quinta-feira, agosto 31, 2006

Ary dos Santos


"Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia
e na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia."
Ary dos Santos

Previsão de trovoada na vida

Não podemos prever todas as trovoadas que irão existir na nossa vida. Não sabendo da sua presença, não nos poderemos esconder dos perigosos raios que as acompanham.
Com este fenómeno a Natureza vem comprovar um facto da vida. Os perigosos nunca são os barulhentos, os que anunciam a sua chegada, mas sim os que se aproveitando do barulho envolvente, nos atingem sem aviso.

Truque para entrar na vida de qualquer homem

Tenho de me transformar rapidamente num dos seguintes:

- actriz de séries televisivas que estão à venda na Fnac em compactos;
- jogadora do Benfica;
- teclado de computador ou playstation;
- ecrã de televisão, porém, apenas no horário da madrugada
- um copo
- Conan O´Brien

Com um destes objectivos atingido creio que estarei presente em grande parte da vida de qualquer homem.

Citação


"Don't go around saying the world owes you a living. The world owes you nothing. It was here first."
Mark Twain

quarta-feira, agosto 30, 2006

Os dias em que não caibo em mim.

Há dias em que não caibo em mim. Parece que o meu interior quer sair cá para fora e adquirir vida própria.
Nestes momentos, sinto que o meu coração aumenta de tamanho como se desejasse ocupar todo o corpo e tornar o meu cérebro mais sentimental.
As pernas querem andar mais depressa. Desejam dar passos largos de forma a percorrerem o maior número possível de caminhos desconhecidos. Deixo de as poder controlar, de as conseguir guiar pelos trajectos seguros que conheço como a palma da minha mão.
Os meus olhos querem-se bem abertos, de forma a conhecerem tudo o que de novo se lhes apresenta. Não refilam se lhes tento mostrar o que já lhes é familiar, eles conformam-se com isso, no entanto, inventam sempre novas perspectivas no que já é habitual. O que é costume passa a ser encarado como novidade. O olhar que se tem na infância, a descoberta constante, é recuperado.
As minhas mãos querem perder a vergonha e tocar nas pessoas de quem gosto. Entretanto, deixam também de se preocupar com o facto de se movimentarem imenso, numa tentativa atrapalhada de acompanharem o discurso que é feito.
Os ouvidos captam as músicas, tomando atenção às melodias como se delas dependesse a vida. Agrada-lhes os sussurros que lhe são feitos e não se inibem de pedir mais.
O meu nariz capta todos os perfumes, de forma a que no futuro possa associá-los a momentos vividos e então recordar.
Os meus lábios perdem o medo das letras que compõem palavras sentimentais, tais como amo-te ou adoro-te. E beijam. Beijam quando lhes apetece, sem se preocuparem com aparências ou falsos moralismos.
Nestes dias tudo em mim é sonho. Perco os medos e arrisco, arrisco a ser feliz.
Nestes dias sou maior que eu mesma. Sou eu e mais uma estranha em mim.

Despedimento trágico de Plutão

Fico realmente espantada, agora até os planetas são despromovidos? Será que a crise também chegou ao Universo fazendo os astrónomos despedir planetas de forma a apertar o cinto e garantir a contenção de custos? Para quando a privatização da Lua ou o aluguer do Sol a uma outra Via que pague melhor que a Láctea?
Tenho pena do pobre Plutão, já não lhe bastava ser o mais pequeno, frio, escuro e o último na lenga-lenga, agora até deixa de ser considerado um planeta. Parece-me mal, pois então.
E exista ainda quem se revolte.

P.S: notícia de última hora, ouvi dizer que Plutão tem cunhas na Cintura de Kuiper e por isso mesmo, ao deixar de ter o seu papel como planeta, passará a chefiar outros semelhantes a ele, os chamados plutões.
Bom, talvez a mudança lhe faça bem, afinal sempre é melhor ser patrão despromovido que apenas mais um empregado solitário que se encontra sempre no fim da fila.

Fernando Pessoa



"Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer."

terça-feira, agosto 29, 2006

A história do UM e do OUTRO

Quando UM fala o que o OUTRO pensa, quando uma pergunta é apenas feita mentalmente na cabeça de UM mas o OUTRO responde como se a tivesse ouvido, quando as pernas de UM fraquejam quando o OUTRO se aproxima e o coração pula no peito a cada toque de pele, quando as saudades de UM apertam mal o OUTRO se vai embora, quando ocorre na cabeça de UM a ideia de se trancar numa sala com o OUTRO e deitar a chave fora, quando o momento mais triste do dia de UM é quando o OUTRO parte sozinho, quando UM quer o bem do OUTRO como o dele próprio, quando UM faz o OUTRO sentir que finalmente encontrou o que procurava.
Nestes momentos, somos UM ou somos DOIS?!

