sexta-feira, dezembro 29, 2006

Happy New Year!!!


"O rei chegou

E já mandou tocar os sinos

Na cidade inteira

É pra cantar os hinos

Hastear bandeiras

E eu que sou menino

Muito obediente

Estava indiferente

Logo me comovo

Pra ficar contente

Porque é Ano Novo


Há muito tempo

Que essa minha gente

Vai vivendo a muque

É o mesmo batente

É o mesmo batuque

Já ficou descrente

É sempre o mesmo truque

E que já viu de pé

O mesmo velho ovo

Hoje fica contente

Porque é Ano Novo


A minha nega me pediu um vestido

Novo e colorido

Pra comemorar

Eu disse:Finja que não está descalça

Dance alguma valsa

Quero ser seu par

E ao meu amigo que não vê mais graça

Todo ano que passa

Só lhe faz chorar

Eu disse:Homem, tenha seu orgulho

Não faça barulho

O rei não vai gostar


E quem for cego veja de repente

Todo o azul da vida

Quem estiver doente

Saia na corrida

Quem tiver presente

Traga o mais vistoso

Quem tiver juízo

Fique bem ditoso

Quem tiver sorriso

Fique lá na frente

Pois vendo valente

E tão leal seu povo

O rei fica contente

Porque é Ano Novo"


Chico Buarque(1967)

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Citação


"Which painting in the National Gallery would I save if there was a fire? The one nearest the door of course. "

George Bernard Shaw

quarta-feira, dezembro 27, 2006

E hoje, é o primeiro dia do resto da tua vida

Tudo o que tem um princípio tem um fim. Desde o início dos tempos que assim é.
Como em tudo, as opiniões divergem, sendo claro que alguns de nós pertencem ao nascer do sol enquanto outros pertencem ao pôr do mesmo. Uns lidam melhor com os começos e outros com os finais.
Algumas pessoas preferem tudo o que está a começar. Adoram ver mulheres grávidas, testemunhar os primeiros passos de um bebé ou o começar de um novo projecto. Para eles, a continuação de um filme é sempre decepcionante, porque jamais poderá corresponder às expectativas do início do enredo. Procuram amores vários, pulando de um para outro, sempre que o começo se aproxima do meio e o meio do fim. Costumam temer os finais e por isso evitam-nos. Fogem dos moribundos, evitam terminar o que começaram e preferem não se lembrar de que tudo o que nasce morre.
Para contrapor, existem também os apreciadores de finais, os que acham que nada iguala o encerrar de uma tela de cinema ou o final de um trabalho. Estes aparentam sempre uma certa sabedoria, como se soubessem algo que escapa a todos os outros, algo que lhes ensinou que o final nem sempre é negativo.
Na verdade, creio que a maioria de nós é uma mistura de ambos os géneros. Precisamos de novidades, porém, não conseguimos evitar uma dor profunda no peito de cada vez que temos de abandonar algo que construímos.
Tudo o que um dia começámos adquire um valor incalculável para nós e o seu fim representa, de certa forma, uma perda. Passamos a maior parte da vida a construir coisas que iremos perder um dia, sejam elas emocionais ou materiais e, em boa verdade, teremos de aprender a viver com isso.
Talvez, uma das formas mais sábias de viver, seja saber dar o valor exacto a cada fim e a cada princípio. Talvez ganhemos mais paz de espírito quando soubermos apreciar um final feliz, uma despedida em grande, um terminar glorioso. Talvez consigamos ficar apenas nostálgicos ao relembrarmos os “bons velhos tempos”, mas jamais tristes, quando soubermos desfrutar do que de novo surge no nosso caminho.
Porque tudo o que tem um princípio tem um fim. Desde o início dos tempos que assim é.

“A dor é inevitável. O sofrimento opcional.”

Alguém veio parar a este blog através da seguinte pesquisa “Porque quando amamos nossos namorados eles nos tratam mal?” e, sabe-se lá porquê, decidi escrever um post sobre isso.
Prometo que não pretendo transformar o Afasta num blog de aconselhamento sentimental, tipo Maria, embora o que vá escrever em seguida tenha quase tanta credibilidade como o que por lá se lê.
Começando pelo que me parece lógico, quando nos dizemos encantadas por quem nos trata mal, o problema, ao contrário do que possamos pensar, não é deles mas nosso. Não somos nós que os amamos demais, somos apenas nós que nos amamos de menos.
Quando estamos num relacionamento merecemos tanto quanto damos. Claro que em matéria de amor as hipóteses são infinitas, existem todos os tipos e maneiras de ser feliz com outra pessoa, cada um só tem de encontrar a sua, agora, uma coisa que nunca percebi é como se pode ficar com quem nos trata mal.
Talvez não possamos escolher por quem nos apaixonamos e, disso estaremos isentos de culpa, no entanto, somos totalmente responsáveis por nos mantermos em relações que nos fazem mal e humilham.
Tentando responder directamente à pergunta, creio que quem nos trata mal não precisa de ter uma razão para o fazer, mas nós precisamos sempre de uma desculpa para nos sujeitarmos a isso. E, já agora, aproveito para perguntar, qual é a sua?

