sábado, julho 22, 2006

Pede-se um passado inventado para a mesa 7, se faz favor.

Qual a necessidade de sabermos tudo acerca do passado amoroso do nosso actual namorado?! Provavelmente não será assim tão importante essa informação, na verdade, poderíamos simplesmente inventar uma história e agarrarmo-nos a ela até ao fim. Por exemplo, um bom método é pensar que o nosso namorado, antes de nos conhecer, vivia numa ilha isolada em pleno Pacífico e que sobreviveu graças a elaborados meios tecnológicos lá colocados por humanos estudiosos do comportamento social isolado. Quando chegou a altura certa, abandonou a ilha e veio para o nosso país. Conheceu-nos, apaixonou-se pela primeira vez e o resto é história.
Pronto, será que custa assim tanto aceitar esta teoria e passar à frente de pormenores desnecessários e por vezes incómodos? A verdade é que acho que sim, é complicado.
Obviamente que se torna impossível não existir alguma curiosidade em relação ao que se passou antes da nossa chegada. Caramba, somos mulheres, nós queremos saber até todos os desgostos amorosos do Clooney, quanto mais em relação a alguém de quem não temos de comprar revistas para o desejar.
Graças ao nosso perturbado cérebro nenhuma resposta é boa para este caso. Vejamos, se ele não se refere à ex é porque algo de desagradável se passou. Começamos a pensar o que terá ele de errado? Será que foi ela que terminou ou ele? Será o rapaz um tarado à espera de se revelar? Se ele falar na ex pensamos que ele ainda não a esqueceu, que gostava mais dela, que nos usa para afogar as mágoas e tratamos de a imaginar uma Gisele Bunchen sendo que, muitas vezes, se tratava apenas de uma Rosa Mota nos seus dias bons.
Na verdade, a imaginação feminina é terrível, portanto, talvez seja mesmo melhor saber o que aconteceu, antes que a nossa mente comece a vaguear pelo mundo dos delírios.
Acho que para os homens esta questão não se coloca, pelo menos não da mesma forma. Segundo se diz, as únicas coisas que eles querem saber do nosso passado afectivo é “quantos foram” e “ele era melhor que eu?”. Uma vez que necessitam de tão pouca informação até dá pena contar-lhes a verdade, portanto, para os fazer felizes a resposta é, por vezes, alterada para um “sim amor, foram só dois e tu és imensamente melhor que eles juntos”. Não vale a pena o rapaz saber que todo o alfabeto foi percorrido antes dele e que se houvesse escala ele não passaria do valor e meio.
Em contrapartida, as mulheres não sentem extrema necessidade em obter informação sobre se eles dormiram em colchões de água ou se fizeram sexo na Torre de Belém olhando para os Jerónimos. A questão feminina é mais complexa que isso.
Nós queremos saber se ele gostou mesmo dela, o motivo porque terminaram, e mais importante de tudo, se a coisa está ultrapassada. Claro que também desejamos saber se ela era melhor amante que nós, mais bonita ou inteligente, mas isso já se torna informação bónus, dispensável quando a nossa confiança sobre sentimentos está assegurada.
Acredito que desejamos saber tudo isto para nos assegurarmos a nós mesmas, para nos certificarmos que não somos substitutas de ninguém, que o passado ficou onde pertence, possibilitando-nos a entrega total no presente.
Penso que o desconhecido é que pode ser assustador, porque não nos obriga a ter limites, deixando-nos numa sala sozinhas com um “mito” e nesse plano não existe resposta possível.
Assim, uma vez conhecido o fantasma da ex tudo volta a entrar no plano real e a coisa normaliza.
Com essa informação, já estamos prontas a ouvir falar de ex-namoradas desde que eles tinham 10 anos, porque percebemos que o presente é que tem de ser construído para que fique assinalado, a letra bonita e bem gorda, na página da história de cada um de nós, que esperançosamente, será escrita como uma história única.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Great site loved it alot, will come back and visit again.
»

5:20 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Keep up the good work. thnx!
»

8:36 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home