Thanks!!!!

Vejo o meu blog como uma sala com lareira, à frente da qual se encontra um tapete felpudo, um sofá grande e confortável onde descansa uma velhota que faz tricot ao mesmo tempo que tem um cobertor a proteger-lhe as pernas e um gato a dormitar, no chão, a seu lado.
Como em todos os lugares onde nos sentimos aconchegados nem toda a gente tem entrada, só os especiais têm permissão para fazer uma visita e tomar um chá connosco. Tenho prazer que o meu blog seja uma pequena sala de estar, que é visitada por poucos mas onde todos valem a pena. Talvez por o sentir tão familiar acho que devo agradecer a quem, para além de me ler, ainda tem a delicadeza de deixar um comentário simpático ou adicionar o Afasta aos seus favoritos, como tal, cá vai o meu obrigado.

"Não te amo por quem és mas por quem sou quando estou contigo"

Uma das minhas citações preferidas diz algo como “não te amo por quem és mas por quem sou quando estou contigo” e é atribuída a Gabriel Garcia Marquez.
Ponho-me a pensar, será que nos apaixonamos por uma pessoa pelo que esta é ou apesar do que é?!
Quando nos perguntam qual o nosso homem/mulher ideal, tendemos a responder com umas quantas características gerais. Quantas vezes já não ouvi o típico “que seja simpático, tenha humor, seja inteligente” e outros adjectivos do género?!
A verdade é que já conheci alguns rapazes que encaixavam no perfil e, ao contrário do que seria de prever, não me apaixonei por nenhum deles.
Por exemplo, tenho 3 defeitos evidentes, sou completamente distraída, posso dizer que isso me torna tão cuidadosa quanto um elefante numa loja de porcelanas, sou péssima com nomes, característica que já me proporcionou momentos embaraçosos e, por fim, tenho um sentido de orientação nulo, podem largar-me numa pequena vila portuguesa ou na Rússia que sentir-me-ei perdida em ambos os locais. Para além disto ainda sou uma teimosa convicta e uma ciumenta em negação. Agora digam-me, acham que alguém sonha em namorar uma rapariga assim?! Aliás, depois de lerem isto ainda devem estar surpreendidos como consigo manter uma conversa com outras pessoas, certo?! Bem, isso é simples, basta que eu não tenha de a tratar pelo nome, que esta não me pergunte caminhos e nem me deixe, sozinha, a tomar conta da sua jarra de vidro, desta forma, tudo correrá pelo melhor.
Isto tudo para servir de exemplo e suportar a minha teoria. Acredito que quem gosta verdadeiramente de mim, fá-lo apesar dos meus defeitos. Obviamente que tenho de ter algo de agradável, algo que atraia pelo lado positivo, porém, gostar do nosso lado bom é fácil e qualquer um o consegue.
Penso que amamos realmente outra pessoa quando passamos a tolerar o “lado menos bom” desta.
Por exemplo, quando somos adolescentes é comum acreditar que estamos perdidamente apaixonadas pelo “Zé Da Tasca Ao Lado” mas basta ver que ele usa meias brancas com raquetes para a paixão se esvair imediatamente. É que o idolatrar ou o simpatizar não toleram defeitos, isso, apenas o amor faz.

