quarta-feira, maio 31, 2006

E agora sim, Carrilho é mencionado em todo o lado.

Sei que já deveria ter comentado a última de Carrilho, no entanto, aceitem as minhas desculpas e a minha sugestão: sentem-se de forma confortável, finjam que estão num consultório e que este blog representa aquela revista de 1996, que apesar de desactualizada, ainda vos entretém por alguns minutos.
Dito isto, quero apenas assinalar que me sinto forçada a falar acerca deste livro, recentemente lançado, porque creio que fui a única pessoa que ainda não o fez.
Não posso escrever nenhuma crítica concreta, até porque nem li o livro, vou apenas comentar um facto, do qual me ressenti, quando assisti a um debate onde se encontrava o próprio Carrilho.
A raiz de toda a minha decepção centra-se no facto de o autor não me referir, uma única vez que fosse, como responsável pela sua derrota eleitoral. Bem sei que não faço parte da comunicação social e nem sequer tenho contactos, nem dinheiro, para subornar ninguém, mas achei que não ter votado nele era uma forte contribuição para a ausência da sua vitória. Pelos vistos estava errada.
Segundo Carrilho, ele foi vítima de uma conspiração muitíssimo bem articulada, o que dado o país em que nos encontramos, deveria ter sido o único projecto planeado com antecedência, critério e com objectivos atingidos a 100%, pelo menos nos últimos anos.
Se alguém tem fé de que Portugal pode andar para a frente, essa pessoa é Carrilho, pois julga os bastidores da política tão organizados e o povo tão insignificante que chega a ser inspirador.
Gosto da maneira como este político algo “ressabiado” nos ensina a descartar responsabilidades de nós mesmos e a acreditar que o povo que não nos escolhe, não é culpado, é apenas burro.
Acho que vou aproveitar esta teoria em algumas situações da minha vida futura,.......
Não simpatizo particularmente com o professor, no entanto, tenho de reconhecer que ele sabe rentabilizar os momentos polémicos que provoca.
Sabendo que tempo de antena é o que não falta a Manuel Maria Carrilho, termino por aqui este post, não sem antes me questionar em “voz alta”: Será que se tivesse ganho, as denúncias teriam sido feitas na mesma?! Ou a injustiça só pesa quando nos nossos ombros, aparentemente, assenta?!

terça-feira, maio 30, 2006

Somebody

"I want somebody to share/Share the rest of my life/Share my innermost thoughts/Know my intimate details /Someone who'll stand by my side/ And give me support /And in return /She'll get my support /She will listen to me /When I want to speak /About the world we live in /And life in general /Though my views may be wrong/ They may even be perverted /She will hear me out /And won't easily be converted/ To my way of thinking /In fact she'll often disagree/ But at the end of it all /She will understand me/ I want somebody who cares /For me passionately/ With every thought and with /Every breath /Someone who'll help me see things/In a different light /All the things I detect /I will almost like/ I don't want to be tied/ To anyone's strings /I'm carefully trying to steer clear /Of those things/ But when I'm asleep /I want somebody/ Who will put their arms around me /And kiss me tenderly/ Though things like this /Make me sick /In a case like this /I'll get away with it"
Depeche Mode

Bêbados, brasileiros e doidinhos, vinde a mim,....

Imagino que este título não vos faça prever nada de bom para as próximas linhas e, quanto a isso, não vos posso contrariar, no entanto, forças maiores me impelem a escrevê-lo.
De facto, constata-se que as pessoas acima indicadas sentem alguma empatia pela minha pessoa, e não têm medo de o demonstrar. Quanto ao dia de hoje, tudo se deveu ao estranho fenómeno que ocorre, quando existem vários bancos vazios no autocarro e, aos poucos, todos ficam ocupados excepto o que está ao nosso lado. Claro que isto leva a momentos em que desconfiamos que temos alguma coisa na cara, na roupa ou que o nosso desodorizante já deu a últimas, no entanto, hoje, essa situação apenas serviu para reforçar a minha sina. De tantas pessoas que se poderiam ter sentado ao meu lado, apenas um rapaz o fez. Após alguns segundos, apresentou-se e começou a recitar alguns versos, provavelmente da sua autoria, sendo que tratou de os dedicar à minha pessoa.
Lembro-me que os temas envolviam a cor do meu cabelo e limões (não sou loira, caso procurem alguma analogia), não me perguntem mais, só sei que no final, as frases até rimavam. Se faziam sentido?! Bem, isso já é outra história,....
No final deste momento de poesia pura, ainda tive direito a uma rosa, provavelmente colhida à bastantes horas atrás, mas o que retive foi a sua boa intenção e não as duas pétalas já murchas que me eram passadas para a mão. Entretanto, fui assim deixada com a promessa de que nos encontraremos mais vezes, para que eu conheça as suas “outras princesas,...”
Após situações como esta, tenho de dar o braço a torcer, e concordar com uma amiga minha que diz que apenas os doidos me ligam, porque os outros têm medo de se aproximar. Sei que esta não é ideia muito agradável, mas estou quase a acreditar que terá o seu quê de verdade.
Na realidade não sei o que os impele para mim, mas começo a perceber que não posso fugir, portanto, resta-me dar-lhes umas quantas dicas para que o romantismo aflore ainda mais e me conquistem de vez.
Vou começar por um tema que me é querido, as intoxicações alcoólicas. Ora bem, eu nem frequento muitos locais onde se encontrem pessoas embriagadas, no entanto, elas mesmo assim, encontram-me na rua, ás 7:30h da manhã, o que só pode ser um sinal de algo maior.
Sim, a declaração de amor pública foi bonita, no entanto, podem sempre melhorar.
Que tal descobrirem onde moro e passarem a enviar-me garrafas de bebida semanalmente? Seria uma forma romântica de demonstrar interesse, com a particularidade de estar adaptada aos nossos dias, substituindo os poemas de amor, outrora enviados para as suas amadas.
O pormenor de eu não beber é insignificante, aliás, isso até facilitaria a aceitação por parte dos meus amigos, uma vez que seriam eles a usufruir da oferta.
Passando agora para a questão da nacionalidade. Tenho de confessar que em 10 comentários masculinos, 9 deles são de brasileiros, sendo que o único portuga é o que estava bêbado no parágrafo anterior.
Posso encontrar vários motivos para esta situação, no entanto, vou considerar que não se deve à necessidade de obter visto nacional, e que se trata, isso sim, de interesse sincero. Até hoje, a melhor frase que já ouvi, foi dita por um brasileiro e consistia no seguinte “Não digo que tu é linda, porque tu sabe que tu é”. Ora, meus caros, perante isto, que posso eu dizer?!
Sei que depois de ouvir estas belezas não deveria pedir muito mais, no entanto, atrevo-me a pedir uma canção nordestina só para mim. Não me basta a “Iolanda” que o Pablo Milanés escreveu e o Chico Buarque cantou, quero algo do género dos Morangos do Nordeste, isso sim, tocar-me-ia o coração.
Podem ainda, juntar todo o dinheiro que vos sobra dos “chopes” e oferecer-me um bilhete de avião para Porto de Galinhas ou Fortaleza. Prometo mandar cumprimentos aos vossos familiares e, caso necessário, visitá-los no morro.
Restam, por fim, os doidos. Bem, estes são dos que não me faltam. Deste grupo já houve quem me cheirasse o cabelo, quem me falasse em verso e até quem obtivesse a minha morada, através de um questionário de saúde, confidencial, preenchido no trabalho do dito. Obviamente, não tenho conselhos românticos para estes, porque qualquer coisa que eu sugerisse eles acabariam por a superar.
Quero deixar claro que não tenho qualquer problema por estes momentos que me proporcionam, no entanto, acho que se devem estabelecer algumas regras.
Penso que a mais importante será a que comecem a investir noutras raparigas. Acredito que a inveja à minha volta começa a florescer devido a estas atenções frequentes, por isso, para bem de todos, distribuam as vossas atenções por outros membros do sexo feminino.
Outra regra simples, seria a de que alternassem as semanas em que teremos contacto. Tentem que eu tenha, pelo menos, uns dias de intervalo, para que o meu coraçãozinho descanse alguns momentos.
De resto, não tenho muito mais a acrescentar a não ser terminar com um apelo: se consumires álcool com bastante frequência, tiveres uma certa pancada e fores brasileiro, contacta comigo, pois serás certamente o homem da minha vida.

