sexta-feira, setembro 29, 2006

Mais um "será?" para acrescentar aos anteriores

Será a nossa vida amorosa presente, um reflexo de todos os nossos relacionamentos frustrados do passado?!
Bom, acho que a resposta salta à vista para cada um de nós, sendo que ninguém passa incólume ao amor e essa é uma terrível verdade. Este sentimento leva-nos a extremos, estamos muito bem como podemos estar muito mal, graças a ele.
Na verdade, mesmo que um relacionamento termine da forma mais cordial teremos, por uns tempos, a estranha sensação de fracasso e de tristeza a acompanhar-nos.
Se pensarmos bem um final nunca é feliz. O final corresponde ao acabar de alguma coisa que em tempos desejámos começar. O único final feliz possível é o dos filmes, isto porque eles terminam as filmagens no momento da grande paixão inicial.
Acho mesmo que a forma como tratamos o nosso novo amor vai ser condicionada pelos medos que o anterior nos deixou. Alguns de nós ficam com o medo de arriscar, outros de errar de novo e, outros ainda, acham que será impossível confiar em outrém novamente.
Fico a pensar, será que os maiores cínicos emocionais terão sido os que mais amaram em dias passados? Terão sofrido tais desgostos amorosos que acharam que só conseguiriam prosseguir se perdessem a fé no amor?
Na verdade, não creio no cinismo total. Todos queremos ser amados, a diferença é que uns assumem-no e procuram-no em cada esquina, sem medos, enquanto outros preferem adoptar uma atitude distante e fria acreditando que assim afastam o sofrimento. Qual de nós não deseja acreditar na possibilidade de viver um grande amor, mesmo que jamais o tenha dito em voz alta?!
A questão que se pode colocar é como vamos lidar com quem sofreu mais que nós e que nos encara como representantes de todo um sexo manipulador e interesseiro?!
Será justo seremos julgados pelo que outros, bem diferentes de nós, fizeram? Creio que não o será mas acredito também que é nesta altura que temos de marcar a nossa diferença. A cada dia resta-nos ser nós próprios e mostrarmos que somos os do género que fica, os que não abandonam o barco, nem quando este balança em águas turbulentas, apesar de não podermos garantir a ausência da cara de enjoo. Somos seguros acerca do que sentimos e do que dizemos, portanto a afirmação de que “isto é especial” nunca será dita em vão. Achamos que vamos ser felizes para a vida e não estamos dispostos a abrir mão do que temos. Somos aqueles que ganham uma paciência que não têm em nome de uma conquista diária. Tornamo-nos nas pessoas que querem ficar com eles para sempre. Desejamos fazê-los crer que isso é possível, esse estranho fenómeno do amor para sempre.
Porque, quando ao lado da pessoa certa, para sempre nem é muito tempo.

James - Sometimes


“There's four new colors in the rainbow
An old man's taking polaroids
But all he captures is endless rain, endless rain
He says listen, takes my head and puts my ear to his
And I swear I can hear the sea
Sometimes, when I look in your eyes I can see your soul
(I can reach your soul)
(I can touch your soul)
Sometimes"

Existe sempre alguém que escreve melhor que nós (versão actualizada)

"As pessoas que morreram enquanto dormiam têm passado a vida eterna a sonhar"
Luís Filipe Borges no livro "Frases para ter na carteira"

quarta-feira, setembro 27, 2006

Would you?!


"If I lay here
If I just lay here
Would you lay with me and just forget the world?"
(Snow Patrol)

terça-feira, setembro 26, 2006

Cometeu um erro. Carregue na opção "voltar" para anular a sua escolha anterior.

Depois de alguns erros resolvidos no meu telemóvel, graças à opção “Voltar”, fico a desejar que também tivéssemos esse botão na nossa vida.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Citação


"I intend to live forever. So far, so good."
Steven Wright

domingo, setembro 24, 2006

Vá, vá, até o Batatinha tem um dia menos bom

Há dias em que, apesar de tudo correr pelo melhor, nos sentimos profundamente sós. Perdoem-me o plural mas gosto de pensar que não estou sozinha nisto.
Racionalizo e não vejo causas aparentes para tal estado. A verdade é que raramente me sinto assim, talvez aconteça uma vez no ano, se tanto. Talvez a isto se chame carência, talvez seja isso,... pode ser que eu seja uma carente de um dia e essa seja a forma menos complicada de o ser.
Hoje é um desses dias. Sinto-me triste e o dia acompanha-me. Apetece-me ficar na cama a ouvir a chuva que cai. Apetece-me um abraço apertado dado num quarto de silêncio. Apetece-me sentir que na verdade não estou sozinha, que alguém me consegue assustar os medos e fazê-los fugir.
Hoje quero um colo, daqueles colos que não precisamos pedir, dos semelhantes aos que nos davam em pequenos, quando caíamos, e que nos confortavam até à próxima queda.
Que se lixe a realidade dos adultos, tenho de lidar com ela durante todo o ano, por apenas um dia quero ser enganada. Quero que me digam que tudo vai correr pelo melhor, que os príncipes existem mesmo, que os bons ganham sempre e que quem amamos não morre.
Hoje baixei as minhas defesas de sempre. Estou exposta ao que vier. Não consigo pensar em respostas estratégicas nem em provocações irónicas. Penso agora na pessoa que queria ter ao meu lado neste momento. Reparo que foi dos poucos que já me viu chorar. Reparo ainda que foi o único com o qual me senti a desabafar como comigo mesma. Hoje, em que tudo me parece mais negro do que realmente é, ele continua a parecer o homem da minha vida. Melhor, tenho a certeza de que o é.
Na verdade, talvez eu recuse demasiado o meu lado mais frágil e, por isso, tenha um dia em que sou obrigada a parar e olhar para mim, para perceber que não posso ser sempre a resistente de quem ninguém espera a “queda”.
Vou esquecer-me de como fui ontem e de como continuarei a ser amanhã, por hoje, vou aceitar a minha fragilidade.
Por hoje, somente por hoje.

sábado, setembro 23, 2006

Citação


"Can miles truly separate you from friends... If you want to be with someone you love, aren't you already there?"