domingo, agosto 27, 2006

Citação


"Viver é ir morrendo a beijar a luz."
António Patrício

Recordações de tempos que já não voltam

Existem duas características que definem a minha família alentejana, a primeira é que os nossos reencontros são sempre feitos a uma mesa, a outra consiste na tradição de se contarem histórias passadas, cuja moral desaparece sempre em detrimento da piada. Nestas ocasiões, as histórias acerca das partidas que o meu avô pregava e das suas imensas namoradas abundam, tornando-se inevitável o olhar de saudades estampado no rosto de quem já não o vê há alguns anos, aliás, muitas dessas histórias terminam com a frase “ele que venha cá um dia destes,....mas porque é que não há-de ele cá vir?!”.
Depois de mais uma jantarada familiar, rica em comida e em risos que se fazem ouvir por toda a casa, sinto uma profunda nostalgia e dou-me conta de como nada volta a ser o mesmo e que o tempo não volta atrás.
A verdade é que o meu avô nascido e criado em Santa Margarida da Serra não voltou a colocar lá os pés depois da morte da sua mãe. Na vila, propriamente dita, só vem para funerais.
Muitos dos seus companheiros de juventude não percebem que ele não venha até Grândola para os visitar, que não queira passar uns dias nas imensas casas que lhe são postas ao dispor, alguns deles chegam mesmo a dizer que ele esqueceu os amigos.
O meu avô já explicou diversas vezes o motivo deste afastamento físico da sua terra natal, no entanto, só nestes últimos dias percebi realmente o que ele quer dizer.
Desde que nasci que as nossa férias eram passadas na aldeia, na casa da minha bisavó, todos juntos, eu, os meus avós, meus pais e um tio, irmão do meu avô, que tinha costume de ir almoçar connosco.
Hoje, vou a uma aldeia morta. Todas as pessoas das quais guardo as mais ternas e bonitas recordações morreram. Os cheiros da minha infância desapareceram. E o tempo, esse, não volta atrás.
Esta semana visitámos a aldeia e como sempre faço, todos os anos, fui sozinha até à antiga casa da minha bisavó. A mesma casa que me acolheu todos os Verões, onde reforcei o meu sentido de família, está em ruínas. Olhei, voltei a olhar e preferi ignorar o presente e relembrar o passado. Acabei por não ter coragem de espreitar lá para dentro, através de uma janela entreaberta, mas deu para perceber que as silvas já tinham ocupado o seu lugar na nossa antiga sala. Fecho os olhos e vejo a casa tal e qual ela era, quer seja por fora, quer seja por dentro. Sem me dar conta o passado entrou pela minha vista a dentro, fazendo-me lembrar da minha bisavó a cozer restos de tecidos para fazer tapetes e a enchutar os cães da vizinha, que na hora do almoço sempre apareciam à nossa porta para comer alguma coisa. Recordo-me de me sentar ao seu lado na taberna do meu tio a ver a televisão ou até do seu modo de andar, a coxear ligeiramente à minha frente. Lembro-me do meu espanto de cada vez que a via tirar o lenço preto da cabeça e debaixo deste surgirem longos cabelos, os quais eram penteados à beira da cama com o maior dos cuidados. É também impossível não me lembrar da última vez que a vi naquele lugar. Ela estava sentada à beira da sua cama, apoiada em algumas almofadas. Nessa altura a doença já lhe pesava e no momento em que me ia despedir dela, uma vez que ia voltar para Lisboa, ela beija-me, abraça-me e pede-me, a chorar, que não viéssemos embora. Se existem imagens que jamais esqueceremos, então esta será uma delas. Acho que me impressionou ver a minha bisavó, aquela mulher forte que não tinha por hábito encher-nos de beijos nem abraços mas que nos conseguia fazer sentir amados na mesma, assim, frágil, à minha frente.
Depois existiam os bailes, dos quais eu era a grande companheira do meu avô. Íamos juntos até ao casão ouvir os acordionistas os quais, na maioria dos casos, eram amigos dele. O engraçado dos bailes é que eu só queria dançar com o meu avô porque era o único que eu não pisava, todos os outros que se atrevessem saíam de ao pé de mim com o calçado marcado do pó dos meus sapatos. Lembro-me que quando o ar era preenchido pelos ritmos mais rápidos o mulherio tratava de chamar o meu avô para a dança, pois este, para além da fama tinha também o proveito de ser o melhor dançarino do local.
Depois do baile, voltávamos para casa e no caminho eu sempre tinha medo de um sapo enorme que insistia em parar na pedra que se encontrava na esquina da casa. Lembro-me da “chuva” que fazia sempre que íamos à Fonte Branca, causada pelo meu avô que fez tradição do acto de encher o coxo de água para depois no-la atirar para cima quando menos esperávamos. Ele também inventou para mim o baloiço. Foi o melhor baloiço que já conheci e não haverá outro que se aproxime dele. Era completamente rústico pois consistia num grosso ramo de árvore no qual o meu avô me balançava. Hoje essa árvore já não existe.
