diga nada, o pobre homem sabe que vai ser motivo de piadas acerca da sua escolha sexual sobre longos tempos, tornando-se conveniente evitar tal oficina durante os anos seguintes.
Outro exemplo é o dos homens que ao tentarem pendurar um simples quadro na parede, conseguem fazer um buraco enorme, no qual o prego nem se segura. Isto quando não existe perfuração de canos ou coisas do género.
O sexo feminino sonha com estas capacidades másculas e é preciso que eles o saibam. Qual a mulher que não fantasia com o belo do canalizador a arranjar o cano da sua cozinha? Ainda mais quando se pensa no dito profissional com a t-shirt molhada, devido à fuga de água, ao mesmo tempo que explica que tem tudo controlado, ficando, no final, tudo a funcionar perfeitamente. Ok, estou a ir para o mundo da fantasia, mas este pode muito bem ser o incentivo que determinados homens precisam para se inscreverem no tal curso, é que o sexo é uma força motriz para eles e tudo que lhes indique essa possibilidade, mesmo que ínfima, é para ser aproveitada.
Actualmente, os homens compram roupa segundo os ditames da moda, perfumam-se e usam cremes, com isto aprendido, resta agora que lhes ensinem para que serve um circuito eléctrico doméstico, um martelo, porcas, parafusos e afins.

Telefonema de 2a à tarde e conselhos atirados ao ar,...

Desligo o telefone e percebo que somos demasiado complicados e confusos. Depois desta conversa, ironicamente semelhante a uma que tive algumas horas antes, fico a desejar que as pessoas larguem certas amarras e se soltem de vez, que não carreguem consigo os erros, as confusões e dores passadas. Sejam corajosos, naveguem por “mares nunca antes navegados” e acreditem que eles são mesmo diferentes de todos os outros. Tornem-se aventureiros e olhem para a ilha que vêm pela primeira vez, acreditando que é lá que vão ser felizes. Deixem de desejar o horizonte vazio, o qual preenchem apenas com a vossa imaginação e enfrentem o real, o que está para lá da linha vazia. Deixem de acreditar na volta seja de quem for do nevoeiro, quem foi embora tende a não voltar, ou mesmo que o faça, trará consigo muita coisa, mas dificilmente a felicidade passada. Que tudo o que vivemos nos sirva de lição para nos tornarmos melhores versões de nós mesmos, mas jamais para ficarmos feito pedras, insensíveis e racionais em extremo. Que alguém crie coragem para abrir o peito ao que vier, acreditando que será desta que vamos ficar bem. Vamos acreditar em quem se expõe a nós, a quem em nós confia e se entrega, pois ninguém que nos queira bem merece menos que isso. Se gostamos realmente dessa pessoa, ganhemos juízo e deixemos de acreditar na versão inevitável do replay das relações anteriores. Acreditemos que somos dignos e merecedores de ser felizes e que nem todas as histórias têm o mesmo final.
Deixemos de aumentar a nossa lista de perdas, de utilizar a teoria do “culpado até prova em contrário”.
Aceitemos que não somos inquebráveis, que o sofrimento surgirá eventualmente, mas que vale a pena acreditar que desta, desta última vez, ele não nos vai atingir. Não desta vez.

E se tudo corre bem, o que vem por aí a correr mal?