terça-feira, dezembro 26, 2006

Soneto do anjo de Maio (ou o poema que me fez chorar)


"Então, em maio, um Anjo incendiou-me.

Em seu olhar azul havia um dia

claro como os da infância. E a alegria

entrou em mim e em sua luz tomou-me

o coração. Depois, suave, guiou-me

para mim mesmo, para o que morria,

em meu peito, de olvido. E a noite, fria,

fez-se cálida — e a mágoa desertou-me.

Já não eram as cinzas sobre o Nada,

mas rios, e ventos, e árvores, e flamas,

e montes, e horizontes sem ter fim!

Era a vida de volta, resgatada,

e nova, e para sempre, pelas chamas

desse Anjo de Maio que arde em mim!"


Ruy Espinheira Filho

Boas entradas

Aproxima-se mais um fim de ano.
Para uns, esta data apresenta-se como o fim de um ciclo e o início de outro, possuem a esperança na mudança, fazem planos que acreditam ir cumprir e comem religiosamente as 12 passas, de forma a que a sorte dê uma ajuda aos seus planos terrenos.
Para outros, esta data é apenas uma desculpa para se reunirem com amigos e para que o divertimento reine. Sabem que nada muda drasticamente, de uma meia noite para outra, mas não se importam de acompanhar os restantes nas superstições habituais da época.
Quanto a mim, mantenho apenas o hábito de fazer uma pequena lista de objectivos a cumprir no novo ano e nada mais. Na verdade, se chego a cumprir metade deles já me sinto satisfeita, até porque nos primeiros dias de Janeiro a realidade volta a bater à porta, expulsando a força de vontade mágica do dia 31.
De resto, não como passas, não subo cadeiras e as únicas vezes em que parti copos foi devido à minha falta de coordenação e não a superstições.
Dito isto, confesso que este ano estou entusiasmada com tal data. Primeiro que tudo porque será passada de forma diferente do habitual e depois porque creio numa mudança para 2007.
Tenho novos desejos, novas ambições e, coisa rara, algumas certezas a serem ouvidas.
Neste ano que termina conheci novas pessoas, libertei-me de outras tantas, deixei morrer certos fantasmas e fiz nascer novos sonhos. Transformei-me, aprendi com os erros, caí, tropecei, levantei-me e valeu tudo a pena.
No findar de 2006 sinto-me feliz. Pela primeira vez, percorro um caminho que julgava que me estivesse vedado, faço planos que nunca pensei fazer e que hoje fazem todo o sentido.
Aprendi que o que mais procuramos nos aparece quando menos esperamos e apenas quando lhe sabemos atribuir o valor devido, por isso, no soar das badaladas peço apenas um beijo do meu “príncipe”, pois tudo o resto virá a seu tempo. Sempre a seu tempo.

domingo, dezembro 24, 2006

Citação



“Para meu coração basta teu peito

para tua liberdade bastam minhas asas.”


Pablo Neruda

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Feliz Natal

"You better watch out,
you better not cry,
you better not pout,
I´m telling you why: Santa Claus is coming to town.
He´s making a list,
he´s checking it twist,
he´s gonna find out who is naughty or nice.
Santa Claus is coming to town."

Citação natalícia


"Porque é que o Natal é um pouco igual a um dia no escritório? Você faz todo o trabalho e o sujeito gordo com o fato adquire todo o crédito."

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Pablo Neruda


"Tu eras também uma pequena folha que tremia no meu peito.

O vento da vida pôs-te ali.

A princípio não te vi: não soube que ias comigo,

até que as tuas raízes atravessaram o meu peito,

se uniram aos fios do meu sangue,

falaram pela minha boca,

floresceram comigo."

Dormir ou não dormir, cá está a irritadiça questão!!!