Richard Bach

Outra versão do "quem souber a resposta chegue-se à frente"

Depois da pesquisa “como saber se vamos ser felizes com o homem que escolhemos para a nossa vida”, pensei de mim para comigo, “Iolanda, nunca mais vais ver uma busca com tal qualidade”. Heis que me enganei.
Vieram aqui parar através da seguinte frase “marcas de unhadas”. Ora bem, dito assim não parece nada de especial, a questão é a manipulação que a nossa mente faz, automaticamente, após ler tais palavras.
Quererão saber os efeitos das unhadas? Se existem benefícios ou malefícios? Se existe alguma recomendação ou dica para tal acto? Quantos centímetros precisam as unhas de ter para serem eficazes nessa missão?
Pois é, muitas questão aqui se levantam, agora resta a cada um de nós imaginar a resposta.
Quanto a mim tenho apenas uma coisa a dizer “que as buscas continuem”.

Acha que a palavra TATICOGRAFIA é complicada? Então este post é para si!

Amo-te é a mãe das palavras complicadas.
Acho que se este post terminasse por aqui eu conseguiria uma concordância de 100% em relação a todos os leitores, porém, vou arriscar e opinar sobre tal assunto.
Primeiro que tudo, creio que esta é uma das palavras que as mulheres têm no seu Top de “desejo escutar isto”, juntamente com “o seu saldo bancário é infinito” e “a loja é toda sua”.
Um aspecto curioso sobre o “amo-te” é que ele pode ser usado nas mais variadas ocasiões, com as mais diversas intenções e os resultados mais distintos.
Existem as pessoas que nunca o dizem em primeiro lugar. Preferem resguardar-se, vêem essa palavra como uma demonstração de fragilidade, ou então, o medo de não existir o reflexo do espelho é maior do que a vontade de arriscar. Ama-se mas troca-se isso, simpaticamente, por um “gosto de ti” ou “adoro-te”.
Outros adoptam-na como a sua palavra chave de conquista do sexo oposto. Usam e abusam dela e, por isso mesmo, já se esqueceram do que significa na verdade.
Ainda conheço o género do “amo-te” nas primeiras 48 horas. A diferença destes, para os anteriores, é que acreditam piamente no que dizem. É preciso amar e dizê-lo repetidamente, rapidamente, porque todos os amores podem ser os da “sua vida” e não há tempo a desperdiçar.
Depois disto convém referir que as mulheres são complicadas (outro momento de 100% de concordância).
Algumas (a maioria?!) sentem-se inseguras até que esta palavra lhes seja dita ao ouvido. Não basta que gostem delas, é preciso que lho digam. O homem poderá passar o dia com carinhos, com demonstrações de amor, porém, se não se atrever a pronunciar tal palavra, a dúvida irá pairar sempre no cérebro feminino.
Talvez exista um qualquer protocolo assinado, desde a pré-história, dizendo que a função do homem é evitar verbalizar o “amo-te” pelo maior período de tempo possível, enquanto o da mulher será o oposto.
Creio que este acordo ainda não mudou, nos dias de hoje, por uma razão muito simples, trata-se da conspiração das lojas de peluches. Vejamos, os homens para tentarem contornar a palavra dita, optam pela palavra escrita, assim, em cada ocasião na qual se sentem “forçados” a deixar sair um “amo-te” optam, tacticamente, por comprar um boneco com a tal palavra escrita no peito. Desta forma ficam todos felizes, ele porque se acha inteligente com tal solução, ela porque fica a acreditar que é amada e as lojas que agradecem o lucro.
Penso que talvez consigamos quebrar este ciclo de duas formas, uma é dizendo-o apenas a quem realmente o merece, a outra é preferindo o gesto à palavra, que muitas vezes consegue disfarçar o que um corpo junto ao outro torna impossível de esconder, ou seja, o amor ou o desamor.


Aviso: Este texto não foi patrocinado pelo Pedro Miguel Ramos nem este blog pretende fazer parte da cadeia “Amo.te”.

Rádio Macau - O Anzol



"Ah eu já tentei/Mandar pintar o céu/Em tons de azul/P'ra ser original./Só depois notei/Que azul já ele é/Houve alguém/Que teve ideia igual./Eu não sei se hei-de fugir/Ou morder o anzol/Já não há nada de novo aqui/Debaixo do sol./Já me persegui/Por becos e ruelas/De horror/Caminhos sem saída/Até que me perdi/Sozinha sem saber/De que côr/Pintar a minha vida/Eu não sei se hei-de fugir/Ou morder o anzol/Já não há nada de novo aqui/Debaixo do sol./Eu não sei se hei-de fugir/Ou morder o anzol/Já não há nada de novo aqui/Debaixo do sol."

sexta-feira, setembro 22, 2006

Será?!

Quando envelhecermos e a nossa mente recuperar a simplicidade das crianças, perceberemos que os dias tristes não podem ser substituídos, que eles são apenas dias perdidos não recuperáveis e então, a partir daí, ignoraremos o que não interessa e quem nada nos diz.

É já ali,já já já ali.

Sabem aquelas pessoas que sofrem do síndroma “é já aqui a pé”?
Elas são, de certa forma, admiráveis, pois fazem-nos andar quilómetros levando-nos a crer que estamos a dois passos de distância do local pretendido.
Acredito que seria óptimo ter uma pessoa destas para nos estimular ao longo da vida. Por exemplo, naqueles momentos em que sentimos que não vamos conseguir atingir determinado objectivo, elas viriam e diriam “mas é já ali, chegas lá num instante, toca a andar”.
De certa forma somos enganados, mas a intenção é das melhores. Se pensarmos que será ao virar da próxima esquina que vamos finalmente encontrar o que desejamos, andaremos com mais rapidez, com maior afinco e determinação.
Portanto já sabem, se encontrarem um destes “exemplares” guardem-no para a vida, nunca se sabe quando precisaremos do seu convincente “é já ali”.

Garfield

quinta-feira, setembro 21, 2006

Hummm,...