domingo, maio 28, 2006

E porque não uma petição nacional?!

Que tal acham de se lançar, a partir deste blog, uma petição de interesse nacional?!
Ora bem, o que se proporia seria que nos dias em que a temperatura fosse superior a 30 graus, ninguém trabalhasse ou estudasse.
Como podem constatar seria uma causa nobre, esta nossa.
Primeiro que tudo temos o risco da desidratação, o que por si só já é grave.
Existe também uma questão, bastante ignorada, mas que poderia até chegar a perigo público, refiro-me, obviamente, ao andar em transportes públicos em dias quentes. Apesar de não estar provado, estou em crer que todos aqueles suores misturados, cujas janelas abertas não dão vazão, podem ser muito bem tóxicos, logo, de evitar.
Continuando nos transportes públicos, quem os utiliza, sabe que é nestes dias em particular que as discussões de tornam mais acesas, quando se discute por as janelas irem fechadas ou abertas e se o ar condicionado está a funcionar ou não. Como é lógico, isto pode-se desencaminhar e levar a cenas de pancadaria. Até agora, já temos bons motivos para levar este projecto avante, pois não me lembro de algo pior que a população intoxicada e agressões na vias pública, tudo isto em simultâneo. Não sei porquê lembrei-me agora do Euro,....estranho,.......
Depois, toda a gente passa o dia a lamentar-se em como deveria estar na praia, em vez do escritório ou faculdade, o que, meus amigos, não é rentável para ninguém. Mais vale deixarem-nos ir e quando estiver mais fresquinho eles voltam, e então, aí sim, serão trabalhadores/estudantes eficientes.
Por vezes, creio que nasci para a política. Com medidas destas, Portugal ficaria muito menos “cinzento”, o défice desapareceria e todos seriamos felizes.

P.S: Texto escrito sobre elevado desespero resultante de calor e estudo acumulado.
Pede-se desculpa aos leitores, prometendo-se uma coisa melhorzinha no post seguinte.

sábado, maio 27, 2006

Para quem não conhece Mário Quintana, ele por ele mesmo!!!


"Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade. Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não astava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros? Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras."

: “Dizer que um crente é mais feliz do que um céptico é como dizer que um bêbado é mais feliz que um sóbrio" Bernard Shaw

Assisti a um documentário, esta semana, acerca da eutanásia.
Ainda no rescaldo do que vi, fico a pensar em quantas situações injustas são infligidas a outros, apenas porque a maioria tende a acreditar que a sua opinião é a única válida, logo, os restantes que ousam pensar de outra forma são considerados insanos ou, numa situação mais especifica, “desistentes perante as adversidades”.
As várias histórias ali retratadas deixaram-me a pensar em muitas perspectivas diferentes, sendo uma delas a minha falta de fé.
Por vezes tenho pena de não acreditar em Deus. Tal como para a maioria dos católicos, dava-me jeito essa crença em alturas de aperto.
Já o disse várias vezes e várias vezes discordaram de mim, no entanto, continuo a acreditar que quando alguém que amamos morre, essa situação se torna mais fácil de aceitar por parte de quem acredita no Céu, do que por quem acha que apenas a terra, o solo, existe.
Até hoje, nunca perdi alguém que fizesse tanto parte de mim, que metade do que sou se perdesse com o seu desaparecimento. Tenho pessoas que amo profundamente, umas que já passam dos 80 anos e das quais não estou disposta a abrir mão para a “ordem natural das coisas”. Preocupa-me o modo como irei reagir a essas situações, porque uma coisa é acreditar na realidade do dia-a-dia, outra coisa é quando com ela embatemos de frente, quando nos damos conta de que nada nos é garantido, que vida há só uma e que o nosso final é tudo menos perfeito.
Acho incrível o poder que a fé tem, porém ainda não fui atingida por ela. Aliás, a minha fé resume-se a acreditar nas pessoas, mais do que isso, é para mim inimaginável.
Agora que penso nisso, recordo uma frase, a qual não consigo reproduzir com exactidão, mas que dizia que os ateus são as pessoas mais altruístas, isto porque agem de acordo com a sua consciência e não por medo de serem julgados ou mandados para o Inferno.
Dou-me agora conta, de que raras vezes entrei em Igrejas e quando o fiz, deveu-se a casamentos, baptizados e, por vezes, motivos culturais e de turismo.
Nestas minhas “visitas”, nem sei bem o que fazer, limito-me a sentar, a apreciar as obras de arte riquíssimas e esperar pelo fim da cerimónia. A única vez em que desrespeitei esta minha regra, arrependi-me. Na verdade, a minha mãe pediu que a acompanhasse à reunião que ela teria com o Padre, antes de baptizar o meu irmão. Acabei por ir, e quando o Padre começou a arrumar a sala, fui tentar ajudar, sendo que parti a primeira cadeira na qual toquei. Acho que o que o senhor sentiu por mim, naquele momento, foi tudo menos piedade, pelo menos, julgando pela expressão no seu rosto.
Sei que não adianta ter meia fé, ou seja, aproveitar o que pode parecer agradável e rejeitar tudo o resto, tal como não se pode ser meia pessoa.
Talvez o segredo da crença de cada um, resida no facto de o coração falar mais alto que tudo o resto, e o coração, esse não engana o seu "dono", quer aponte na direcção do espirito quer aponte no sentido da lógica.
Na verdade, corações há muitos, resta-nos saber respeitá-los.