Nunca pertenci ao grupo de pessoas para quem a noite é a preferida.
A minha definição de “uma boa noite” corresponde, na maioria das vezes, ao desejo de estar deitada na minha quente caminha.
Agora, o problema surge quando as insónias se sobrepõem ao conforto de adormecer tranquilamente.
Sempre que estou preocupada o meu sono desaparece, então, passo horas desesperantes a olhar para o tecto do meu quarto, invejando os roncos alheios, imaginando um cenário sempre pior do que a realidade do dia seguinte.
Se por um lado, esta falta de sono nos garante que temos alma, também nos faz sentir pior do que deveríamos.
Fico a pensar se as pessoas irresponsáveis sofrerão deste problema. Serão as olheiras do dia seguinte um problema dos culpados, problemáticos e/ou preocupados crónicos?!
E não seria irónico que apenas as pessoas bondosas e as muito más conseguissem dormir tranquilamente, todas as noites?! Seriam os opostos a encontrarem-se no mundo dos sonhos, uns porque nada têm de que se arrepender e outros porque não possuem capacidade de arrependimento.

P.S: Caso este post seja altamente idiota, perdoem-me e tentem perceber que é o resultado de duas noites sem dormir.

As pequenas coisas

Nunca percebi como é que as pequenas coisas podem ter tanto poder.
A minha teoria é de que são elas que originam os ressentimentos, que ficam dentro de cada um, a criar raízes para poderem atirar os seus frutos podres dias, meses ou até anos mais tarde. São o “não me foste buscar ontem”, “não me beijaste quando chegaste” ou o “insistes em usar essa camisa” que se vão acumulando e levam a discussões enormes e, aparentemente, sem sentido.
E o pior de tudo é quando sabemos que as “pequenas coisas” nos estão a influenciar, de forma negativa, mas não nos conseguimos controlar mesmo assim.
Por exemplo, quantas vezes não ficamos extremamente magoados porque alguém nos disse uma frase despropositada, à qual nem sequer deveríamos ter dado atenção?
Sentimos vontade de chorar, nem sequer discutir nos apetece porque, mais do que zangados, estamos magoados. No fundo, somos demasiados sensíveis ao que nos diz quem amamos. As pequenas coisas só se tornam gigantes quando ditas pela pessoa certa.
Sempre achei que o segredo para evitar essas situações era encará-las de frente, assumindo que o motivo pode ser idiota, mas que é suficiente para uma pequena discussão de esclarecimento.
Bom, mas também pensava que deveríamos confessar o que sentimos a quem mais confiamos e creio, hoje, que estava errada. Talvez as coisas se resolvam através da dissimulação, afinal, é a isso que a maioria de nós está habituado.
Afinal, nós podemos estar preparados para falar mas eles não estarem preparados para ouvir.

domingo, dezembro 17, 2006

Porque o Natal nos desculpa até de ouvir Mariah Carey


"...I just want you for my own

More than you could ever know

Make my wish come true

All I want for Christmas is you..."

sábado, dezembro 16, 2006

Provérbio inglês


"A curiosidade matou o gato, a satisfação trouxe-o de volta."
(Obrigado à "fera" da Cátia pela pose para a fotografia)

Agora vivo num mundo de dois

Ao longo do tempo vamos construindo um mundo só nosso. Tornamo-lo o nosso lugar secreto, aquele onde tudo está no local correcto e onde os acontecimentos sucedem segundo a nossa vontade.
A certa altura, sem o prevermos, alguém consegue entrar, no único sítio em que nos sentíamos totalmente seguros. Não nos lembramos se lhe abrimos a porta ou se ele proferiu alguma palavra secreta para a abrir. Simplesmente entrou.
Tudo o que tínhamos definido até então deixou de existir. Perdemo-nos num espaço que nos é estranho e, no entanto, só agora nos começamos a sentir realmente seguros.
A determinada altura, deixamos de defender que um mundo sozinho não fará guerras e percebemos que sozinhos também não temos com quem construir a paz. Abrimo-nos ao que vier e passamos a desenhar um mundo a dois.
Perdemos a ordem a que estávamos habituados, ganhamos novas preocupações, perdemos algum controlo, adquirimos alguma irracionalidade e, mesmo assim, temos a estranha sensação de que só agora somos realmente felizes.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Citação


“A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.”