Quando as coisas nos andam a correr bem, a mente trata de imaginar o que por aí virá de mau. Começamos a pensar em todo o tipo de desgraças possíveis e imagináveis, sendo que estas se vão tornando cada vez mais credíveis, com o passar do tempo.
Para dizer a verdade, nós não acreditamos que seja possível estar tudo tão bem connosco e que não nos seja tirado algo em troca.
Creio que todo este nosso medo surge do facto de atribuímos a nossa felicidade a algo externo a nós, sobre o qual não temos nenhum poder, nem para a manter nem para a terminar, e é aqui que erramos.
Existem pessoas que tendem a sabotar a sua própria felicidade, quando com ela confrontadas, afinal, nada mais assustador que ter o que sempre desejámos e não sabermos o que fazer no momento em que nos é exigida acção. E existirá medo maior do que encarar a transformação do que a imaginação desenhou como “perfeito” em algo real e palpável?!
Depois, existem os que “abrem os olhos” e percebem que está, praticamente, tudo nas suas mãos. Se, por fim, temos o que por tanto tempo desejámos, porque não aprender que somos nós os responsáveis por o manter, sabendo que devemos cuidar do que tanto gostamos, todos os dias, sem tempo para cometer erros mesquinhos e baseados em inseguranças. Deveríamos ter consciência de que as coisas são mais fáceis de ser obtidas do que mantidas. Que tudo o que é “grande” implica alguma dedicação, amor, responsabilidade e verdade. São as escolhas que fazemos que decidem se conseguiremos manter o que prezamos ou se o trocaremos por outra coisa qualquer, mais recente, mais jovem, mais cheia de novidades ou, até mesmo, mais vazia.
Claro que existem variáveis que jamais controlaremos, mas porque não assumir a nossa parte do “acordo”?!
Na verdade, apenas podemos assumir a responsabilidade das nossas acções e é isso que nos permite dormir descansados, sem remorsos nem arrependimentos, e seguir acreditando que a nossa felicidade será prolongada no tempo.
Quando se trata de um relacionamento, quer este seja de amizade ou amoroso, a manutenção da felicidade não depende apenas de nós, mas também do outro, de acreditar que ele valoriza tanto o que tem entre mãos quanto nós e que, por isso mesmo, vale a pena confiar nas escolhas deste.
Cada dia que passa torna-se mais complicado encontrar momentos felizes, andamos todos ocupados com outras coisas que nos preenchem a mente em detrimento de algo que nos pode preencher o coração.
No final, não seria tudo melhor, se assumíssemos o nosso papel e o desempenhássemos tão bem, que no final, a nossa peça só pudesse terminar com uma ovação em pé?!

sábado, julho 15, 2006

A velha questão de fazer a mala

Que raio se passa no DNA feminino que nos impede de conseguir fazer uma mala de viagem com apenas o necessário?
Porque é que o nosso “básico” inclui metade do nosso armário e ainda mais qualquer coisa que encontremos pelo caminho?!
Na verdade, se formos a ver bem, talvez as malas femininas sejam essenciais em caso de acidentes, porque têm lá de tudo, permitindo até sobreviver em terrenos inóspitos por longos períodos de tempo, mas tanta precaução não se tornará desnecessária quando se vai apenas dar uma volta à cidadela mais próxima, onde nem deserto nem selva estão incluídos?!
Mesmo que uma mulher vá passar um fim de semana na Costa da Caparica, é garantido que ela tratou de levar: dois pares de biquinis, cada um com a sandália correspondente; dois vestidos versão praia; uma calça e dois a três tops, para o caso do tempo estar mau tempo e não poder ir para a praia; vestido de festa, para o caso de haver uma; sapatos para cada versão de roupa; brincos, fios, pulseiras, maquilhagem e cremes. Claro que a isto ainda não acrescentámos o desodorizante, as toalhas de praia, escovas e coisas que serão realmente essenciais.
Enfim, a mala está feita e podemos assistir de longe ao fenómeno que sucede com a roupa, em que esta está tão comprimida que luta para sair, vendo-se alguns tecidos de fora do fecho, tentando em vão escapar de tal situação.
A preparação do homem para o mesmo fim de semana será bastante mais simples, levando dois calções, uma t-shirt, uma camisa e um par de chinelos, isto se estivermos a falar de um asseadinho, porque caso não o seja, um par de calções e uma t-shirt servirão para uma semana, "à vontadinha".
A vida seria tão mais simples se conseguíssemos ter este poder de síntese dos homens, é que eles conseguem ver apenas um caminho a ser percorrido, acreditar que o que está combinado será o que se vai passar, sem surpresas de maior. São incapazes de pensar que poderá chover, serem convidados para um qualquer almoço mais formal ou receberem um inesperado convite para a praia, quando planeiam ir apenas para o campo.
Achei que tinha encontrado um bom truque para controlar esta mania feminina, optando por levar sempre a mala mais pequena, no entanto, descobri que esta “táctica” não me limita a quantidade de coisas que coloco no seu interior, fazendo apenas que estas fiquem mais amarrotadas.
Neste momento, dou por mim a olhar para a mala que tenho a meu lado e a pensar em como os homens têm a vida facilitada em tantos sentidos,...