sexta-feira, maio 26, 2006

Mistério desvendado



Todas as mulheres sabem, por experiência própria, que ir a casas de banho públicas equivale a alguns minutos de espera, em filas que parecem intermináveis quando o aperto urinário surge(sim, é uma bonita expressão, bem sei).
Todos os homens sabem, pelo gozo que isso lhes proporciona, o quão improvável é encontrarem mais que dois homens na casa de banho pública, a eles reservada.
Ora, hoje acho que percebi o motivo de tal situação, pelo menos em relação à casa de banho do Chiado.
Não vou, obviamente, apregoar a tão repetida doutrina de que nós demoramos mais porque no final ainda lavamos as mãos, prefiro ir por uma via menos polémica.
Penso que o que se passa é que as mulheres ficam encantadas com a vista da cidade, que esta casa de banho em especial proporciona. Para que constatem o que digo, aqui fica a foto, que representa visualmente este post.

quinta-feira, maio 25, 2006

E depois querem que os filhos não reprovem a português?!

No supermercado uma mãe para o seu bébé de alguns meses “Óa a tia aui, chim bébé, a tia tá aui. Vamozz tê có a tia?!A mã leva ó bébé,...”
Tive de sair daquela secção, estava ficar com demasiada pena da pobre criança.

"O filho que quero ter"


"É comum a gente sonhar eu sei,
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer

Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar
O filho que eu quero ter

Dorme meu pequenininho
Dorme que a noite já vêm
Teu pai está tão sozinho
De tanto amor que ele tem

De repente eu vejo, se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde eu vim

Um menino sempre a me perguntar
Um "porquê" que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim

Dorme menino levado
Dorme que a vida já vem
Teu pai está tão cansado
De tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu

E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar
Num acalanto de adeus

Dorme meu pai sem cuidado
Dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter"
Drummond de Andrade
Dedicado a quem faz do desejo de ser pai um sonho, e consegue expressá-lo da forma mais bonita que já li.

quarta-feira, maio 24, 2006

4º Motivo da Rosa


"Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verás, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim."

Cecilia Meireles

Feira do Livro

"A room without books is like a body without a soul."

E só por causa disso, saibam que a Feira do Livro começa amanhã, no Parque Eduardo VII, terminando dia 13 de Junho. (http://www.feiradolivrodelisboa.pt/)
Então, até um dia destes, em que por lá nos cruzaremos,...

segunda-feira, maio 22, 2006

E já não lhes basta ser velhotes, ainda levam com canastrões em cima,....

Apesar de ter a certeza de que já protagonizei um número razoável de figuras embaraçosas, quando surge a oportunidade de me envergonhar em público, não a descarto.
Desta vez, vou soltar a minha veia de actriz e posso-vos dizer que se trata de uma veia muito fininha e bastante canastrona. E não, não se confirma a minha entrada nos Morangos com Açúcar.
O que vai acontecer é que vamos representar uma peça de teatro, para os idosos do centro de dia, onde estamos a estagiar. É verdade, constata-se que uma desgraça nunca vem só e, por isso, para além de a representarmos também tivemos a ousadia de a escrever.
Portanto, esta quinta-feira, os idosos vão assistir a uma versão ao vivo de uma peça quase Shakespeariana, porém com um toque de Tozé Martinho, algo de grandioso se prevê, como podem imaginar.
Felizmente, a memória dos velhotes já não é o que era e, esperançosamente, não vão reter esta peça por muito tempo na sua cabeça, sendo isso algo que me reconforta.

domingo, maio 21, 2006

Perfeição ou não perfeição, heis a questão

Hoje tive uma pequena quebra de tensão que me levou a entrar no café mais próximo, de modo a encher-me de cafeína.
Enquanto decidia qual a probabilidade de o chão estar realmente a mexer ou ser apenas a minha cabeça, reparei numa mulher sentada, sozinha, numa mesa ao fundo da sala.
Ela estava a beber chá e tinha qualquer coisa de estrela de cinema dos anos 50. A verdade é que, passado algum tempo, dei por mim a imaginar qual seria o seu trabalho, sobre o que gostaria de conversar, se teria filhos, marido, uma família grande ou pequena,......
Naqueles breves minutos projectei-lhe uma vida perfeita.
Não é curioso como só concebemos a perfeição em pessoas com as quais nunca falámos?!
Por vezes, achamos alguém tão perfeito que nem queremos arriscar estragar a imagem que construímos, fugindo a sete pés de qualquer oportunidade de contacto real.
O que também é verdade, é que basta uma pequena falha para a nossa admiração desaparecer, porque o ideal não tolera defeitos, por mínimos que sejam.
Lembro-me agora, daquelas pessoas que falam das paixões não vividas, como as que poderiam ter sido o amor da sua vida. Para mim, os grandes amores não são os intocáveis, mas sim aqueles reais, os vividos intensamente, aqueles que nos trazem um sorriso aos lábios, quando deles nos lembramos, ou um momento de melancolia, quando pensamos que as coisas poderiam ter sido diferentes.
O que apenas existe na nossa cabeça é, quando muito, a continuação de um filme para além do “foram felizes para sempre”, em que as discussões e problemas seriam inexistentes e no entanto, inexistentes seriam também os momentos em que se fazem as pazes.
Provavelmente, essa ilusão só se desvanece quando se deparam com a pessoa “da sua vida” e ela não é mais a idealista de outros tempos, não conseguiu revolucionar nada, nem fazer a mudança mundial que prevera, os seus sonhos foram esmagados pela realidade e o seu discurso puro e filosófico desapareceu.
Aí está uma vantagem do amor real sobre a perfeição imaginada, é que o primeiro permite gostar de uma pessoa com todos os seus defeitos e no segundo não se ama a pessoa, mas sim o “boneco” que dela criámos.
Pessoalmente não acho graça à perfeição, uso-a apenas como forma de imaginar outras vidas possíveis, e não como objecto a ser atingido ou procurado nos outros.
Apenas a nossa imaginação tolera alguém exactamente como a queremos, além do mais, se os homens fossem como os sonhamos, o que fariam certas mulheres nos seus tempos mortos, em que não estariam ocupadas a tentar modificá-los?!
Na verdade, gosto das imperfeições que nos tornam humanos, das nossas dualidades, do conseguirmos colocar uma sala inteira a rir e, no momento seguinte, conseguirmos tocar alguém com o nosso lado mais emotivo, de conseguirmos ter uma conversa sobre qualquer assunto sério da actualidade e, de seguida, encontrar um amigo e ter com ele uma conversa totalmente desprovida de sentido, gosto que possamos ter os nossos momentos de teimosia e ciúmes mas sermos também capazes dos actos da maior generosidade,...
Talvez a nossa metade da laranja, de que tanto falam, tenha partes mais e menos adocicadas e a sabedoria resida em, mesmo assim, querermos guardar a semente e plantá-la no nosso jardim, em vez de procurarmos híbridos perfeitos, que nascem sempre nos quintais alheios.

sábado, maio 20, 2006

"Um lugar passa a ser nosso quando sabemos onde vão dar todas as estradas."