"O relatório “Olhares sobre a Educação 2006”, da responsabilidade da OCDE, identifica Portugal como um dos países pertencentes à organização com um valor de propinas mais elevado e com o mais reduzido apoio estatal à comunidade estudantil."

http://www.mundouniversitario.pt/artigos.php?id=148

quarta-feira, setembro 20, 2006

Citação


“Raras vezes está ausente a felicidade. Nós é que não lhe notamos a presença.”
Maurice Maeterlinck

E você, faz grandes planos??

Ponho-me a pensar e acho que não faço parte do grupo de pessoas que faz planos.
Sim, porque acredito que a nossa sociedade se divide nos “planejadores” e nos “deixa andar”.
Confesso que quando era mais nova fazia parte do primeiro grupo, porém, actualmente, não tenho sequer a certeza em qual dos dois me encontro.
A verdade é que tenho medo de fazer planos porque acho que se os fizer vai acabar por dar tudo errado. Estou quase a acreditar que existe uma qualquer entidade cujo trabalho é tramar os planos a quem os faz. Por exemplo, se eu planeasse, com antecedência, ir passar uma semana à Costa da Caparica, chegaria o dia da partida e ficaria a saber que esse local tinha sido classificado como zona de análise do típico português em férias e que eu estava proibida de lá passar uns dias porque o grupo de estudo já estava escolhido. Coisas importantes deste género, percebem?!
Com isto dito, poderiam pensar que eu não tenho de estar indecisa, afinal, pertenço claramente ao segundo grupo, porém, existe aqui um pormenor importante, é que creio que os pequenos planeamentos podem ser feitos, apenas tenho medo de fazer os grandes. É como se essa tal entidade ignorasse os pobres de espírito, os que só querem não ser despedidos até ao fim da semana, e castigasse os que desejam ocupar o lugar do chefe nesse mesmo período de tempo.
Na minha cabeça existem alguns planos estabelecidos, mas tenho receio de os verbalizar, porque sinto que se o fizer eles não irão acontecer.
Acho que esta é uma boa altura para meter aqui uma citação, portanto, cá vai ela “as coisas sobre as quais menos falamos são aquelas em que mais pensamos”( Charles Lindbergh).
Não poderia estar mais de acordo, logo, termino aqui este post que, garanto, foi escrito sem planeamentos de maior (como devem ter percebido pelo texto em si).

Post que parece político mas que não o é de todo.

Existe um estranho fenómeno por explicar em Portugal, é ele o do investimento nulo no ensino superior.
Na verdade gostaria de fazer alguma piada tonta sobre o assunto mas não consigo.
Frequento um curso numa faculdade pública, na qual pago a propina máxima.
Uma vez que se trata de um ensino essencialmente prático, que inclui atendimento a pacientes, percebo que implique um grande gasto em termos de material necessário.
Ontem, comunicaram-nos que necessitamos de comprar material para a clínica da faculdade, para atender os pacientes que ali se dirigem, caso não o façamos arriscamo-nos a não conseguir atender as pessoas, nem treinar as técnicas necessárias. Pormenor, cada um dos objectos necessários custa 15 contos. São-nos pedidos dois.
Foi-nos dito que a verba dada pelo governo diminuiu este ano em, creio, 6%. Um aspecto curioso (mais um) é que a nossa faculdade recebe o mesmo subsidio do Governo que uma faculdade teórica como, por exemplo, a de Direito. Será só para nós que isso não faz sentido? Será que a igualdade existe apenas neste aspecto? Nos trocos que se dão sem ter em conta as necessidades de cada um?!
Lembram-nos que nos E.U.A o curso é bastante mais caro, porém, esquecem-se que os ordenados são superiores aos nossos e nunca se lembram de dar o exemplo dos países cujo ensino superior é gratuito (sim, eles existem!!).
Na verdade, este post não tem a intenção ou pretensão de ser político.
A questão é que poderíamos ter material novo, estarmos com as melhores condições possíveis de ensino, se tivéssemos dinheiro para aceder ao ensino privado.
Entrámos no ensino público, no qual o nosso Governo não investe. Não há atenção, não há cuidados. Somos um país que ignora os seus estudantes, que espera destruir as faculdades públicas de forma a poupar mais uns trocos.
Pode ser que daqui a uns anos a escolha seja mesmo a do ensino superior privado ou nada.
Temo que o nada vá ganhar.

terça-feira, setembro 19, 2006

Será?!

Será um dos nossos objectivos de vida encontrar o ombro ideal, aquele debaixo do qual nos encaixamos de forma perfeita e que assim nos protege do resto do Mundo?

Regra infalível

Regra infalível: A amizade masculina é proporcional ao tamanho da pancada nas costas com que se cumprimentam uns aos outros.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Citação

“Não há nada que esteja menos sob o nosso domínio que o coração, e, longe de podermos comandá-lo, somos forçados a obedecer-lhe.”
Sartre

quinta-feira, setembro 14, 2006

Será?!

O nosso maior egoísmo, talvez resida no facto, de apenas querermos o bem dos outros para que eles não atrapalhem o nosso próprio.

Teoria (quase) científica

Penso que finalmente percebi o mecanismo do ciúme.
Não acredito nada que apenas o inseguros o sentem, portanto, desenvolvi uma teoria muito própria.
Ora bem, acredito que sentimos ciúmes porque tememos pelo outro, ou seja, temos medo que ele não perceba que nós somos o que de melhor lhe poderia ter aparecido na vida. Sim, porque existem momentos em que as pessoas não se apercebem do nosso valor, o que as leva a cometer alguns erros crassos.
Não me venham com a conversa da “pobrezinha é insegura e acha-se pior que todas as outras”. Nada disso, os ciumentos estão apenas conscientes do seu valor e preocupados com o bem estar de quem amam.
Quando a possibilidade de um erro ser cometido se aproxima, estas pessoas têm o chamado “ataque de ciúmes”, que mais não é que uma protecção do outro.
O problema, muitas vezes, encontra-se no modo errado como os ciumentos se exprimem, porque, por exemplo, a frase “ se te vejo de novo com aquele estafermo parto-te a casa toda” não é nada simpática de ser dita, muito menos de ser ouvida.
Creio que não existe sentimento mais bonito que a preocupação com os outros, assim, se o melhor para eles é ficarem connosco, porque não abrir-lhes os olhos para tal facto?!
Portanto, da próxima vez que alguém se queixar dos vossos ciúmes, expliquem-lhes que a vossa preocupação é com o bem-estar deles e nada mais que isso.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Entretantos