quarta-feira, julho 12, 2006

Homens, homens e mais homens

As feministas que me perdoem a frase seguinte mas continuo a preferir o mundo masculino ao feminino.
Sempre me lembro de ter mais amigos rapazes que raparigas. Ao longo do tempo isso foi-se equilibrando, porque as amizades femininas que fui fazendo revelaram-se de grande qualidade. Hoje em dia tenho amigas de verdade, nas quais confio totalmente e onde não existe espaço para competições nem inveja, sendo que isso é relativamente raro de encontrar entre mulheres.
Em criança, lembro-me do meu avô me levar a actividades bastante femininas, como futebol de salão, futebol onze, comícios políticos, festas onde as pessoas tinham por volta do triplo da minha idade e com as quais me habituei a falar.
O meu pai, por sua vez, levava-me à caça, onde eu tentava em vão salvar os pobres pássaros, a correr e a sujar-me pelos montes, a ler imenso, a apanhar grilos e a levantar-me sem choro de cada vez que caía. Fez-me apreciar o som de Bethânia, Variações, Ney e Chico Buarque. É a ele que devo o meu sentido de humor, o qual se torna muitas vezes inadequado e quase insensível, que conseguiu mostrar-me que cada acção minha influencia os outros e que devo tomar a opção correcta porque só isso me é permitido.
Foi a única pessoa na minha vida que me deu uma importante noção, a de que o que os outros pensam sobre nós não interessa para nada. Hoje em dia, nenhuma das minhas escolhas é influenciada por outras pessoas, pelo medo do “diz que disse”. Na verdade, só tenho de me respeitar a mim e aos meus familiares mais importantes, todos os outros podem pensar o que quiserem. O meu pai sempre soube equilibrar o lado de me preparar para um Mundo que não teria clemência comigo, com o lado dos gestos de amor e carinho, que me faziam sentir protegida de tudo o que me rodeava. Hoje, tenho o maior orgulho de ser parecida com ele, no entanto, ainda não lhe chego nem aos calcanhares, porque a minha cultura geral é menos de metade que a dele, porque a minha vontade de aprender é mais vezes ganha pela preguiça do que a dele e até o meu sentido crítico não é acentuado ao nível do seu.
Quando era criança achava que ele era o homem mais alto do Mundo, do meu ponto de vista, era mais alto que as árvores, agora, aos 23 anos sei que não será o mais alto, no entanto, tenho a certeza que será o maior homem do mundo que construí para mim.
Por certo que a minha admiração pelo universo masculino se deve ao meu pai e ao meu avô. Fico a pensar que tive dois grandes exemplos de homens e talvez, por isso mesmo, nunca me consegui contentar com os medianos de espírito. Provavelmente, sem o saberem, eles fizeram com que eu elevasse a fasquia tão alta que se tornou complicado encontrar alguém que a conseguisse atingir.
Neste post, falo da minha admiração pelos homens de verdade, daqueles que não se ofendem com a inteligência feminina e que não têm medo de amar apenas uma mulher.
Falo de todos os que não escondem o amor pelos seus filhos, passeando-os orgulhosamente pelo parque, exibindo um ar babado e orgulhoso. Refiro-me também aos homens que desejam proteger quem amam, de todos os males, mesmo sabendo que essa missão é quase impossível.
Grandes homens os que ainda mantêm certas utopias, que ainda sonham e que se riem de si mesmos. Dos que guardam segredos, escolhem silêncios e preparam conversas.
Dos que conseguem ter uma mente preparada para o humor e, ao mesmo tempo, um coração de poeta. Dos homens que amamos e que nos fazem sentir amadas em retorno. De todos os homens que ao entrarem na nossa vida trazem um sorriso extra ao que já existia.
Diz-se que os homens ficam fascinados pelas mulheres porque não percebem o universo destas. Eu vivo nele, rapazes, e garanto-vos, continuo a gostar mais do vosso.