Nestas últimas semanas mal tenho tido tempo para respirar, contudo, não pensem que são as olheiras ou as cabeçadas que dou nos vidros do autocarro, quando adormeço, que me preocupam, mas sim estes dias que ando a viver dentro da redoma que a faculdade se tornou, sem tempo que me permita ter uma vida fora dela.
O que ainda traz algum alento, é pensar nos dias de férias que me esperam no Alentejo, onde vou viver ao ritmo local e esquecer que o relógio foi inventado.
A minha família é alentejana, portanto aproveitamos Agosto para conviver, numa tentativa de compensar os restantes 11 meses do ano.
Como existem coisas que nunca mudam, já sei que vou ter a recepção do costume, cheia de beijos, abraços e perguntas sobre como a vida me correu, desde o ano anterior. Vou acenar com a cabeça, em concordância, acerca de como os rapazes andam cegos em Lisboa e acabar por recusar, de modo embaraçado, ir conhecer o sobrinho da amiga da tia, que até é bom rapaz e tudo, cuja fotografia me é mostrada porque “por coincidência estava ali à mão,...”
Na verdade, sinto saudades de olhar as planícies, de fazer da subida aos montes uma competição, na qual sempre acabo por escorregar a meio e perder as forças de tanto rir.
Sinto falta de me sentar a um canto da varanda, a ouvir os grilos, ao mesmo tempo que olho a imensidão de estrelas que invadem o céu e que as luzes da cidade escondem com a força da sua artificialidade.
Gosto do sabor da água da fonte e de a beber com o “cocho”. E como é bom, andarmo-nos a molhar uns aos outros, com água do tanque, só para nos refrescarmos do calor que se faz sentir.
Quando lá estiver, vou retomar os meus passeios nocturnos, onde irei sentir a brisa quente na cara e ouvir os latidos dos cães, que competem pelo fim do silêncio, com a música do baile mais próximo.
E que dizer do cheiro das fornadas de pão, que invadem o ar, tornando-o quase apetecível?!
Sinto falta da imensidão de gente à mesa a conversar, e a repetir constantemente quem será o próximo a arriscar a terceira pratada. Divirto-me com os que querem mostrar o seu nível de saudades e de amor, com a quantidade de comida que conseguem colocar no estômago.
A realidade é que, até a minha melancolia lá, se torna diferente. Fico a ouvir música, ás escuras, deitada na cama, enquanto penso em como estarão a correr as coisas, para as pessoas que pela cidade se ficaram.
E só agora, estando longe, percebo o quanto gosto de sentir o arrepio de frio, quando vou entrar na água da praia, onde o mar é transparente e consegue iludir qualquer pessoa de que se está numa ilha tropical, não fosse o nosso repetido e ritmado bater de dentes.
Sinto falta de, naqueles últimos dias, já querer voltar para Lisboa, porque tenho saudades do caos que aqui se vive.
Talvez o melhor seja eu reter esta minha ultima ideia e sentir-me feliz por já cá estar, mesmo só tendo ido embora por breves momentos e apenas em pensamento.

Partilhar o Tom

"Anywhere I Lay My Head"

"My head is spinning round/My heart is in my shoes/ I went and set the Thames on fire/Now I must come back down /She's laughing in her sleeve at me /I can feel it in my bones /But anywhere, I'm gonna/ Lay my head, boys /I will call my home. /Well I see that /The world is upside down /My pockets were filled up with gold. /Now the clouds have covered o'er/ And the wind is blowing cold I don't need anybody /Because I learned to be alone /And anywhere I lay my head, boys I will call my home."

"Sea of love"

"Come with me/ My love /To the sea /The sea of love/ I wanna tell you /How much I love you/ Do you remember /When we met?/ That's the day/ I knew you were my pet /I wanna tell you /How much I love you/ Come with me /My love/ To the sea/ The sea of love /I wanna tell you /How much I love you"

Estas duas músicas, cantadas por Tom Waits, acompanharam-me a semana inteira.
Uma vez que não posso partilhar o som, resta-me deixar a letra.

sexta-feira, maio 19, 2006

Procura-se Vaca!!!!(quantas pessoas virão aqui ao engano, devido a este titulo?!)

Procura-se vaca.
Foi vista pela última vez na zona do Campo Pequeno.
Responde ao nome de Cowpywright e tem um fetiche pela cor azul.
Recomenda-se à população em geral, que comece a espreitar para o quintal do vizinho, no qual a pobre vaca poderá estar a pastar contra a sua vontade.
Vamos ajudar as nossas autoridades, para que estas se possam ocupar de problemas menores, como a segurança da população e coisas do género,...

quinta-feira, maio 18, 2006

Fernando Pessoa


"Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme."

segunda-feira, maio 15, 2006

Somos portugas e depois?!