Todos temos os nossos lugares comuns de Humanidade. Nascemos, crescemos, estudamos, trabalhamos, reformamo-nos e morremos. Dito assim parece tão pouco válida a vida, não é?! Parece uma linha de montagem, sem direito a percursos transviados ou sonhados. Porém, acredito que são os entretantos que nos salvam. Entretanto apaixonei-me, entretanto viajei, entretanto saí com amigos, entretanto tive filhos, entretanto fomos vivendo e dando cor a cada passagem da nossa vida.
A nossa vida seria toda igual. O que nos salva são os entretantos.

terça-feira, setembro 12, 2006

Ciúmes

O que são os ciúmes senão a miopia do raciocínio em oposição à lente de aumentar do coração?!

domingo, setembro 10, 2006

Parabéns e muitos posts de vida

Acabo de reparar que este blog fez um ano de vida a 2 de Setembro.
O tempo passou rápido e o Afasta de Mim Esse Cálice está a ficar um “homenzinho”.
Já passou a fase em que só dormia e comia, sendo visitado apenas pelos frequentadores habituais da casa, que o achavam “fofinho”, apesar da inércia deste.
Após um ano, o Afasta encontra-se num estádio mais interessante, em que procura a sua própria linguagem, fazendo tentativas para que esta seja, também, perceptível aos ouvidos alheios.
Está a abandonar o gatinhar, trocando-o pelos primeiros passos, ainda inseguros e desajeitados, mas que creio, irão melhorar no futuro. Esta é a idade em que as curiosidades começam e o medo do risco ainda não existe. Creio que, durante os seus próximos anos de vida, se manterá sempre sincero sobre o que vai pensando. Acredito que a vergonha de formular teorias absurdas demorará a chegar, se é que vai chegar algum dia.
Devido à sua tenra idade precisa de aprender com os outros, vai daí, manterá a visita a alguns colegas blogosféricos já mais crescidos, os quais admira, porque sempre lhe “abrem os olhos” para assuntos sobre os quais nunca pensou. Posso também garantir que, apesar de muito jovem, ele já sabe dar valor a quem o lê e já os considera amigos de casa, como tal, são sempre bem vindos.
E tal como já ouvi dizer muitas vezes, o tempo passou que nem se deu por ele. É sempre assim que acontece quando estamos num local que nos faz feliz.

Sonhos

Será que o suicídio dos sonhos acontece quando eles não vêem o precipício da realidade à sua frente?

Se alguém souber a resposta, por favor, chegue-se à frente.

Vieram parar a este blog através da seguinte pesquisa “como saber se vamos ser felizes com o homem que escolhemos para a nossa vida”. Minha cara, lamento desiludi-la, mas se eu soubesse a resposta para isso não estaria em Portugal a escrever posts mas nas Caraíbas a beber um refresco com o Johnny Deep, fazendo tempo para ir ter com Adrian Pasdar à piscina.
Ah, entretanto se descobrir a resposta, por favor, em solidariedade feminina, comunique qualquer coisa para estas bandas.
Agradecida desde já.

sábado, setembro 09, 2006

Cartoon

The Clientele

"In the silence of the garden
Moss arizing on the wind
And the beast is pondering love love love
'Till the rusty nail grow dim
I can't seem to make you mine
Through the long and lonely night
And I try so hard, darling
But the crowd pulled you away
Through the rhythm and the rain
And the ivy coiled around my hand
So I lingered with the people
In the silent August glade
But the rain has brought the night
And the night has brought the rain"
Ouvi esta música no filme "Casa da Lagoa" e apaixonei-me. Através dela estou a descobrir este grupo, pelo qual me começo a encantar.
Nem sequer me espanto de não ter ouvido falar deles antes, é que acredito que os grandes amores só aparecem quando estamos preparados para os receber e penso que, agora sim, estou pronta para conhecer estes The Clientele.

Citação

"E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz."
Fernando Pessoa

Eu tentei entrar no mundo informático mas fui expulsa para um canto inferior esquerdo qualquer

Após análise breve de alguns blogs, reparo que todos eles possuem a sua própria morada de email. Concluo que isso faz sentido e tento colocar a morada do meu, aqui, no blog. Uma vez que percebo tanto de informática quanto dos problemas sexuais das baleias brancas, decido arriscar e escrever o mail num qualquer local vazio do template. Como é lógico, não soube fazer um título todo bonito nem assinalar a sua localização de forma adequada, portanto, se o quiserem encontrar basta olharem para baixo do último link.
Pretendo fingir que a minha intenção era mesmo colocá-lo ali, de forma discreta e elegante. Já sabem, quando quiserem, sirvam-se dele.

A César o que é de César e post a quem merece ser "postado"

A semana passada estive a almoçar com umas amigas e, como sempre acontece, perdemos a noção das horas e ficámos a conversar a tarde inteira.
É realmente bom ter alguém com quem podemos contar, para o bem e para o mal. Fico a pensar em como criámos uma grande cumplicidade e, como, muitas vezes basta um olhar para percebermos o que todas estamos a pensar.
Sinto-me realmente feliz por as ter como amigas e considero uma sorte a entrada dessas pessoas na minha vida.
Conseguimos falar dos assuntos mais sérios e no momento seguinte não dizer uma única frase coerente. Rimos imenso e acredito já termos estofo suficiente para chorarmos juntas, se necessário.
Somos todas diferentes e creio que os papéis já estão distribuídos, havendo uma certa previsão de como cada uma reagirá perante determinada situação.
O mais importante é que nos momentos mais complicados juntamo-nos, pois queremos sempre o bem umas das outras. Criámos um núcleo duro que tem por base apenas a amizade e acho que isso é relativamente raro de encontrar, pelo menos quando olho em meu redor.
Vem aí um ano complicado e saber que as tenho ao meu lado é, no mínimo, reconfortante.
Sei que nelas vou encontrar consolo se alguma vez a desilusão aparecer, incentivo para quando perder as forças, carinho para os momentos em que me sentir excluída do Mundo, piadas quando a tristeza quiser reinar, ouvidos atentos para quando eu precisar falar e conselhos adequados para quando me perder no caminho. Para além disso, sei que terei sempre 3 telefones prontos a atenderem a minha chamada, mesmo que esta seja feita a horas impróprias.
Existem vários aspectos que nos proporcionam uma boa vida e creio que a amizade é um deles.
Sempre tive a certeza de que jamais poderia perder um amigo que fosse, até porque posso contar pelos dedos das mãos os que assim considero, e uma vez que acredito que todas as relações precisam de certos mimos, de vez em quando, este é o meu para elas.
Espero que gostem.

