quinta-feira, julho 20, 2006

“O problema em ser pontual é que nunca há ninguém lá para admirar isso.”

Deve existir um qualquer buraco negro em Lisboa do qual ainda não tomei conhecimento, porque mais de metade das pessoas com quem combino encontros são incapazes de chegar a horas, o que me leva a crer que percorrem todos o mesmo caminho, onde serão sugados para o núcleo terrestre, por tempo indeterminado, e depois devolvidos à superfície.
Claro que as pessoas “atrasadas” não percebem o stress que é esperar, porque nunca passaram por tal experiência na sua vida.
Para dizer a verdade detesto esperar por quem se atrasa. No primeiros minutos ainda tolero, nos 20 minutos seguintes já sopro para o ar e se demorar mais de 40 minutos mais vale nem vir, porque vou estar tão insuportável quanto uma tia de Cascais obrigada a fazer compras na Feira da Ladra.
Esperar implica desconforto, principalmente quando somos mulheres. Para começar, demoramo-nos a arranjar para causar um certo impacto na chegada, se não está lá ninguém para nos receber, metade do trabalho já foi em vão. À medida que vamos olhando para o relógio e ninguém chega, a roupa já não assenta tão bem, o cabelo já está despenteado e a pintura com metade do efeito inicial.
Toda a mulher que já teve de esperar por outra pessoa na rua, conhece, por certo, os vários comentários dos candidatos a tarado do ano, sendo este um dos melhores já escutados: “ai a flori tá sòzinha? Ò flori, não queres viri comigo pra casa?”.
Depois existe aquela questão do que se fazer com os braços. Estamos ali parados, sem nada para fazer e, de repente, os braços parece que estorvam qualquer ar mais casual que queiramos fazer.
Também consegue ser bastante incómodo quando se combina o encontro num restaurante. Entramos e sentamo-nos. Passado algum tempo vem o empregado perguntar o que desejamos, ao que respondemos estar à espera de uma pessoa. Esperamos, esperamos e esperamos. Já os restantes clientes estão a comer, a conversar e nós a alternar o nosso olhar entre o relógio e a porta de entrada. Sentimo-nos como ladrões prestes a serem descobertos. Esperar indefinidamente por alguém, num sitio público, faz com que os restantes tenham pena de nós, que pensem para consigo “coitadinha, levou tampa”. Sentimo-nos na obrigação de sorrir ao empregado, com ar de quem pede desculpa por existir. Quando a nossa companhia finalmente aparece, somos incapazes de mandar vir com ela. Retemos toda a nossa raiva e explodimos horas depois, quando a sós. Parece que não mas isto é grave, imaginem a quantidade de enfartes que podem ter sido causados por gente que retém a sua raiva pelos “desconhecedores da invenção do relógio”. Podemos estar perante um problema de saúde pública, até hoje, totalmente ignorado.
Em relação às pessoas que se atrasam constantemente tenho de formular uma teoria das minhas. Quanto a mim, todos eles têm de apresentar problemas de auto-estima, porque reparem, eles querem ser sempre desejados, sentir que alguém por eles espera, seja para os espancar ou por outro motivo qualquer.
No fundo eles precisam de ajuda especializada, pobrezinhos.
Acho que vou tentar acreditar nesta minha teoria, pode ser que me reconforte nas inúmeras esperas que ainda terei pela frente,...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

AHAHAH sabes q eu sou uma atrasada compulsiva e portanto estou solidaria cm todos os atrasados q por ai andam.. Afinal "Só os tontos é que chegam a horas" :PP
(http://lusitania88.blogs.sapo.pt/arquivo/887502.html)
bjufa

1:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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»

9:52 da manhã  

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