Mário Quintana

domingo, dezembro 10, 2006

Quando o amor é maior que o conhecimento

Passamos a vida a tentar ser perfeitos para quem amamos. O engraçado é que tendemos a ser tão mais perfeitos quanto mais imperfeitos são os outros.
Ninguém nos ama se formos apenas nós. Precisamos ser nós e mais umas quantas fantasias para que alguém nos olhe duas vezes. Precisamos ser mais e melhor. Nós, apenas, não basta.
Porém, chega a altura em que a máscara começa a pesar demais. O cansaço vence e ela acaba por cair. Ficamos expostos e a perfeição finda.
Findará o nosso amor também? Talvez, nalguns casos amou-se a personagem e não o actor que a compunha.
Mas se a paixão continuar, então aí sim, seremos perfeitos um para o outro, meu amor.

Hoje levei a Angelina até casa,querida!!

As respostas que os actores dão, sobre os seus beijos em palco, soam-me sempre como um taxista, que conduziu Angelina Jolie até casa, e que jura à esposa que esse foi apenas mais um momento profissional sem significado.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Comparando com o sonho,...

A realidade, para além de ser mais fria, é também obrigatória de viver.

Citação


"I learned long ago, never to wrestle with a pig. You get dirty, and besides, the pig likes it."


George Bernard Shaw

Cuidado, o texto a seguir pode destruir alguma magia natalícia. Se acredita no Pai Natal não leia!!

O Pai Natal é o responsável pela primeira desilusão que as mulheres têm com o sexo masculino.
Reparem, primeiro que tudo, oferece-nos as prendas que mais queremos, sem pedir nada em troca.
Tem 11 meses de tempo livre, para nos dar atenção, vivendo dos rendimentos obtidos durante um mês de intenso trabalho.
É dono da sua própria fábrica e conhecido por tratar bem os empregados, embora a questão “será exploração infantil contratar duendes?” ainda não tenha sido oficialmente esclarecida.
Ganha milhões em publicidade.
Tem o OH OH OH mais famoso da história.
Mora num local sossegado, usufruindo de uma bela lareira durante todo o ano.
Possui animais de estimação originais, dando-lhes nomes carinhosos, o que acentua o seu lado sensível.
E depois disto tudo o que é que acontece? Acabamos por descobrir, mais tarde ou mais cedo, que a pessoa que admirámos nunca existiu.
Agora expliquem-me, como é que se pode confiar nos homens?!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Bertold Brecht


"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento

Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem."

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Se o Michael Jackson tinha Wonderland porque não podemos nós ter a Betoland?

Hoje, quis o destino reafirmar a minha teoria sobre betos colocando-me, durante alguns minutos, em contacto com a versão masculina deste género.
A minha teoria é bastante simples e consiste na ideia de formar uma Betolândia.
O que seria a Betolândia, perguntam vocês? Pois bem, seria um lugar onde os betos viveriam em conjunto, com os seus sapatos de vela e os seus perfumes, estando afastados da população em geral.
Na verdade, creio que esta solução iria agradar à restante fatia da sociedade, que agradeceria tal iniciativa. Claro que os habitantes desse local se sentiriam felizes, não se apercebendo de que tinham sido isolados, acreditando apenas que a Kapital tinha dominado o Mundo.
Ora, a situação que hoje presenciei, e que me deu a ideia deste post, é bastante simples. Estive ao pé de um grupo de betos que iam jogar futebol. Uma vez que ainda tive de os ouvir por alguns minutos, não pude deixar de reparar nas diferenças entre estes e os grupos que normalmente vejo irem jogar à bola.
Por exemplo, para começar, não usam roupas gastas (preferidas para casos em que se vai ficar sujo) nem fatos de treino, no lugar destas encontram-se calças e pólos de marca. O motivo de tal diferença, pode consistir no facto destes não pretenderem suar, nem cair na relva, afinal, esse gesto tirar-lhes-ia alguma classe.
Depois, não se sente o cheiro de testosterona, habitual quando um grupo de homens se reúne, sendo Hugo Boss e Armani for Men que pairam no ar.
Agora, o detalhe que achei mais curioso foi a diferença do linguajar, demonstrado no momento em que um dos membros do referido grupo, liga para outro amigo qualquer, numa tentativa de ser simultaneamente engraçado e ofensivo, dizendo “vamos todos papar a tua prima”. Ora bem, meus amigos, logo aqui percebemos que o verdadeiro conceito de ofensa lhes é estranho, afinal, primas existem muitas, quem se ofende com isso?! Será que eles não percebem que uma boa piadola ofensiva tem de se referir à mãe ou irmã de alguém?! E reparem, papar?! Papar?! Bom, quando muito comer,.... agora papar parece um anúncio do Vitinho. Enfim,...
Depois desta experiência fico com uma certeza: a Betolândia só poderá ter campos de golfe e jamais de futebol.