Citação


“A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas”

Drummond de Andrade

Para sempre

Quando desejamos ter alguma coisa para sempre é que nos apercebemos que, para sempre, ainda é muito pouco tempo.

Mas afinal sou parecida com quem??

Há uns tempos, estava no cinema com o meu irmão, e uma senhora sentou-se ao meu lado com os netos. Percebi que antes e durante o filme os três discutiam entre si se eu era uma qualquer pessoa famosa. O menino dizia, convicto, que era eu sim senhora, enquanto a irmã deste afirmava que não, a avó, por sua vez, também achava que eu seria a tal rapariga conhecida. No intervalo criaram coragem para me perguntar se eu era a actriz dos Morangos com Açúcar. Lamentei ir desapontar o rapaz mas tive de dizer que não.
Passados alguns dias, numa papelaria, voltam a perguntar-me o mesmo.
Recentemente, estavam uns adolescentes num café a onde fui e passaram o tempo inteiro a sorrir-me, como se me conhecessem, enquanto cochichavam entre si. Eu sorri de volta, ao mesmo tempo que pensava, oh não, Morangos com Açúcar de novo.
Uma vez que não vejo essa série, não tenho noção com quem me acham parecida, porém, fico a pensar, será que as lojas de roupa, de sapatos e afins também não me poderão confundir e começar a oferecer-me os seus préstimos?!

Paul McCartney - This Never Happened Before

"I'm very sure
this never happened to me before
I met you and now I'm sure
this never happened before
now I see
this is the way it's supposed to be
I met you and now I see
this is the way it should be
this is the way it should be for lovers
they shouldn't go it alone
it's not so good when you're on your own
so come to me
now we can be what we wanna be
I love you and now I see
this is the way it should be
this is the way it should be(...)"

sexta-feira, setembro 08, 2006

Fenómeno nacional a ser desmistificado

Existe um fenómeno estranho em Portugal. Atinge pessoas de todas as idades e classes sociais. Acontece diariamente, em todos os locais do país, desde o Norte ao Sul. Sucede nas ruas, em festas, no mercados, ou seja, em todos os lugares que são pequenos e esconsos ou grandes mas cheios de gente. Num determinado momento poderemos ser vítimas, deste fenómeno, e no seguinte os causadores do mesmo. O seu nome é “com licença”. Passo a explicar. Quantas vezes estão num local, a conversar, obstruindo metade da passagem (sim, assumam lá isso) e as pessoas que querem passar vos empurram só para não vos pedir “com licença”?! Creio que existem até casos relatados em que “o que deseja passar” se dividiu ao meio ou se transformou em homem/mulher elástico só para evitar dizer essas duas, aparentemente fáceis, palavrinhas.
Pensem lá bem, quantas vezes vos sucedeu estarem numa festa, com o vosso copinho na mão e levarem um empurrão nas costas, de alguém que quis passar no espaço de 1 milímetro que vos separa da parede, e que depois de vos ver com a roupa molhada, provocada pelo derramar da bebida, teve de soltar o célebre “desculpe”?! Sim, porque a falta de “com licença” anda muitas vezes associada a “desculpe”. Andamos a gastar “desculpes” ao desvario e depois ficamos sem stock suficiente para utilizar em casos de real necessidade. Seria muito mais agradável se todos pedíssemos “com licença” e ouvíssemos como retorno o bonito “faz favori”, tão tipicamente português.
Agora digam lá, não seríamos todos muito mais felizes se fossemos mais educados?!

quarta-feira, setembro 06, 2006

Citação


"A maior dor do vento é não ser colorido."
Mário Quintana

Voltar atrás na desistência

Quando desistimos de viver, o que nos resta senão fugir do nosso lado pessimista e procurar incessantemente o optimista, para que este nos traga de novo ao mundo dos vivos?

Plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro.

Como acreditar nos elogios de quem gosta de nós? Não estarão eles sempre a ver o nosso lado bom, ignorando algumas das nossas grandes falhas? Poderemos confiar nos seus olhos, que estão cheios de ternura e amizade, facto que lhes poderá toldar o sentido crítico?
Tantas perguntas surgem após me ter encontrado com um amigo meu. Fomos tomar um café e a meio da conversa ele sai-se com a ideia de que eu deveria escrever um livro. Depois de me ter rido e explicado que esse não é um dos meus objectivos, ele volta a insistir, aliás, insiste na sua ideia como se acreditasse nela piamente. Talvez ele acredite, eu é que não.
Não acredito que tenha de plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro, para ser feliz. Aliás, penso que atingir dois em três já seria um resultado excelente e não me importaria de ficar pelos dois primeiros.
Acredito que ainda não posso gastar folhas de papel em vão, continuo a achar que as letras gastas do teclado me bastam.
Penso até que, se escrevesse um livro, o seu título teria de ser “Tudo o que você nunca quis ler mas que eu escrevi na mesma”. Seria um acto de vaidade pessoal e não de talento que necessita de ser partilhado com o público.
Adoro ver livros bonitos e descobrir que o interior corresponde à capa. Gosto de me apaixonar por escritores, que me conseguem transportar para o seu Mundo, sem que tenha de fazer qualquer esforço para isso. Hoje, sei que jamais conseguiria que alguém se apaixonasse por um livro meu e, sem essa capacidade de seduzir quem lê, não vale a pena procurar artifícios ou recorrer a encantamentos para que a magia se dê de forma artificial.
Não poderei escrever um livro porque ainda não tenho histórias para contar nem imaginação suficiente para as inventar.
Talvez um dia cresça alguma escritora em mim e ela seja mais aventureira ou menos auto-consciente que eu. Nesse dia, talvez tenhas um lançamento de livro para assistires, talvez até te dê um autógrafo para exibires a quem quiseres e prometo, mas prometo mesmo, que se for convidada de algum programa o teu nome será referido como grande impulsionador desta minha manifestação literária. Por enquanto, vais ter de perceber que eu tenho razão e que as minhas explicações anteriores são verdadeiras.
Gosto de escrever os meus posts e sinto-me bastante contente por saber que alguém os lê e, por vezes, os aprecia. Não sou escritora, nem tenho pretensões de o ser, mas muito obrigado por acreditares que se eu o quisesse o conseguiria, afinal, o que seria de grande parte da nossa vida se não fosse a confiança cega que os verdadeiros amigos depositam em nós?!