Utopia impossível de resistir

"Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos".
Pablo Neruda

terça-feira, julho 11, 2006

O Rappa - Minha Alma

"A minha alma tá armada/E apontada para a cara/Do sossego/Pois paz sem voz/Pois paz sem voz/Não é paz é medo, (medo)/Às vezes eu falo com a vida/Às vezes é ela quem diz/Qual a paz que eu não quero/Conservar/Para tentar ser feliz/As grades do condomínio/São para trazer protecção/Mas também trazem a dúvida/Se é você que está nessa prisão/Me abrace e me dê um beijo/Faça um filho comigo/Mas não me deixe sentar/Na poltrona no dia de domingo,/domingo/Procurando novas drogas/De aluguel nesse vídeo/Coagido é pela paz/Que eu não quero/Seguir adimitindo/É pela paz que eu não quero/seguir/É pela paz que eu não quero/seguir/É pela paz que eu não quero/seguir/Admitindo"

O Rappa - Eu Não Sei Mentir Direito

"No país do futebol/eu nunca joguei bem/Poderia ser um sintoma/mas meu jogo de cintura/se manifestou de outro jeito/É que eu não sei mentir/Eu tento, eu tento/mas muitas vezes/tudo acaba em gargalhada/Eu me entrego no olhar/gaguejo, espero pra ver se colou/é sempre fácil perceber/que eu não sei mentir/é sempre fácil perceber/que eu não sei mentir direito/Eu não sei mentir direito, não/Eu não sei mentir direito /Até que um dia uma pessoa me falou/que a minha falta de malicia/era o negativo de uma mesma foto/avesso esperto da malandragem/que se manifestava/naturalmente difícil/Que se manifestava/naturalmente dificil/Ele disse que sou confuso/mas sou claro/E é por isso que eu cheguei inteiro/até aqui/Justamente eu, justamente eu/Justamente eu que não sei mentir direito"

segunda-feira, julho 10, 2006

Como é que não pensei nisto antes?!

"Não há qualquer problema com as pessoas fechadas. Contando que nos fechem do lado de dentro."
Alexandre Borges ( www.oboato.blogspot.com)
Adorei esta frase mal a li pela primeira vez. Tal como todas as outras presentes no blog acima citado, esta consegue provocar em nós um sentimento de “como não pensei eu nisto antes?!”.
Todo O Boato prova que a beleza está mesmo nas frases e gestos simples. Não existem adornos, só ideias brilhantes que têm qualquer coisa de genial. É impossível não nos identificarmos com qualquer um dos textos lá escritos e torná-los, de alguma forma, um bocadinho nossos.
Para ser sincera, confesso que tentei resistir à tentação de aqui transcrever esta frase, uma vez que se trata da segunda citação que faço do mesmo autor, habilitando-me a que este me interponha um processo judicial de semi-plágio ( sim, eu percebo muito de leis), no entanto, existem coisas demasiado boas para não serem partilhadas, mesmo que nos façam correr o risco de pagar uma multa qualquer de direitos autorais para a qual não teremos dinheiro.

domingo, julho 09, 2006

Sabedoria dos 7 anos

O meu pai foi a um almoço em que um dos seus colegas levou a filha de 7 anos.
Como todos sabemos, nesta idade, a primeira pergunta que se faz às crianças recai sobre os seus namorados, neste caso não foi excepção.
A determinado momento o meu pai diz-lhe que ela deve namorar o menino que tiver o melhor carro de todos. A criança responde-lhe que os seus colegas ainda não têm carros, que quem tem são os pais destes. Ao contrário do que se poderia imaginar o meu pai não se contentou com a boa resposta e disse-lhe “então olhas para os carros dos pais deles e o que tiver o melhor é com o filho desses que namoras, é assim é que se escolhe”. Calmamente a menina diz o seguinte “não é isso que interessa, o que importa é o que sentimos por dentro”.
Foi uma frase brilhante e demonstrativa de que afinal nascemos com a sabedoria toda, vamo-la é perdendo à medida que crescemos.