De acordo com as novas regras balneares, quem entrar no mar quando estiver bandeira vermelha, habilita-se a pagar uma multa que poderá ir até aos 1000 euros.
Portanto, se esta medida foi realizada com o intuito de diminuir a taxa de afogamentos que ocorrem sempre no Verão, parece-me que não vai resultar.
Quem faz este género de leis ainda não deve ter reparado num importante e relevante pormenor: somos portugueses, logo, viver no limite é o nosso lema. Poderia até dizer que risco é o nosso segundo nome.
Reparem, o Champalimaud e amigos conseguem provocar um aumento da sua adrenalina indo esquiar para determinados locais com o risco de avalanches, podem também preferir o calor e escolherem surfar no Havaí na época das ondas gigantes ou, em casos extremos, frequentar festas do jet-set em que objectivo final será fugir de todas as Dadinhas, Lilinhas, Titias, que os tentem interpelar.
No entanto, o resto do povo tem de arranjar outras maneiras de fazer o seu corpo vibrar, logo torna-se inventivo.
Porque acham que o futebol tem tantos adeptos ferrenhos no nosso país?! Porque é uma forma barata de arriscar um ataque cardíaco, é aquela adrenalina do “será esta temporada ou a máquina aguentará até à próxima?!” Provavelmente até existe um sistema de apostas clandestino, em relação a este assunto, naqueles cafés onde o universo masculino, adepto da bejeca e do coirato, se junta para assistir aos jogos.
Claro, que se o adepto for do clube da águia vê o seu stress e adrenalina especialmente aumentado. Heis aqui, mais uma demonstração do grande clube que o Benfica é para as classes trabalhadoras.
Outro hobbie trata-se das corridas feitas à noite na ponte Vasco da Gama e sítios que tais, de referir também as visitas feitas ás auto-estradas em sentido contrário que devem, no mínimo, ser tidas como um estimulo gratuito aos condutores que com eles se cruzam.
Claro que até mesmo um dia de condução normal se torna perigoso nas nossas estradas. Há sempre um “vizinho” disposto a ultrapassar pela direita, a rasar o nosso carro, a meter-se à nossa frente sem mais nem ontem,....
E claro que levar o tacho, com os petiscos e feijoadas, para a praia também tem o seu objectivo. Pode-se sempre escolher entre o risco de intoxicação alimentar e uma paragem digestiva.
Por tudo isto, acho que a regra da bandeira, que se vai implementar este ano, é uma forma de dizer aos banhistas “vá, animem-se, agora têm mais uma forma de divertimento. Apostem uns com os outros quem consegue ir mais vezes à água sem ser multado”, ou seja, será um bónus para o povo.
Claro que quanto pior o mar estiver, mais engraçados vão tentar ganhar o respeito da moça da toalha ao lado,.... Parece que já estou a ver, o Zé Júlio e o Toino Manel, ambos meio desdentados, carecas e com barrigas que os auxiliam a boiar, a falar a alto e bom som, de forma a que a Vanessa Cristina ouça, que eles vão fazer o nadador salvador de parvo, porque vão ao “mari” e escapam sem a dita multa,.... Ai, que belos dias de Verão se aproximam,....
Bom ,talvez seja a dúvida constante do “será desta que vamos quinar ou não” que seduz o nosso povo. Talvez até tenha sido esse mesmo sentimento o impulsionador dos Descobrimentos, quem sabe?! Acho é que se os outros países não nos admirarem por mais nada, pelo menos que nos respeitem a capacidade inventiva de arriscar a vida.
E vou terminar por aqui, porque tenho mesmo de ir dar uma volta a pé, sozinha, ao mesmo tempo que exibo o meu novo ipod numas ruas obscuras aqui de Alcântara.

domingo, maio 14, 2006

Prenda original

Até agora, a prenda mais original que já recebi consistia num embrulho de papéis, os quais demorei imenso tempo a rasgar, e que no fim guardavam uma moeda de 5 escudos.
Sim, confirma-se, sempre tive amigos endinheirados.
No entanto, acho que este ano recebi uma prenda que superou a surpresa da anterior.
Situando a história, a semana passada andei a chatear uma amiga minha dizendo que ela teria de me oferecer, como prenda de anos, um jantar com uma pessoa, cujo trabalho admiro.
Uma vez que sabia que isso seria impossível de realizar, tratei de a “picar” a semana inteira.
Recebi então, a resposta inteligente dela, que consistia numa apresentação em powerpoint, que conta a história do suposto jantar, onde até houve direito a foto montagem.
Não vos sei explicar o quão engraçado esse trabalho está.
É nesta alturas que percebo que me relaciono com as pessoas certas.
Não conseguimos ter bons contactos reais mas somos óptimas a magicar histórias na nossa cabeça e a falsificar imagens só para sustentar o que imaginámos.
Será que se perspectiva um futuro no mundo jornalístico?!

Estou um ano mais velha.
Vou repetir, estou um ano mais velha.
Humm,... parece que ainda não é para já que esta frase me vai começar a perturbar.

sexta-feira, maio 12, 2006

Sexta-feira 13 e não houve azar!!!

A minha mãe conta que não queria que eu nascesse nem num dia 13, nem numa sexta-feira e nem na Primavera.
Eu nasci a uma sexta-feira 13, em Maio, mês da Primavera.
Acho que só isso poderá explicar muita coisa acerca de mim.
Tal como em pequena, continuo a gostar de fazer anos. Talvez seja o meu egocentrismo a falar, mas receber mensagens de pessoas que se lembram de mim e me desejam felicidades, continua a dar-me uma sensação de conforto e alegria muito particular.
Apesar disso, sei que amanhã não me sentirei diferente do que me sinto hoje. Não irei ficar mais madura, nem mais sábia, ou sequer mais culta, apenas porque tenho um ano a mais. Infelizmente, aumentar de idade não é sinónimo de adquirir tudo isto de forma automática e sem esforço.
De certeza que, no final deste sábado, ainda continuarei a ter o terrível hábito de não dar o braço a torcer, mesmo quando isso me parece a coisa mais errada a ser feita.
A minha incoerência sentimento/razão deverá manter-se, na esperança de que algum dia essa luta termine e algum lado ganhe por fim.
Vou continuar a tentar evitar imprevistos. Não quer dizer que eu deteste o imprevisto, aliás, ele até será muito bem vindo se anunciar com antecedência quando vem, para o que vem e quando pretende terminar.
O hábito de apenas me esforçar ao máximo quando me põem em dúvida ou me provocam, deve continuar e não há muito a fazer quanto a isso.
Provavelmente, a única regra matemática que faz sentido para mim, irá permanecer a mesma. Passo a enunciar: as certezas são inversamente proporcionais ao aumento de idade. Se bem que não tenho a certeza de que amanhã ainda vá defender esta frase,...
O mais certo é continuar a rir-me imenso todos os dias, com a gargalhada já reconhecida em determinados corredores, esperando sempre que as pessoas que me acham doida sejam sempre diferentes das que têm poder para me internar.
Acho também que não será este dia 13/5 que vou saber definir o que realmente quero na minha vida. Actualmente todas as minhas certezas se resumem ao que não quero, ou seja, vou-me afirmando perante a vida através da negação, o que segundo Freud me deixaria num estágio de desenvolvimento bastante infantil, e provavelmente não será amanhã que isso vai mudar.
Ainda continuarei a idolatrar secretamente todos os amigos que guardo no peito.
Deverei manter o gosto por músicas cuja letra sugere um autor, cujo humor, variará entre o depressivo e extremamente depressivo.
Se sentir necessidade de me afastar de tudo amanhã, de certo que o farei como sempre faço, irei ler um livro ou esconder-me, sozinha, na sala de cinema mais próxima.
Espero, por fim, continuar a seguir em frente quando acredito estar certa, sem me preocupar com opiniões alheias (ou será melhor, falatório alheio?!) e a não perder o sono porque não agrado a toda a gente.
Agora é só esperar pelo que os 23 anos me vão trazer de novo, já que a bagagem dos 22 eu conheço muito bem.