Lembro-me de ter corrido tudo o que queria, de subir e descer montes com uma alegria inexplicável, de tratar dos animais que mais gostava, do cheiro do leite das ovelhas, de ver pirilampos em pleno breu, de ser realmente feliz só porque estava livre, sem ter de me cuidar por causa de carros ou de pessoas menos honestas. Hoje quase não existem animais na aldeia nem sequer companheiros para as brincadeiras infantis.
Lembro-me de como ia religiosamente à taberna do meu tio, à hora de almoço, comprar o sumo Foca e de como este me enchia os bolsos de amendoins para eu comer no caminho para Lisboa. Acho que o sumo Foca acabou, porém, continuo a receber os amendoins.
Lembro-me de vir para a porta e olhar o infinito de montes que se dispunha na minha frente, nas luzes das aldeias longínquas, no imenso céu estrelado que parecia cair em cima de nós de tão cheio que se encontrava de estrelas. Não passei lá mais noites nenhumas mas decerto que o céu continua a brilhar da mesma forma, tal como quando eu era menina.
Lembro-me das vizinhas da minha bisavó, com as quais eu conversava imenso e que me satisfaziam o desejo de pegar nos seus coelhos e de as ajudar a alimentar os animais, sempre lembrando-me para ter cuidado não me fosse eu sujar. Lembro-me de uma delas, a Antónia, ter tido uma televisão e como a sua casa era mesmo ao lado da nossa, eu passar alguns serões encantada por lá, encarando tal objecto com o mesmo entusiasmo de novidade como ela o tinha feito.
Lembro-me de acompanhar o meu pai na caça aos pássaros, de apanhar figos de pita com o meu avô e de chegar a casa e ajudar a prepará-los juntamente com a minha mãe e avó. Lembro-me da matança dos porcos feita pelos meus tios, pai e avô, do cheiro dos chouriços posteriormente feitos e deixados debaixo da chaminé.
Lembro-me das imensas histórias contada em redor da lareira ao mesmo tempo que se bebia um chá e se fazia uma torrada. Nunca mais comi torradas com aquele sabor, feitas na própria lareira. Lembro-me de vir ajudar a buscar água ao chafariz, dos banhos no balneário público, onde eu morria de medo dos aranhiços cavaleiros, sendo protegida pelos meus pais. Lembro-me da Jóia, a única cadela em que eu confiava e que se recordava de nós sempre que nos via, apesar de só lá irmos de ano a ano. Lembro-me dos caracóis que vinha comer com os meus pais à vila depois de um dia de praia, de como a minha amiga de infância já esperava à minha porta às 8h da manhã para irmos brincar, de como fugíamos de um perú que a avó dela tinha e que insistia em perseguir-nos para nos picar, do medo que eu tinha dos imensos cães que lhe guardavam a casa e até de entrarmos vestidas numa piscina isolada no meio de montes.
Tenho mais uma imensidão de lembranças da minha infância passada na aldeia mas é impossível contar tudo. Hoje, vou aquela aldeia e não a reconheço, fico apenas triste por ver que a casa onde fomos tão felizes se encontra destruída e dou por mim a pensar que “o tempo não volta atrás,..”.
Lamento que o meu irmão não tenha passado por estas mesmas experiências.
Ele não conheceu nenhuma destas pessoas nem viveu o ambiente fantástico daquela altura. É demasiado novo, estando a construir as suas próprias memórias que serão bem diferentes das minhas.
Já ouvi dizer umas quantas vezes que não devemos voltar aos sítios onde fomos felizes e penso que talvez essa seja uma verdade mas não consigo deixar de me sentir um pouco cobarde se o fizer, se virar costas definitivamente aquela aldeia e talvez por isso mesmo continue a ir até lá.
Acho que o pior de voltar a um sítio desses é ver que o que para nós tem tanto significado para outros é totalmente indiferente, como por exemplo, a enorme pedra onde me sentava, ao Sol, a ler e que alguém tratou de partir. Para mim nunca foi só uma pedra, era mais que isso, era o MEU lugar, como pode alguém ter ignorado isso?! Esqueço-me que não posso ser dona nem de pessoas nem de lugares, só consigo possuir recordações e as que tenho devem servir-me para a vida.
Quanto ao meu avô, ele continuará sem vir cá e ao contrário do que possam pensar ele não esqueceu os amigos, antes pelo contrário, por se lembrar tanto deles é que não pretende voltar. Não existe necessidade de voltar a um local apenas para ver casas vazias e lugares que foram ocupados por amigos actualmente mortos. Aquela aldeia, vila, amigos e aventuras tem-nas ele bem guardadas no seu coração e na sua mente e quanto a mim, parece-me que não poderiam estar em melhor lugar.