Ser Dolly ou não ser Dolly- Uma questão para começar bem o dia

Não olhamos em redor porque não nos queremos distrair do caminho que pretendemos percorrer. Evitamos olhar para dentro porque não queremos ouvir gritos discordantes que nos levem a abandonar a maioria e a percorrer um caminho solitário. Somos um sem individualidade. Queremos o fácil e por isso concordamos. Somos um rebanho mal amanhado, de sonhos individuais por realizar, em nome da aceitação da maioria. Afinal a clonagem já existia antes de ser atingida cientificamente, pois não seremos, quase, todos uma Dolly pronta a exibir-se na convenção mais próxima?!

terça-feira, setembro 05, 2006

Lista pessoal

Cada vez fazemos as coisas de forma mais mecanizada. Organizamos o nosso dia-a-dia como se de uma fábrica de empacotar se tratasse. Temos compromissos a todas as horas e pouca paciência para imprevistos. No meio de todo o nosso caos diário, o que é que realmente vale a pena?
Segue-se uma tentativa de resposta.
- Estar junto a ti. Ver-te, escutar-te, sentir-te. Perder-me contigo num mundo onde acredito só existirmos os dois.
- Almoços familiares, as conversas simultâneas, as piadas, as recordações e toda a confusão que acontece numa mesa, quando se juntam pessoas que se amam, e que não o sabem demonstrar de outra forma senão empanturrando-se umas às outras com comida.
- Passar um dia frio e chuvoso embrulhada num cobertor, a beber chá, ao mesmo tempo que vejo um bom filme.
- Passar uma tarde de conversa com os amigos verdadeiros.
- Conhecer boas pessoas.
- Comprar um livro e ficar com aquela vontade de chegar rápido a casa só para o poder começar a ler.
- Sorrir, rir, gargalhar, de preferência até a barriga doer.
- Apanhar uma chuvada e chegar a casa para tomar o melhor banho quente de sempre.
- Brincar com o meu cão e tentar não ser arranhada pelo meu gato.
- Ver o mundo pelos olhos do meu irmão.
- Ouvir um Cd novo, em modo de repetição infinita, até que dele saibamos todas as letras e acordes.
- Dispensar alguns minutos para acreditar que os nossos sonhos, um dia, se tornarão realidade.

E agora que terminaste de ler este post interrogas-te qual será a tua lista pessoal. Eu dou uma ajuda, sabes que começa por “ler o Afasta de Mim Esse Cálice”, agora é só prosseguires,...

Citação


"Ele quis morrer para arrasar a morte e voltar."
José Amaro Dionísio

Prova de que, pelo menos, um homem irá perceber o sentido do post anterior

"Estou diferente. Cresci. É claro que isto tem tanto interesse para você, caro leitor, como saber da predilecção que o director de fotografia de Hitchcock tinha pelo bridge.
Mas apetece-me falar, para gaúdio dos meus pais, sobre as minhas recentes comprinhas de vestuário.Sim, eu que era o guru da boina nos dias em que o espírito parisiense entrava em mim roubando-me os preciosos minutos do duche,eu, que desde uma visita ao Brasil, introduzi os chinelos e chanatas na minha vida social,eu, que sonhava vir a ter a barba de um Joaquim Letria,eu, que adoro a liberdade de uns calções como Carroll adorava criancinhas,mudei.
À beira dos 26 anos de idade percebi, enfim, e graças a subtis e elegantes avisos de colegas de trabalho, que à mulher de César - hélas - não basta sê-lo.
Pois é. Comprei umas camisas de fazer inveja a um Paulo Pires, umas calças que orgulhariam um José Castelo-Branco, e descobri que a pele da minha cara, afinal, ainda estava lá, desbastada a amazónia. Sou um novo homem. Já posso caminhar pelos corredores, perfumado como um bebé que vai ser baptizado, e pronto para receber os homens de negócios.
Não é ironia, é a vida mesmo. Mas terei saudades do ar contrito da minha mãe, vendo-me sair de casa, e dizendo: "Ó filho, vais sair assim à rua? Tu fizeste Direito..."

Luís Filipe Borges (www.desejocasar.blogspot.com)

segunda-feira, setembro 04, 2006

Muitas mentes masculinas poderão ficar esclarecidas depois deste post.