E por falar em futebol,..

Não consigo deixar de pensar que o futebol reflecte o espírito de um povo, sendo que a paixão por tal desporto tende a ser inversamente proporcional ao sucesso económico e social que o próprio país terá. Por exemplo, os brasileiros vivem cada partida como se a sua vida dependesse disso, no entanto, se falarmos na Noruega ou Suécia, futebol não será a primeira palavra que nos surge na cabeça, com toda a certeza.
Confesso que não percebo grande coisa de futebol, apenas o suficiente para não bater palmas quando a equipa contrária marca golo, portanto, não esperem nenhum comentário futebolístico ao estilo “Cinha Jardim”, porque não será isso que vão encontrar nas próximas linhas.
Neste Mundial, Portugal parou para assistir aos jogos da sua selecção. À medida que se iam somando vitórias o espírito nacional exultava e fazia-se a festa.
Ganhou-se aos pretensiosos ingleses e o nosso país não parou de festejar. O desejo de atingir o primeiro lugar tornou-se quase palpável, sentia-se essa vontade no ar.
No jogo seguinte, com a França, acabámos por perder, mas o caminho para o Marquês não foi esquecido. O primeiro lugar foi tirado do pensamento e substituído por “um terceiro lugar já não é mau”.
Jogámos com a Alemanha e voltámos a perder. O quarto lugar era nosso e ainda havia quem festejasse.
Sonhou-se com o primeiro lugar, contentávamo-nos com o terceiro e acabámos conformados com o quarto lugar.
Percebo quem diz que deveríamos estar contentes com a posição alcançada, tendo em conta o número de países que iniciaram a competição, porém, não posso deixar de relacionar este pensamento com a maneira como os portugueses encaram todos os outros aspectos da sua vida.
Ao recordar algumas aulas de História, só posso concluir que o espírito do povo lusitano mudou muito ao longo dos anos.
Acredito que no nosso íntimo continuamos a desejar conquistar alguma coisa, mas sentimos uma mistura de vergonha e de constrangimento por o demonstrar.
Preferimos ganhar a simpatia dos outros do que o seu respeito, acreditamos que ser tratado por senhor doutor e engenheiro é que é importante, tendemos a desacreditar os elogios que nos são feitos, não dizemos que somos muito bons, mesmo que seja verdade, com medo de como isso irá soar a quem nos ouve, comparamo-nos sempre com os piores e jamais com os melhores.
Chateia-nos que ainda exista alguém que pense que somos uma colónia espanhola, no entanto, não temos orgulho suficiente no nosso país para o tentar exportar melhor.
Somos dos últimos países em quase tudo o que for aspecto positivo e estamos nos lugares cimeiros quando o assunto é gravidez na adolescência, acidentes de viação ou taxas de alcoolismo.
Queixamo-nos do estado do país, mas logo de seguida dizemos que poderia ser bem pior, se necessário, comparamo-nos com o sofrimento das pessoas em África, com o perigo de vida no Brasil e terminamos por concordar que afinal nem estamos mal de todo.
Somos um país que se conforma com leis punitivas aplicadas às mulheres e que, em simultâneo, permite que criminosos sejam soltos quando a sua infracção ainda está “quentinha”.
Correndo o risco de indignar quem lê este texto, ouso dizer que somos um povo com espírito de vassalos. Estendemos o tapete vermelho a estrangeiros e a doutores, o resto, é para ser tratado ao pontapé.
Neste momento não sabemos muito bem quem somos, preferimos ser definidos por outros como pessoas de interior triste, que cultivam o fado, simpáticos para os visitantes, com bonitas praias e fantástica comida. Por enquanto, talvez isto nos vá chegando, mas não seria já hora de deixar de lado a frase de que “poderia ser pior”?