sábado, agosto 26, 2006

The great void in my life

sexta-feira, agosto 11, 2006

Quem quer casar com a Carochinha?

Hoje, fui pedida em casamento.
Se a imagem de um pedido original, feito pelo amor da nossa vida, num local romântico surgiu na vossa pobre cabeça inocente, então esqueçam e substituam isso por um homem de uns 1,80 a cheirar a álcool puro e que deveria trazer um aviso na sua t-shirt a impedir que acendessem qualquer tipo de chama ao pé dele, de forma a evitar o risco de explosão.
Tudo aconteceu de manhã, quando tomava café com uma amiga. Estamos em amena cavaqueira quando a luz desaparece da janela. Achei que a penumbra não podia ser provocada por nuvens uma vez que o céu estava limpo, então, heis que olho para trás e percebo que era a largura das costas de um homem que impedia a entrada dos raios de sol.
Feita esta minha observação continuo na conversa, até que o tal senhor vem sentar-se na nossa mesa sem sequer dizer nada. Às tantas começa a agarrar-me na mão, dizendo que me conhecia e que queria casar comigo. A primeira reacção de quem escutava foi rir, mas quando se aperceberam que a bebedeira do tipo não era das mais agradáveis, toda a gente se encolheu na sua cadeira e desviou o olhar. Apenas um dos empregados veio dar-nos uma mãozinha, mas o coitado pesava uns 40 quilos e tinha uma voz tão fina que não metia respeito nem aos sobrinhos do Pato Donald.
Quando me estava a querer vir embora, e o tipo continuava armado em parvo, dei por mim com o dedo apontado à cara dele dizendo-lhe as maiores barbaridades. Sim, eu do alto do meu 1,62, cheia de inconsciência, descarreguei em cima daquele homem as minhas frustrações acumuladas de dias. E para espanto geral, ele calou-se e nós saímos. Alguns passos adiante ouvi-o chamar-me qualquer coisa começada por P,... mas acho que nem percebi bem o que tal cavalheiro tentava expressar quanto à minha pessoa.
Agora que penso nisso percebo que ele podia-me ter partido ao meio apenas com o dedo mindinho, mas a minha fúria era tanta que nem tomei consciência do que fazia.
Uma vez que é a segunda vez que um bêbado me faz tal proposta fico a pensar se será o facto de eu não beber que os atrai até mim. Será que estes “barris alcoólicos” possuem um qualquer radar que detecta água no corpo de outro ser vivo, como os radares que detectam metais?!
Para terminar este assunto, devo dizer que o mês passado um tipo passou por mim e disse que “sempre quis casar com uma brasileira”. É verdade, meus amigos, não só os bêbados gostam de mim como os de dioptrias elevadas trocam a minha nacionalidade.
Agora digam-me, eu mereço?!

"Amor é síntese"



"Por favor não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu
Se ninguém resiste a uma análise profunda
Quanto mais eu
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor
Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeito amor. "
Mário Quintana

Homem que me faria acreditar que não tem defeitos mas características

(Adrian Pasdar)
Porque todo o culto existe para ser feito.

Férias II

Estou a passar estas férias numa pequena pensão, com um ar bastante familiar, em que os hóspedes se reconhecem uns aos outros, quando se encontram na esplanada do café.
Ora, numa destas noites, tive o prazer de saber que o meu vizinho de corredor se chama Quim. Como soube eu isto? Obviamente que não foi numa situação normal senão este post não se justificava. Tive conhecimento de tal facto quando, numa das madrugadas em que não consegui dormir, comecei a ouvir gritos desesperantes do género “Quimmmmmmmmmmmm,aiiiiiiiiiiiii,Quimmmmmmmmmmmmmm”. Já tinha retirado a hipótese de violência doméstica, graças ao tom com que os gritos eram dados, e tive a confirmação quando escutei a bela frase “Ai Quim sim,aí,aí,....aiiiiiiiiiii, simmmmmmmmmmmmmm”.
A primeira ideia que me veio à cabeça foi “mas que raio de nome é este para se gritar na cama?!”. É boato corrente que o sexo masculino gosta de ouvir o seu nome quando está em pleno “dever conjugal”, porém, nem todos facilitam esta tarefa.
Já imaginaram o que sofre a pobre mulher do Eufrânio ou do Gervásio? Talvez daí tenham surgido as alcunhas usadas nestas ocasiões, afinal, sempre será melhor ouvir um belo “Tigrão”, pela madrugada dentro, do que um Quim que apenas remete a nossa imaginação para o vizinho gordo e careca da nossa rua.
Ocorreu-me também como há alguns anos atrás seria rara uma situação destas, afinal, onde se ouviria uma mulher a dar indicações sexuais, a alto e bom som, ao seu esposo em pleno Alentejo?! Neste caso, creio que o senhor já conhecia o roteiro bastante bem, encontrando o caminho correcto com bastante rapidez e aparente sucesso.
Uma vez que ouvir desconhecidos a terem sexo não é uma das minhas fantasias, agradeci o senhor ter prática no assunto, ou a senhora ter a bondade de fingir bem, de forma a que o silêncio se instalasse de novo passado alguns minutos.
Como em quase todas as situações que envolvem sexo com estranhos, o pior dia é o seguinte e confesso que o meu foi algo constrangedor. Ao vê-los, no dia seguinte de manhã, não consegui esquecer os gritos e indicações da noite anterior e sorrir. Vê-los ali, todos atarefados com a quantidade de coisas a levar para a praia, com os seus 3 filhos gordinhos que mais parecem rebolar que andar, pensei em como a madrugada pode ser formadora de traumas para quem ouve o que não deve.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Diga-me sinceramente,...