Existem fenómenos, no mundo feminino, que os homens jamais compreenderão por mais que os expliquemos. Fazem parte destes, o parto, as lágrimas em filmes românticos, a alegria de comprar roupa/sapatos, a diferença que faz um corte milimétrico de cabelo, usar sapatos que magoam só porque são bonitos, o porquê de ficar intrigada com uma resposta aparentemente normal e muitas, muitas, outras coisas.
Porém, acho que com alguma paciência, calma e argúcia alguns exemplares masculinos compreenderiam as questões anteriormente citadas, menos uma: a consequência de uma troca de sapatos.
Passo a explicar. Imaginemos que vamos ter um encontro à noite, escolhemos a nossa roupa, o perfume, a bijuteria, está tudo decidido. Tomamos um banho e vestimo-nos. Desde a hora em que se combinou a saída, até ao momento em que nos encontramos na sala, arranjadas, à espera do rapaz, passaram umas boas 3 a 4 horas.
Sentamo-nos no sofá, tentando não amarrotar a roupa, ligamos e desligamos a tv, ligamos e desligamos a música, olhamos em volta. Neste olhar casual, reparamos que os sapatos não ficaram a combinar tão bem quanto tínhamos previsto. Voltamos para o quarto, olhamo-nos ao espelho e a coisa confirma-se, já não gostamos de ver ali “aquela dupla”. A indecisão surge, ou vamos assim, sabendo que iremos passar a noite desconfortáveis, ou arriscamos trocar toda a roupa sabendo que a nossa companhia não deve tardar em bater à porta. Decidimos manter-nos como estamos. Voltamos à sala. Ele ainda não chegou. Ok, voltamos ao quarto e trocamos de roupa. Uma troca de sapatos jamais será suficiente, porque depois já nada combina com nada. Seria como tirar a peruca ao Marquês de Pombal ,que sem ela, perderia mais de metade do efeito da sua toillete. Vasculhamos o armário e acabamos por colocar umas tantas camisolas e calças/saias para cima da cama e decidimos sobre pressão. Barulho da campainha, ele acabou de chegar e nós só de roupa interior. Vestimos a indumentária final à pressa e calçamos outros sapatos, estes sim os ideais.
Vimo-nos ao espelho. Tudo bem. Oh,oh, temos de tirar a maquilhagem que já não é da cor apropriada. Escutamos uma voz vinda dos confins “ainda te estás a vestir?!”. Ignoramo-la. Tirar pintura e colocar outra. Agora sim, terminámos. Finalmente saímos de casa, ignorando referências à nossa demora, e temos uma boa noite, sem neuroses, porque tivemos a sabedoria de descalçar os sapatos infernais.
No final, só quero que os homens compreendam uma coisa, tudo isto poderia ser evitado se simplesmente tivessem chegado a horas.

Citação


“Não és ambicioso: contentas-te com ser feliz.”

Jorge Luís Borges

domingo, setembro 03, 2006

É verdade que o primeiro nome da Saudade é Maria e que ela é portuguesa?!

Sempre ouvi dizer que a saudade nos pertence, a nós, portugueses, mas será mesmo assim?
Tentei definir tal sentimento mas tive de fazer batota, que é como quem diz, recorrer ao dicionário. Segundo este, “saudade é um termo difícil de explicar, existindo tão somente no vocabulário da Língua portuguesa sendo uma espécie de nostalgia, mas mais complexa. É a lembrança de um bem que está ausente.”
Se existe apenas na nossa Língua, quer dizer que todos os outros povos nunca sentiram a necessidade de definir o “aperto no coração”, provocado pela ausência de quem se ama? Ou será que tal sensação nem sequer lhes chega a surgir?
Será a saudade que nos torna menos alegres e expansivos que os brasileiros, ou até, do que os nossos vizinhos espanhóis? Afinal, o nosso país também tem praias, calor e sol durante vários meses do ano, no entanto, o nosso carácter colectivo não é de todo igual ao dos países que justificam a sua maneira, alegre, de ser pelo seu boletim meteorológico.
Talvez este sentimento tenha surgido na época dos Descobrimentos e tenha ficado calcado no nosso código genético de tal forma que, desde que o primeiro barco partiu, todos os portugueses ficaram condenados a sentir saudades de quem desapareça no horizonte.
Actualmente já não partimos nas naus nem vamos à procura de novas terras (embora ainda existam os velhos do Restelo). Mantemos a tradição de ir embora, conhecer o que está mais além, mas desta vez à procura de trabalho, ou apenas de outras formas de vida, o que nos continua a dar motivos suficientes para alimentar a saudade.
A verdade é que talvez até tenhamos algum prazer em cultivar tal sentimento. Qual o português que nunca se deitou na sua cama, a ouvir uma música bem triste, pensando em quem está longe? Obviamente que a saudade tem a sua melodia pessoal, afinal, o Fado mais não é que a saudade cantada. Ou não será assim?!
Acho que a saudade nos traz ao de cima um lado mais nostálgico e, até por vezes, trágico. Vários livros, de autores portugueses, revelam actos loucos cometidos por quem sofreu de “tal mal”. As mortes de amor são provocadas porquê? Porque quem ficou sozinho não consegue suportar a dor da ausência provocada por quem partiu. As saudades apertam tanto que a pessoa perde o ar . Morre-se assim de saudades do nosso amor. Claro que isto aconteceria no passado e não actualmente, afinal, hoje em dia ninguém tem tempo para morrer de “mal de amor”. Vivemos a mil, razão pela qual me pergunto, quantos de nós têm ainda tempo para sentir saudades dos ausentes amados?! Estará a saudade a transformar-se num sentimento de fim de semana livre?!
Lembrei-me de divagar sobre isto por um simples motivo, é que nunca tinha dito a frase “tenho saudades” tantas vezes como ultimamente.
Quando não vejo, por algum tempo, alguém que amo, sinto o meu peito encher-se de saudades tal e qual um balão, o qual esvazia rapidamente, porém, apenas em presença do “bem ausente”.
Pensando nisto, chego à conclusão de que o melhor de sentir saudades talvez seja o facto de as podermos matar sempre que a ocasião o permite.

E fosse tudo assim tão claro.


“Amar uma pessoa significa querer envelhecer com ela”