P.S: Também sei que continuarei a escrevinhar neste blog, acreditando que haverá sempre alguém do outro lado, com paciência para ler posts destes até ao fim.
A essas pessoas, o meu obrigado.
Uma fatia do meu bolo estará reservada para eles amanhã.

Primeiro post com lado virado pra piadola e outro pro lado emocional. Estará criado um novo género de post?!

Tal como o prometido, cá está o post sobre a minha primeira declaração de amor pública. Devo dizer que ocorreu de forma totalmente espontânea, pois eu nem sequer imaginava o que me esperava quando saí de casa, nessa manhã.
Tudo começou com um monólogo, prosseguindo depois para o ajoelhar aos meus pés, acompanhado de um beijar de mão.
A tal declaração de amor foi gritada e repetida algumas vezes, de forma a que quem estivesse no raio de 1 quilómetro ainda a conseguisse ouvir a alto e bom som.
Engraçado como as pessoas faziam questão de assistir, de longe, à bonita cena, concerteza com a melhor das intenções, como a de não interromper tão fluente orador.
Ah, claro que o facto de eu não o conhecer de lado nenhum, ele estar bêbado e de me ter chamado Ilália (?!), nem sequer tem relevância para a história, como devem perceber.
Depois, tentam-me convencer que a bebida acaba com alguns casamentos, quer dizer, não me parece. Após esta cena, só posso apoiar e aconselhar o consumo exagerado de álcool como forma de melhorar o romantismo das relações.
Estão mal um com o outro?! Então embebedem-se!! Se o amor, mesmo assim, não reaparecer entre ambos, não se preocupem, porque de certo surgirá pelo primeiro desconhecido com quem se depararem nesse dia.
Quanto a quinta-feira, a situação não é nada do género da anterior. Enquanto a de quinta-feira me faz rir, cada vez que dela me lembro, esta faz-me sorrir.
Antes de contar o que se passou, vou apenas situar a história.
O meu curso tem um dia da semana no qual vamos estagiar em alguma instituição, este mês encontro-me, com alguns colegas, num centro de dia de idosos no qual fazemos rastreios orais.
Ora, esta semana saí de lá com uma rosa. Ao contrário do que todas as pessoas, com as quais me cruzei, possam ter pensado( e algumas até perguntado), esta não me foi oferecida por nenhum rapaz mas sim por uma senhora com a bela idade de 78 anos. Confesso que este simples gesto conseguiu colocar-me a lágrima ao canto do olho, logo a mim que tenho sempre como fuga o riso e não a lágrima.
A verdade é que já me andava a considerar algo insensível a estas coisas, porém, vem esta senhora, do alto da sua sabedoria, mostrar-me que o meu coração ainda teima em emocionar-se com pequenas situações do dia a dia.
Afinal, talvez ainda exista esperança para os cínicos emocionais deste Mundo,...

quinta-feira, maio 11, 2006

Bonita semana,...

Esta semana está a ser particularmente recheada de episódios carinhosos para mim.
Na segunda recebi uma declaração de amor pública e hoje recebo uma linda rosa vermelha.
Não perca o próximo post, com mais desenvolvimentos!!! Nas bancas blogistas (provavelmente) a dia 12.
Fim

quarta-feira, maio 10, 2006

Dave Mathews Band - you never know

"Sitting still as stone
watching, watching
people walking by
wondering why
no one ever stops to talk
or thinks about what if they ever did

What if God shuffled by
one day we might see
we're doing not a thing
like breathing just to breathe
we might find some reason

But rushing around seems whats wrong with the world
don't lose the dreams inside your head
they'll only be there til' you're dead
dream

Lying on the roof
counting
the suns that fill the sky
I wonder is
someone in the heavens looking back down on me
I'll never know

So much space to believe
funny when you're small
the moon follows the car
there's no one but you see
hey the moon is chasing me

I worried if I looked away she'd be gone
don't lose the dreams inside your head
they'll only be there til' you're dead
dream

Oh oh oh walking through the wood
no cares in the world the world
she's come to play
she's all mine just for a day

There's not a moment to lose in the game
don't let the troubles in your head
steal too much time, you'll soon be dead
so play

Oh fall down
it won't be so long now
out of the darkness
comes light like a flash
you think you can
you think you can
sometimes that is the problem
dream little darling, dream

Spinning on the wind
the leaf fell from the limb
and everyday should be a good day to die
oh fall down
it won't be too long now
every fire dies out
I find it hard to explain
how I've got here
I think I can
I think I can
then again I will falter
dream, oh I think I can
I think I can I think I can
dream little darling, dream

Spinning on the wind the leaf fell from the limb"


Caso houvesse justiça no Mundo, todos os homens teriam a voz de Dave Mathews,........

sábado, maio 06, 2006

"Bore, n.: A person who talks when you wish him to listen."

Ontem liguei a televisão e estava a dar o programa da Martha Stewart.
A única coisa que sabia desta senhora é que esteve presa por problemas fiscais e que é, simultaneamente, considerada a dona de casa perfeita pelos americanos.
Uma vez que nunca tinha visto o programa da dita senhora, decidi dar-lhe uma hipótese e não partir logo com ideias pré-definidas. Naquela tarde ela podia conquistar-me ou afastar-me de vez.
Devo confessar que esta minha tolerância durou entre 7 a 10 minutos. Foi como um mau encontro, em que logo nos primeiros segundos ficamos a saber que aquilo não vai dar em nada, nem sequer numa amizade mantida por cafés futuros.
Primeiro que tudo afligiu-me ver a convidada desse dia ser simpática e dizer piadas, obtendo da apresentadora apenas um sorriso usado e gasto acompanhado de uma frase de acordo apressado, provocado, talvez, pela ansiedade de que as luzes da ribalta se centrassem de novo na sua grande capacidade de fazer canapés. Quanto a mim imita muito mal o sentimento de empatia que tenta criar com os convidados, não me parece detentora de grande sentido de humor e por tudo isto não gostei nada daquele programa.
Parece-vos pouco?! Humm,....talvez seja, mas eu nunca disse que era fácil de agradar.
No entanto, quando me preparava para mudar de canal heis que surge o apelo para não o fazer, porque a seguir ao intervalo ela iria dizer uma das 30 coisas que toda a gente devia saber. Ora, como curiosa que sou, lá resisti à minha vontade de a trocar pelo People&Arts, porque já agora queria ver o que ia sair dali. Quando o programa retornou, fiquei a par da tal “coisa importante” e sabem do que se tratava? Sabem qual a coisa que vocês têm de saber fazer?! Que não podem morrer sem aprender?! Então, eu poupo-vos a necessidade de assistirem à repetição do programa e digo-vos: É a omelete perfeita. Só aqui aprendi duas coisas, a importância desconhecida da omelete no Mundo e que também ela pode ser perfeita.
O que andamos nós a comer por cá, são meras omeletes imperfeitas, cheias de altos e baixos, camadas irregulares de ovo, fiambre e cogumelos.
Confirma-se que a perfeição existe e que poderemos atingi-la através de simples instruções televisivas.

sexta-feira, maio 05, 2006



"Life is far too important a thing ever to talk seriously about."