quarta-feira, agosto 09, 2006

Novo projecto para ficar milionária

Posso dizer que em termos de preferências masculinas não me regulo pelos gostos sociais dominantes. Provavelmente não serei um caso muito comum, porque não gosto de homens com uma beleza universalmente aceite como a ideal. Serei sempre conquistada pelo “não sei o quê” que certos homens possuem e não propriamente por serem altos e espadaúdos.
Uma das coisas que mais aprecio no sexo masculino é a voz. A verdade é que se tivesse o Clooney à minha frente e ele falasse com o tom do Ricardo* a coisa não se ia desenvolver, seria até impossível.
Não será por acaso que, nos primeiros anos da rádio, as mulheres se apaixonavam pelos locutores que ouviam todos os dias. Através de uma simples voz podemos imaginar todo o resto, que em muitos casos, nem precisa de corresponder ao real.
Ora, nesta linha de raciocínio ocorreu-me uma ideia. Que tal investir na venda de gravações com vozes masculinas?! Estas seriam constituídas por frases de diferentes géneros, umas engraçadas, outras de consolo e ainda as de incentivo e amorosas.
Haverá coisa mais agradável que uma bonita voz masculina, que ainda por cima fala apenas o que queremos e quando o desejamos?! Sempre que a frase “está a dar o futebol” ou “para que queres tu mais uma camisola” se fizessem ouvir no fundo da sala, trataríamos de ligar o gravador e passar para um mundo à parte.
Quanto a mim convidaria para tal tarefa três homens: Dave Matthews, Luís Filipe Borges e Adrian Pasder. Confesso que a escolha deste último é mais por cunha pessoal, no entanto, tenho a certeza que estas minhas opções proporcionariam momentos de felicidade a muitas mulheres, que adormeceriam ao som destas vozes.
Uma vez que Belmiro de Azevedo é um leitor assíduo deste blog, confesso que lhe darei prioridade para investir nesta minha ideia, de resto, qualquer milionário se pode candidatar, pois considerarei todas as propostas apresentadas.

*Guarda-Redes da Selecção Nacional

Texto dado a quem o quiser possuir

Sinto-me ridícula. Fazes-me sentir assim. Pareço-te ridícula, não é?! É por isso que a cada dia insistes em afastar-me mais e mais, não é?!
Tens razão, dou o maldito braço a torcer, eu estou uma completa idiota.
Imagino que não me reconheças nas frases que ando a dizer ultimamente. Realmente ando demasiado adocicada, demasiado crente e com o peito aberto ao que vier. Tens razão, deixei de tentar ser de pedra. Estou diferente porque me sinto assim, diferente, porque alguém me conseguiu ver para além do que eu desejava mostrar.
Finalmente apareceu uma pessoa que foi mais corajosa que todas as outras que conheci, que não teve medo e sei lá eu porquê não me fez usar as máscaras protectoras do costume. Todos que se aproximavam diziam que eu era perfeita e, talvez por isso mesmo, tinham medo. Medo de mim. Também tiveste esse mesmo medo, lembras-te?! Acho que nunca me viram como pessoa real, vá-se lá saber porquê.
Agora detesta-lo, não é?! Talvez tenhas razão, talvez ele seja o culpado de todas as mudanças que agora és obrigado a ver em mim. Estou diferente. Tens razão, pareço ridícula. Eu própria me sinto assim quando me dou conta das saudades que sinto de alguém que não vejo à apenas duas semanas. Sabes que mais?! Não quero discutir. Não contigo.
Lamento ter de aqui escrever isto mas já que comigo não falas, pode ser que ainda me leias. Aliás, deixa-me emendar, o melhor mesmo é deixares de me ler, se no final, continuares sem perceber o que escrevo.

Mais um post escrito em férias

Neste momento sinto que vou proporcionar um momento respeitoso a este blog porque farei a minha primeira nota introdutória de um texto. Não vos parece que traz alguma credibilidade ao Afasta De Mim Esse Cálice?!
Num dos meus inúmeros dias de tédio encontrei, por acaso, uma amiga na praia com quem conversei por longo período de tempo. Nesse mesmo diálogo ela contava que tinha medo de dizer certas coisas ao seu namorado pois parecia que ele encarava as frases, que ela dizia sem pensar, como se de uma responsabilidade extra se tratasse e de como isso a andava a obrigar a pensar antes de falar.
Ao chegar a casa escrevi este post. (E sim, se gostares podes ler-lho, pode ser que resulte.)