Albert Camus

sábado, setembro 02, 2006

Pede-se, desde já, desculpa pelo texto insano que se segue

Visão da minha vida futura, sob influência de uma forte insolação, provocada por um dia inteiro a andar ao Sol.
Para começar decidi que vou viver até aos 200 anos. Serei considerada a mulher mais velha do mundo e terei direito a uma reportagem no telejornal da TVI. Os mais conservadores espantar-se-ão de eu viver com um homem de 30 anos, porém, ficarão a questionar-se interiormente se será essa a razão da minha mente ainda não estar afectada pela velhice, tal como o facto de a minha pele se assemelhar ao de uma jovem com os seus 50 anos de idade.
Recuando mais no tempo, terei terminado o meu curso e começado a trabalhar, no entanto, achei a tarefa cansativa e decidi-me a frequentar festas das revistas cor de rosa, vivendo à custa da minha imagem, que entretanto se tornou um must no social.
Nessa vida intensa arranjei um marido rico, o que me deu muito jeito (sim, sim, eu também o amava. Acho eu.), que me possibilitou viajar pelo mundo inteiro, comprar toda a roupa e sapatos que desejava e ver todos os filmes e livros possíveis.
Entretanto, o meu marido, 30 anos mais velho, morria de ataque cardíaco na cama com a sua jovem amante de 19. Eu fingia-me surpreendida e a sofrer, o que me garantiria a entrevista mais bem paga da história, ao expor-me publicamente.
Recuperada da tragédia, com mais dinheiro no bolso, iria morar para Hollywood onde conheceria Adrian Pasdar. Ele apaixonar-se-ia perdidamente por mim, o que me levaria a oferecer-lhe um tratamento de crioterapia para o conservar relativamente jovem o maior número de anos possível. Fomos felizes durante uns tempos, porém, o gelo acabou devido aos problemas com a camada de ozono, e ele foi mirrando, ficando velho, surdo e eu cansei-me de repetir as mesmas frases. Coloquei-o num lar onde ele foi feliz com jovens enfermeiras, pagas a peso de ouro, até ao fim da sua vida.
Depois disso decidi ir morar em Inglaterra. Conheci o Príncipe Carlos num evento social e foi nesse dia que tive o único desmaio da minha vida, que se deu quando, inesperadamente, me virei e me deparei com a cara da Camilla mesmo encostada a mim. Achei a situação traumatizante e voltei para Lisboa.
Nos meus últimos anos tornei-me a financiadora de um jovem actor, com pretensões de escritor, ajudando-o a começar e prosseguir a sua carreira. Este jovem seria o único amor da minha vida e um dos que mais teria pago para manter.
Com o passar dos anos, decidi que o meu último desejo seria aparecer no telejornal da TVI, vai daí tratei de comprar uma pobre casa no norte do país, fingir-me de sofredora por uma vida e assim obtive a famosa reportagem que me faltava no currículo.
Após o meu desaparecimento saber-se-ia de toda a minha história, a TVI colocaria a Manuela Moura Guedes e o Artur Albarran a apresentar uma reportagem especial sobre a minha pessoa, que começaria com algo do género “A história nunca antes contada. A dor, a mentira, as traições, a verdade posta a descoberto. Não perca, aqui na sua TVI”.
No final, eu descobriria que andei uma vida enganada e que o céu existe mesmo. Eu seria uma das estrelas a brilhar, esperando a minha vez de retornar.

Citação


“Sim, não tenhamos pressa. Mas não percamos tempo.”

Saramago

Cartoon

sexta-feira, setembro 01, 2006

E hoje, o remorso terminou.

Hoje ouvi dizer que o meu ex-namorado casou.
Num curto resumo, posso dizer que o nosso relacionamento terminou à cerca de 3 anos atrás, sem qualquer tipo de discussão ou comportamentos menos correctos. Apesar disso, não mantemos o que se pode chamar de amizade, limitamos o nosso contacto a uma simpática mensagem de aniversário, apenas e só. Acho que quando fomos tão íntimos de alguém se torna complicado fazer dessa pessoa uma amiga, como qualquer outra, sem que exista algum embaraço ou confusão à mistura.
A verdade é que ele começou a namorar uma rapariga de 17 anos, muito teimosa, cheia de si e que acreditava que tinha sempre razão. Terminou o namoro com uma de 20 anos, que ainda não sabia o que queria, mas que tinha a certeza que não era o relacionamento que estava a ter.
Uma vez que a decisão de terminar partiu de mim, confesso que carreguei, até hoje, uma certa sensação de culpa. Esta atitude pode até sugerir algum egocentrismo, porém, a verdade é que sei que o magoei e custou-me lidar com isso. Lembro-me de, dias antes de conversar com ele sobre a separação, me recriminar por não gostar dele o suficiente. Culpei-me por não desejar partilhar os seus projectos de futuro comigo, de desejar que ele fosse tudo o que não era. A minha família e amigos gostavam dele, então porque raio tinha eu perdido o encantamento?! Sentia-me cada vez pior e, apesar de ele o saber, nunca se atreveu a dar o primeiro passo, a perguntar o que se passava. A certa altura percebi que a situação não era justa para nenhum, eu não era feliz e jamais o conseguiria fazer feliz a ele. Como não sei lidar com a mentira fui obrigada a enfrentar a verdade. Ele fez parte da minha vida durante 3 anos e em uma hora expulsei-o dela.
Não me arrependo de tudo o que passámos juntos, aliás, voltaria a fazer as mesmas escolhas porque foi graças a elas que cresci. Hoje, ao saber desta notícia, sinto-me feliz. Sei que ele queria casar e ter filhos, portanto espero que tenha encontrado a pessoa certa para isso.
Após o final deste namoro fiquei muito tempo sem me querer envolver com alguém, apenas por medo. Pensava que qualquer relacionamento que tivesse ia terminar e não queria passar por isso de novo, não queria sofrer tudo o que tinha sofrido. A certa altura esse receio desapareceu. Acho que cresci e percebi melhor o funcionamento da vida. Compreendi que pela pessoa certa vale a pena arriscar.
Passei muito tempo sozinha, o que me permitiu conhecer a mim mesma. Comprometi-me a não me conformar com namoros que não causassem taquicardias, a não preferir a segurança ao risco sentimental. Finalmente sabia o que procurava e não me ia contentar com algo menos que isso.
Posso dizer, sem falsas modéstias, que hoje sou uma pessoa muito melhor que era antes. Estou mais velha, facto que me permite ter cometido erros no passado e ter já sabedoria para não os repetir no presente.
Recentemente a vida fez-me o favor de me dar a conhecer a sensação de “perder o chão”, coisa que jamais havia sentido. Através de algumas coincidências encontrei a pessoa que me faz feliz de forma inexplicável. Graças a ele tenho um sorriso tonto nos lábios e a certeza de conhecer, agora sim, o significado de amor. Compreendi o que se sente no fundo do peito, quando se acredita que ele pode ser “o tal”. Não posso garantir que vai tudo correr bem, que ficaremos juntos para sempre, no entanto, uma coisa eu posso assegurar, é que ele vale o risco.