Oscar Wilde

Tentativa frustrada de escrever artigo coerente e com bases sólidas

Lembro-me de ter lido um artigo, a algum tempo atrás, sobre os grupos que existem nas escolas.
Como julgo ser uma conclusão lógica, esses mesmos grupos não vivem apenas nas escolas. É verdade, eles têm o terrível hábito de saírem para viver em sociedade.
Recordo-me que o artigo descrevia-os um a um, mas como não vou conseguir ser precisa, opto antes por dar o meu ponto de vista, remetendo-me a apenas dois deles. E não sejam críticos, pois se vocês exigissem raciocínios lógicos e coerentes não estariam a ler este blog.
Começando pelos góticos. O que eu sei: vestem-se de preto, pintam-se de preto e isso dá-lhes direito de frequentar qualquer tipo de festas porque, segundo ouvi dizer, “ de preto nunca me comprometo”. Evitam socializar com pessoas dos outros grupos, tais como os betos. Quando descalços tendem a perder alguns centímetros de altura, devido ao desaparecimento da plataforma das suas botifarras. Jamais usam óculos optando antes por lentes de contacto de cores brancas ou transparentes. Recorrem muito à bijuteria, com anéis que costumam preencher todo o comprimento do dedo.
Segundo o que se diz, as raparigas demoram a madrugada inteira para conseguirem despir as suas roupas, daí o dormirem pouco e as olheiras típicas, porém, ainda não foi confirmado, mantendo-se esta questão como um mito urbano.
Para além disto, deduzo que tenham um sistema de refrigeração interno porque até no Verão se mantêm fiéis à sua indumentária, sem haver noticia de que algum tenha sofrido desmaios induzidos pelo calor.
Passemos agora aos betos. Estas raparigas têm uma característica importante: jamais serão perdidas, uma vez que os seus brincos, de tamanho semelhante a rodas de camiões, e a cor das suas roupas funcionarão como reflectores facilmente identificáveis. São das únicas miúdas que com o passar dos anos pretendem tornar-se ainda mais “tias”, acalentando desde jovens esse sonho, muitas vezes representado pelo hábito de se tratarem por “você”. Não conseguem manter uma conversa sem o recurso de expressões típicas e repetidas pelo menos 5 vezes em cada frase. De entre tantos “estrondoso”, “brutal”, “baby”, não se consegue aproveitar uma ideia útil e este facto foi testado e confirmado. As únicas noticias sobre as quais se mantêm informadas referem-se a Paris Hilton, que está para elas como a Madre Teresa para os pobres. Evitam o contacto com outros grupos de aparência menos fútil que tanto prezam e cultivam.
Quanto aos rapazes, caracterizam-se por um penteado cujo objectivo principal será perturbar-lhes a visão e torná-los estrábicos daí a uns anos. O sapato de vela é essencial para o “cenário”. A calça deve ser suficientemente curta de forma a que a meia ou a pele do pé seja vista. Quanto aos assuntos sobre os quais falam, não sei sequer exemplificar, na verdade, há coisas que prefiro desconhecer,...
Peço desculpa a todos os outros grupos aos quais não me referi. Fica a promessa de que, quando tiver tempo, irei escrever um texto tão ou mais rigoroso, com tanta investigação de campo, quanto o feito para este aqui "postado".

Sabedoria Cartooniana


"Sometimes I think the surest sign that intelligent life exists elsewhere in the universe is that none of it has tried to contact us."
Calvin and Hobbes

quinta-feira, maio 04, 2006

Música do dia

"A melhor forma de esquecer
É dar tempo ao tempo

A melhor forma de curar o vício
É no início

A melhor forma de escolher
É provar o gosto

A melhor forma de chorar
É cobrindo o rosto

Evitar as rugas
É não olhar no espelho

Esvaziar o revólver
É puxar o gatilho

A melhor forma de esconder as lágrimas
É na escuridão

A melhor forma de enxergar no escuro
É com as mãos

As idéias estão no chão
Você tropeça e acha a solução

Acabar com a dor
É tomar um analgésico

Matar a saudade
É não olhar pra trás

A melhor forma de manter-se jovem
É esconder a idade

A melhor forma de fugir
É a toda velocidade"

Titãs

terça-feira, maio 02, 2006

Oscar Wilde




"I adore simple pleasures. They are the last refuge of the complex."

Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray, 1891

Revolta contra o atendimento público!!!