Eu entrei na tua vida (ou tu entraste na minha?!) e agora até umas simples férias me fazem sentir como se me faltasse um pedaço.
Não te assustes, não é um pedaço sem o qual a minha vida pare, é apenas o pedaço que faltava para que ela melhorasse, para que eu me permitisse sentir o que sozinha, ou mal acompanhada, jamais sentiria.
Não, não te assustes, não vou dizer que és a minha vida ou que sem ti não sei viver. A verdade é que se terminássemos tudo hoje, o amanhã ainda nasceria. Todas as pessoas teriam um dia normal, como tantos outros, e eu, eu apenas sentiria que o mundo tinha acabado, mas teria consciência de que isso não era possível. Saberia que essa é apenas uma forma do nosso coração se manifestar por lhe termos dado tanta felicidade e depois lha termos tirado, assim, sem avisos, sem mais nem ontem.
Se por acaso te preocupas quando ouves dizer que és o amor da minha vida, não o faças. Tal frase não acarreta qualquer tipo de responsabilidade extra à tua pessoa. O amor da nossa vida não tem de ser perfeito nem sequer durar para sempre. Este género de amor aparece apenas para nos fazer perceber que existe alguma coisa de espiritual na nossa vida, qualquer coisa que não se explica por mais racionais que sejamos. Amanhã poderemos não estar juntos, percebo isso muito bem, por isso não te assustes quando digo que o sentimento de “perder o chão” foste tu que mo ensinaste e como todos os ensinos, eles ficam para sempre, mesmo quando quem os ensinou tenha decidido partir.
Quando digo que o meu coração está entregue a ti não tenhas medo de tal oferta. Considera-o um empréstimo cuja única obrigação que tens é a de não o magoar, nem enganar, propositadamente. Se algum dia o quiseres trocar por outro só te peço que mo devolvas devagar, sem movimentos bruscos, de forma a que ele possa recuperar nos tempos que se seguirão. Sim, não te assustes, percebo que o nosso futuro pode não passar de amanhã, mesmo que hoje ele se assemelhe em tudo à eternidade. Não receies por hoje me entregar a 100%, isso não vai fazer com que me magoe mais ou menos no futuro, vai apenas dar-me mais ocasiões especiais para recordar, do que se vivesse protegendo-me do que sinto.
Não te espantes quando te confesso as saudades que me surgem minutos após nos termos separado. As saudades que trago comigo são capazes de abraçar o Mundo com a sua dimensão, mas mesmo assim, não te assustes, porque não sou dependente de ti. Não preciso de te ter sempre perto para poder comer ou respirar, as funções vitais estão asseguradas, logo conseguirei sobreviver mesmo estando longe. A verdade é que não sentimos apenas falta do que nos é estritamente necessário para sobreviver. Sei que estaria muito mais feliz contigo ao meu lado, neste momento. Sinto falta de ti, não só da tua voz ou dos teus abraços apertados, sinto falta de TI, da tua essência ou seja lá que nome dão ao que somos quando desistimos das máscaras ou das falsas imagens.
Descansa que não te pretendo prender nem sufocar, tais conceitos não fazem sentido para mim. Não sei viver presa nem sei prender os outros. Quero que fiques comigo sem amarras, sem pressões e sem qualquer outra razão que não o gostares verdadeiramente de quem sou. Faz este exercício, pensa na tua vida hoje sem mim. Seria diferente? Seria melhor ou pior? Sofrerias ou nem darias pela falta? Não se pode ter medo das respostas quando fazemos as perguntas. Temos de decidir se queremos sempre a verdade ou se nos contentamos com meias verdades e eu quero sempre a verdade, pois desejo receber na mesma forma com que me dou. Não te quero preso por medo de me magoar, não te quero comigo porque a solidão parece assustadora, não fiques comigo apenas porque não te apetece explicar como tudo terminou, não, não te quero preso por mais nada que não seja por amor.
Não, não quero que te assustes com tudo o que o meu coração diz através dos meus lábios. Nada pode ser mais leve e sem segundas intenções do que o que é dito sem pensar.
Pensa nisso, pode ser que também o consigas fazer um dia.

Top Musical Verão 2006

Músicas que o meu mp3 já canta de ouvido:

Spandau Ballet - Gold, True, Only When You Leave, Be Free With Your Love
GNR - Saliva
Depeche Mode – Somebody, World In My Eyes, Strangelove, Never Let Me Down Again, It´s Called A Heart, Enjoy The Silence
Gnarls Barkley – Crazy, Just A Thought
Rui Veloso- O Prometido É Devido, Cavaleiro Andante
Bob Marley – Don´t Worry Be Happy
Clã – Problema De Expressão
Counting Crows – She Don´t Want Nobody Near, Round Here, Mr. Jones
Dave Matthews Band – I Did It, Spoon, Crush, Grey Street, The Space Between, Proudest Monkey
Elle Fitzgerald – Fever, This Girl Is In Love With You
Fingertips – Cause To Love You
Jorge Palma – Deixa-me Rir, Dá-me Lume
Kanye West feat. Jamie Fox – Golddigger
Lenine – O Que Você Faria, Paciência, Naturalmente
Mad at Gravity – Undefined
Ornatos Violeta – O Amor é Isto, Libido, Débil Mental, Coisas, Capitão Romance
Filme Orfeu (letra Caetano Veloso) – Sou Você
Switchfoot- I Dare You To Move
Damien Rice – The Blower´s Daughter
The Cure – Lullaby, Friday I´m In Love, The Lovecat, The End Of The World
Pretenders- Human On The Inside
Titãs – O Acaso Vai-me Proteger, Um Certo Alguém, Os Cegos do Castelo, Insensível, Senhora e Senhor, Eu E Ela
Toranja – Quebramos Os Dois, Lados Errados
Van Morrison – Searching For Someone Exactly Like You
Tom Waits – Sea Of Love, Blue Valentines, Anywhere I Lay My Head, I Don´t Wanna Grow Up
Tindersticks – Sometimes It Hurts, Dying Slowly, If She´s Torn
The Smiths - How Soon Is Now, There Is A Light That Never Goes Out
Men At Work - Who Can It Be Now?

E mais umas quantas, as quais não refiro por ter a certeza de que lhes iria adulterar o nome, actividade na qual sou especialista.

Saudades


"O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..."
Mário Quintana

Férias I


Estou na Estação de Comboios de Grândola e são 17:45h.
Esta não é uma paragem a caminho de outro lugar qualquer, este é mesmo o meu destino final.
Não acabei de chegar e também não vou partir para lado algum.
A única razão para estar neste local é que é o mais próximo da pensão onde me encontro hospedada e como o meu tédio já ocupava todo o espaço livre do meu quarto vi-me obrigada a fugir para o exterior. São agora 17.50h.
Está um calor tão forte que até custa respirar. Cansa viver aqui, existe tão pouco para fazer que o corpo quase desiste de manter as suas funções vitais.
A minha pensão chama-se Fim do Mundo, apropriado não?! E são agora 17:54h.
Chegou agora um comboio. Gente que sai, uma única família de três. Chegam sorridentes e carregados. Pobres coitados, trazem consigo a alegria do primeiro dia de férias que faz inveja a quem já cá se encontra a alguns dias. Sorriem-me, como se percebessem o que faço eu com um portátil ao colo, no meio de uma estação de comboios, quando não tenho como objectivo partir para qualquer outro lugar que não este banco onde me encontro.
E agora o comboio partiu com Faro como destino. Haverá lá mais que fazer do que aqui?! Estará lá alguém a escrever num banco de estação?!
Quero que as horas passem mas elas teimam em deixar-se arrastar, lentamente, acompanhando o ritmo do local. São 17:56h.
Na verdade os domingos deviam ser abolidos, nesta vila, até porque na prática eles não existem de verdade. As lojas estão todas fechadas (falando assim até parece que elas são muitas), as pessoas recolhem-se em casa e os jardins são ocupados por uns quantos velhotes que decidem fazer a sua sesta debaixo de uma qualquer árvore que os protege do sol.
Soube que inauguraram um cinema cá recentemente. Fui ontem, em pulgas, saber o cartaz que apresentavam, quando me deparo com um aviso na porta de que este se encontra fechado em Agosto. Fechado em Agosto? Mas será só para mim que isso não faz sentido?! Será o medo da terrível enchente de cinéfilos loucos que pretendem invadir a vila neste mês?!
São 18:00h e o único movimento detectado é feito pelas canas verdes, que se encostam umas às outras, tocadas pelo vento fraco que se tenta manifestar.
Passei o ano a queixar-me de não ter tempo livre e agora não sei o que fazer com tanto que tenho entre mãos. Realmente a abundância não é boa em, quase, nenhuma ocasião.
Grito dentro do silêncio dos meus lábios que ainda me restam 3 semanas desta vida, ou seja, 20 dias em que tento descobrir a minha resistência psicológica à loucura.
Olho para o relógio. 18:05h. Reparo nas casas em frente a mim, as do outro lado da linha. Será que as pessoas que ali habitam se apresentam assim “moro em Grândola, do outro lado da linha”?! Será que só mora cá quem nunca daqui saiu? Lembro-me que deitei para trás das costas o sonho de criança de vir para aqui viver quando crescesse. Com o passar dos anos deixei de ficar na casa da aldeia, de ter a minha companheira de subidas a árvores e brincadeiras com animais, já não tenho a padaria para visitar de madrugada e nem sequer conheço metade das pessoas com quem aqui me cruzo. Este local deixou de ser o sitio onde cresci, talvez por isso mesmo tenha deixado de me identificar com ele. Talvez por isso ande desejosa que estes 20 dias terminem rapidamente.
Nunca pensei dizer isto mas tenho saudades de Lisboa.
São agora 18:12h e este post terminou.
(06/08/06)