sábado, julho 08, 2006

Música com voz de fundo

Existem canções que nos trazem à memória as mais variadas recordações, em que muitas vezes, basta ouvir o primeiro acorde para relembrar aquela estrada infinita que percorremos sozinhos, o nosso primeiro pôr-do-sol acompanhados, as gotas de chuva a baterem na janela enquanto estamos deitados na nossa cama, um quente dia de praia, a nossa primeira zanga monumental ou até aquele inesquecível abraço apertado, em que nos despedidos com um “até mais ver”, sabendo que no fundo ele representava um “até nunca mais”.
Depois existem as músicas que deixam de fazer sentido quando escutadas sozinhas, porque falta a voz de fundo a acompanhar.
As memórias, nesse caso, não adiantam de muito porque o que queremos mesmo é a companhia do “cantor de chuveiro” ao nosso lado. Quando preferimos escutar uma canção alterada pelo “ruído” de fundo, em vez da versão original, não será isso uma estranha forma de verdadeiro amor?!

quarta-feira, julho 05, 2006

Depeche Mode - Enjoy The Silence


"WORDS LIKE VIOLENCE
BREAK THE SILENCE
COME CRASHING IN
INTO MY LITTLE WORLD
PAINFUL TO ME
PIERCE RIGHT THROUGH ME
CAN´T YOU UNDERSTAND
OH MY LITTLE GIRL
ALL I EVER WANTED
ALL I EVER NEEDED
IS HERE IN MY ARMS
WORDS ARE VERY UNNECESSARY
THEY CAN ONLY DO HARM
VOWS ARE SPOKEN
TO BE BROKEN
FEELINGS ARE INTENSE
WORDS ARE TRIVIAL
PLEASURES REMAIN
SO DOES THE PAIN
WORDS ARE MEANINGLESS
AND FORGETTABLE
ALL I EVER WANTED
ALL I EVER NEEDED
IS HERE IN MY ARMS
WORDS ARE VERY UNNECESSARY
THEY CAN ONLY DO HARM
ENJOY THE SILENCE...
ENJOY THE SILENCE..."

terça-feira, julho 04, 2006

E após este post, perco os poucos leitores que ainda vou tendo,..

Dou-me conta que o Mundo, ao contrário do que os filmes americanos nos querem fazer crer, não será destruído por vagas gigantes nem dominado por extraterrestres, mas sim ocupado por betos adolescentes.
É verdade, aos poucos eles estão a espalhar-se, misturando-se com a restante população, porém, alguns locais ainda vão resistindo à invasão da “para-que-queres-argolas-desse-tamanho-penduradas-na-orelha-pá?!” e do “pullover-pendurado-nas-costas-e-sapatinho-de-vela”, como por exemplo, a Damaia. O que também é sabido é que ninguém se quer refugiar na Damaia,...
Já imaginaram o que seria se estes “miúdos queques” chegassem ao poder?! Ok, o PP já foi governo mas foi em parceria, portanto não dá para se ter uma noção real da coisa.
Na verdade a táctica pela qual optaram é bastante boa, senão vejamos, as raparigas fingem ser burras e fúteis afastando qualquer tipo de desconfiança em relação às suas capacidades de exercer poder, enquanto isso, os rapazes fingem ser uns bêbados auto-centrados não sugerindo qualquer tipo de pretensões políticas futuras.
Quanto a mim isto é genial. Ninguém os leva a sério e serão eles a provocar a próxima revolução em Portugal. Não será com cravos, é certo, porque isso é coisa demasiado kitsh, nem sequer espingardas, porque são demasiado pesadas, porém, parece assegurada a presença de argolas metálicas e perfume caro.
Fico a imaginar o quão horrendo seria todos nós obrigados a ir à Kapital nas sextas à noite, a ter namorados clones uns dos outros, a tratarmo-nos uns aos outros por você ao mesmo tempo que damos gritos histéricos na rua.
É deveras assustador. Deveras?! Eu disse deveras?! Oh, não, a ocupação já se iniciou,.....tenham medo,...muito medo,...