Existem dois tipos de pessoas, em Portugal, que têm a vida extremamente facilitada, são eles os humoristas e os masoquistas. Vou tentar, em seguida, justificar esta frase, de forma a que nenhum dos grupos se sinta tentado a processar-me.
Quanto aos primeiros parece-me óbvio, eles não precisam de inventar piadas, elas simplesmente caem-lhes no colo sob a forma de noticiários.
Em relação aos masoquistas, acredito que somos o principal país a proporcionar-lhes alegria diária, bastando para isso que se dirijam a qualquer estabelecimento de atendimento ao público.
À partida, a probabilidade de encontrar o estabelecimento com as condições adequadas rondará os 90%, logo aí, a sorte já está do lado deles. Nesses locais, para além do sofrimento físico, proporcionado por esperas infinitas, têm também o bónus de os empregados estarem particularmente treinados para a tortura psicológica.
Existem locais especialistas neste género de tratamento, por exemplo, os de renovação de documentos são o paraíso. Para além de ter ficado sem os seus documentos, o que logo lhe trará alguma sensação de sofrimento bem agradável, pode aumentar a sua satisfação quando se der conta que tem de tirar o dia para renovar tudo o que precisa, e aquela excitação extra surgirá quando lhe contarem o tempo que ainda vai demorar até que possa levantar os ditos documentos.
Como não tenho especial prazer no sofrimento, todas estas coisas me incomodam um bocado.
Hoje, entrei numa livraria, à procura de um livro em particular. Uma vez que já tinha sido lançado à algum tempo e não o encontrei nas prateleiras, dirigi-me a uma das empregadas.
Primeiro que tudo a rapariga não me deixou sequer terminar a frase, dizendo para eu esperar. Até aqui tudo bem, talvez ela estivesse a atender alguém. Depois de esperar uns 10 minutos, comecei a passear pelas estantes vendo outros livros, heis senão quando a dita moça estava em amena cavaqueira com outra colega.
Grande dúvida : vou-me embora ou vou até lá?
Bem, tenho de admitir que ganhou a minha parte de portuga ofendida e lá fui eu dizer-lhe que ainda estava à sua espera.
Gostei especialmente do olhar “então agora queres que eu vá trabalhar, e já não fico a saber se a Maria sempre casou com o Manuel da novela?!” que ela me deitou. Após lhe explicar se me poderiam encomendar o dito livro, tratou de dizer que não sabia se isso era possível naquela loja, chamando então um colega seu. Acreditem quando vos digo que durante uns longos minutos eles estiveram a discutir, á minha frente, se sempre se podem ou não encomendar livros.
Começou-me a dar uma vontade enorme de rir, porque aquela situação era, no mínimo, bastante ridícula. Acabei por agradecer e vir embora.
Por isso, já sabem, se entrarem numa livraria e virem dois empregados a discutir, serão estes aqui referidos, que deverão estar ainda a ponderar sobre o meu pedido,.....
Agora a grande dúvida, serei ou não masoquista por ter vontade de voltar à loja e desatar a encomendar livros e a fazer perguntas sobre autores?!

Sometimes it hurts

"Sometimes it works, sometimes it don’t, you know/Some days it hurts, some days it feels real good/ Sometimes it hurts, sometimes it don’t, you know/ Some days it works so good I can see my way home"

Tindersticks

A teoria da cafeína,....

Conheço um casal que não parece que o é.
Estão ambos na casa dos 30 e aparentemente nada que os ligue, emocionalmente, no presente. Não há toques de mãos por baixo da mesa, não existem olhares cúmplices e nem mesmo palavras de carinho.
Hoje estive com eles e fiquei com uma certeza, não quero aquilo para mim. Embora possa parecer, não me estou a referir à ausência de demonstrações públicas de carinho, até porque conheço casais que não o fazem e seria burrice não perceber o quanto gostam e dependem um do outro. O que me assusta é a indiferença, que é tão forte que se torna quase palpável.
Voltei para casa a pensar se aos 30 anos não seremos ainda muito novos para nos acomodarmos a uma situação assim,...
Consigo perceber que de um lado se encontra o conhecido, o habitual, o seguro e do outro lado o imprevisto, o desconhecido e mais importante ainda, a solidão. Mesmo que essa solidão dure uma hora, uma semana, um mês, um ano, estar sozinho ainda é considerado pior do que estar tristemente acompanhado.
Acho que muitas vezes nos esquecemos de que a vida é realmente curta, que ela termina sem ter a decência de nos avisar com antecedência e que para além do que vivemos hoje, mais nada nos está assegurado. Será que se nos lembrassem todos os dias disto, não íamos arriscar mais, de forma a evitar os arrependimentos futuros?! Será que iríamos continuar a preferir trabalhar num escritório quando a nossa verdadeira vocação e desejo seria a de ser pintor, por exemplo?! Será que teríamos ainda coragem de perder mais um dia da nossa vida, com pessoas e situações, que nos magoam?!
Ao terminarmos o café, ele despediu-se de mim perguntando como é que eu ainda estava sozinha. Limitei-me a sorrir e saí.
Talvez agora eu tenha encontrado a resposta. Talvez eu procure realmente alguém por quem me apaixone, que me faça rir, que partilhe comigo filmes, livros, músicas, momentos, alguém com quem eu discuta, alguém que seja capaz de tornar a paixão inicial em amor e não em ressentimento ou indiferença. Talvez eu já saiba a hora de terminar as coisas ou talvez eu desconheça totalmente a altura correcta para o fazer, mas pelo menos, por agora, não quero carregar o peso de um sentimento que se conjugou no passado e não tem forças sequer para respirar no presente.

segunda-feira, maio 01, 2006

"Part of being sane, is being a little bit crazy."

Não deveria existir uma instituição qualquer de apoio a pessoas distraídas?! É que estou a ficar cansada de perder coisas, de ficar com nódoas negras porque bati sei lá onde, de abrir uma porta ao mesmo tempo que derramo a chávena de café,.......
E não sei porquê mas acho que a mulher fica muito mais interessante se conseguir entrar num local sem ficar presa na porta ou tropeçar á entrada,...não sei, digo eu,....Imaginem o que seria a Soraia Chaves entrar numa sala, onde vocês estivessem, e o vestido ficasse preso na porta e se rasgasse?! Ok, já percebi o contra senso,....desculpem,........
Muitas vezes, as pessoas pensam que sou simplesmente antipática porque não lhes falo, quando com elas me cruzo na rua, o que é injusto, porque eu simplesmente não as vejo. Se eu passei pelo meu pai no mesmo passeio e não o reconheci, que dizer de pessoas que nem sequer perderam tempo a conceber-me?!
E o que dizer da primeira saída com alguém que não conhecemos bem, mas para a qual queremos fazer boa figura?! Se bem que, desde que fiquei presa na porta rotativa do Saldanha desisti de me preocupar com isso,...
Se esse tal grupo fosse formado poderia ter os seus próprios tópicos de ajuda, como por exemplo:

- Comece por pedir desculpa a todas as pessoas que já pisou, nas quais tropeçou, ás quais sujou com café,...;
- Deixe de incitar o crime, para isso, lembre-se que ao abrir a sua porta com a chave tem de retirar a mesma da fechadura antes de entrar;
- Jamais diga que não vai anotar uma coisa que precisa de fazer, porque como é importante não se irá esquecer. Anote tudo, até mesmo a lembrança de que precisa de anotar tudo;
- Quando conhece alguém, fotografe a pessoa sorrateiramente, depois escreva o nome da mesma na foto. Arquive isto num caderno, que deverá trazer sempre consigo, de forma a não voltar a trocar o nome de ninguém;
- Repita para si mesmo, que conseguirá entrar naquela loja de porcelanas sem provocar estragos ao proprietário;
- Para terminar, use um pin na sua roupa a dizer “Sou distraído e vivo em sociedade. Pergunte-me como” ou então, caso queira homenagear o dia de hoje use o ”Distraídos de todo o Mundo, uni-vos”.

Pronto, acho que assim as coisas já estariam encaminhadas.