Citação

"Personally I'm always ready to learn, although I do not always like being taught."
Winston Churchill

João Gilberto - Desafinado (como encerramento do post anterior)


"Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isso em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu
Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa-nova, isto é muito natural
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração

Fotografei você na minha Roleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados
Também bate um coração"

"Se você disser que eu desafino amor/Saiba que isto em mim provoca imensa dor(...)"

Por vezes, pergunto-me se haverá pessoa mais desafinada que eu. Penso que não, pelo menos não que eu conheça. Ora, isto para quem consegue entoar minimamente bem uns quantos lailailás, parece insignificante, no entanto, os habituais cantores horrendos de chuveiro compreenderão a minha perspectiva.
Num concerto, essa capacidade particular de desafinar ainda consegue passar mais ou menos despercebida, porque à vossa, juntam-se outras numerosas vozes, mas se estão num ambiente em que consigam ser minimamente escutados, meus amigos, temos pena, mas os olhares de desespero e raiva, de quem está ao vosso lado, começarão a surgir.
Após nos apercebermos do ambiente hostil que se está a criar à nossa volta, optamos pelo truque de apenas gesticular com os lábios, não permitindo a saída de qualquer tipo de som. Com isto, deixamos os nossos “vizinhos” bem mais felizes e ficamos com tal prática no playback que se nos transformarmos em travestis conseguimos ter a vida assegurada nos clubes nocturnos.
Depois tenho ainda um acto reflexo, que consiste em começar a abanar a perna mal ouço uma música. Obviamente que qualquer que seja a melodia, o meu ritmo (poderei chamar-lhe assim?!) de perna é sempre o mesmo. Está a tocar pop/rock? Batimento 1,2,3. Está a tocar jazz? Batimento 1,2,3. Não há nada que enganar.
Quando existe alguém ao nosso lado que está num ritmo completamente diferente do nosso, ou seja, está no ritmo certo, nós podemos tentar acompanhá-lo e então será o caos. Geralmente eu tento fazê-lo, o que conduz a que o meu cérebro dê um nó, em que me começa a faltar coordenação geral e tenho de desistir para não correr o risco de fracturar algum osso.
E quão embaraçosa é uma saída entre amigos para dançar? Existem sempre duas hipóteses, rodearmo-nos daquela nossa amiga cujo talento é equivalente ao nosso ou ficarmos sentadas, num canto, em amena cavaqueira, com um ar de “eu sei dançar, apenas sou demasiado arrogante para o fazer na mesma pista que todos vocês”.
No Carnaval, felizmente tive uma grande companheira neste campo. Foi bonito de se ver. Era como se estivéssemos as duas a ouvir uma música totalmente diferente das outras pessoas que connosco se encontravam, mas é aí que nasce a verdadeira evolução, vinda da diferença.
Variadas vezes tenho uma música que não pára de tocar na minha cabeça e na maioria dos casos pretendo explicar, a quem está comigo, de que música se trata. No seguimento do que escrevi anteriormente, podem perceber que serão raras as pessoas que conseguem identificar o que tento entoar. Como também sou péssima com nomes ( isto já dará um outro post) nunca me recordo do nome da canção, nem do cantor.
Ás pessoas que têm esta capacidade extraordinária de adulterar letras e ritmos dou um pequeno conselho, quando encontrarem alguém que identifique a canção que tentam partilhar com o Mundo, fiquem com ela e não a voltem a largar jamais. É mais uma pessoa a dar-vos sentido de normalidade e por isso mesmo tem de ser valorizada.
Para terminar, o que me dá algum alento é saber que esta completa falta de talento não está relacionada com falta de inteligência, senão vejamos, alguma vez viram Bill Gates a dançar ao som de uma bela rumba?! Ou Einstein a cantarolar ritmadamente “como o macaco gosta de banana eu gosto de ti(...)" de José Cid?!
Pois, bem me parecia que não.