terça-feira, maio 29, 2007

Discutir é coisa de quem tem demasiado tempo livre entre mãos

Sempre detestei discutir e, por isso, desde pequena que evito a troca de palavras desagradáveis com pessoas importantes na minha vida.
Guardo da infância, a sensação primária, de que quem está a discutir comigo está, simultaneamente, a perder algum do “encanto” que sente por mim. Como se a vida fosse assim tão simples, como se deixássemos automaticamente de gostar de quem nos magoa, mesmo quando o fazem de forma deliberada.
Obviamente que quando falo de discussões não me refiro às diferenças de opinião em relação a religião, futebol, política e por aí fora, refiro-me sim, às discussões que surgem devido a faltas cometidas por alguma das partes, nem que essa falta se refira a um café constantemente adiado, que nos é cobrado por um amigo farto de não nos ver.
Hoje em dia, o meu medo de discutir com quem amo, torna-se maior. E se não houver tempo de fazer as pazes? E se andarmos chateados por horas, dias, meses e se, nesse entretanto, acontece alguma coisa que impede a reconciliação? Na verdade, cada vez tenho mais vontade de evitar discussões porque, cada vez mais, tenho medo de perder aqueles que amo.
Nos últimos tempos, percebo que sofremos muito na morte de alguém querido e que metade dessa dor é saudade e a outra metade é culpa. Pensar que jamais voltaremos a ver alguém conduz o nosso pensamento para terrenos onde os remorsos reinam. A certa altura, tomamos consciência de que certos hábitos jamais serão repetidos, que não temos mais hipóteses para dizer e fazer tudo aquilo que desejávamos com aquela pessoa. Logicamente que não vamos ser hipócritas e acreditar que é possível ter a relação ideal com todos que são importantes para nós, até porque, muitas vezes, são com estas pessoas que temos mais confrontos e, às quais, declaramos menos o nosso amor, tomando esse facto como adquirido. Mas fico a pensar, será que não vale a pena esforçarmo-nos um bocadinho todos os dias, relaxar, perder a vergonha e dizer um AMO-TE bem gordo às pessoas que realmente o merecem ouvir? Bom, claro que se os vossos amigos, familiares forem de alguma forma semelhantes aos meus, após declararem que os amam, eles vão procurar ajuda médica e tentar internar-vos, pensando que alguma patologia psiquiátrica está a tomar conta do vosso cérebro. Seja como for, creio que não discutir pode ajudar qualquer coisinha, nem que seja em evitar fazer-nos sentir mal connosco mesmos.
Olhando para trás, na minha vida, desejo acreditar profundamente que quem nos ama percebe que o amor é recíproco, mesmo quando não o demonstramos através de palavras.
Quero acreditar nisso, nem que seja pelo simples facto de serem essas pessoas que ouvem o nosso coração, mesmo quando ele se cala nas vezes em que deveria falar.

domingo, maio 27, 2007

Até ao meu desbloqueio

Fala-se muito no bloqueio de escrita. Gosto deste conceito. Prefiro-o ao de “bloqueio do cérebro que não tem qualquer assunto sobre o qual falar”.

sexta-feira, maio 18, 2007

I don´t have problems


segunda-feira, maio 14, 2007

"Para a vida ser justa, era importante que precisássemos também de nove meses para morrer."in Boato

Dia 13 fiz 24 anos e enterrei a minha avó.
Queria muito ter as palavras certas, para aqui as deixar, e com elas libertar o peso enorme que sinto no peito, mas parece que não as consigo encontrar.
Nunca tinha perdido alguém tão importante na minha vida.
O choque de ouvir “a tua avó morreu” foi das coisas mais brutais que já senti. Desfiz-me em lágrimas e em frases alheadas e repetitivas, de como não me despedi dela, de como não a fui visitar na véspera, de qual a última vez que tínhamos conversado...
Nos últimos tempos a minha avó tinha-se transformado noutra pessoa e eu tinha cada vez menos tempo, e muitas vezes menos paciência, para falar com ela. Acho que acreditava que ela duraria para sempre e que algures no tempo eu conseguiria compensar a minha falta dos dias recentes.
Não consegui.
Pensava que no dia em que alguém me morresse eu iria procurar qualquer tipo de fé, para me encaminhar, qualquer alívio espiritual. Na verdade, nada disso aconteceu. Limitei-me a tentar aguentar a dor e realizar na minha cabeça que a notícia era verdadeira. Tentar compreender que a imagem dela, dentro daquele caixão aberto, era a última que eu teria.
Depois é a preocupação com o meu avô e com o meu pai e o desejo, impossível, de lhes tirar a dor que os invade e que eles tentam disfarçar. Jamais esquecerei a imagem do meu avó, no cemitério, a despedir-se da minha avó. Pela primeira vez na vida vi o meu avô chorar. Corri para o abraçar e só me apeteceu parar o Mundo e tirá-lo dali. Fugir para uma realidade totalmente diferente. Depois, o meu pai também se foi abaixo. Acabámos os 3 abraçados a tentar apoiarmo-nos uns aos outros.
No dia do seu enterro eu fazia anos e não sei explicar o que se sente ao receber os parabéns e logo a seguir as condolências. Amigos que não sabiam o que tinha acontecido encheram-me o telemóvel com mensagens de parabéns e desejos de um dia fantástico. A ironia da vida. Enquanto eu deveria estar a comemorar o meu nascimento uma das pessoas mais importantes para mim estava a ser enterrada.
Nestes dias confirmei os quão importantes são os nossos amigos. Recebi de todos eles um carinho infinito, um apoio incondicional, que me consolou bastante. Depois, tenho também de dizer que o meu namorado foi essencial. Coube-lhe a ele a difícil tarefa de me dar a notícia e de passar por tudo isto comigo, ao meu lado. Após um ano de namoro já tivemos um susto de morte e uma morte. Parece que estamos a viver a vida intensamente juntos, não é, meu amor?! Como já disse, não tenho palavras para ele. É o amor da minha vida e em cada pequeno gesto, em cada palavra, em cada riso seu, existe uma parte de mim que se apaixona ainda mais.
Ontem foi dia de tirar as coisas da minha avó do quarto. Encher sacos com roupas para dar, coisas para o lixo, objectos que tinham sempre alguma coisa dela. Ter de mexer em artigos que ela tinha guardado, jóias que ela gostava, apontamentos escritos naquela letra trabalhada, lãs, óculos, tudo o que lhe pertencia, traz uma dor imensa e a incapacidade de controlar o choro.
Estar numa casa onde um dos seus membros falta é das sensações mais estranhas que se podem ter. Cada coisa nos lembra de quem já não está....
Agora, a preocupação última é apoiar o meu avô. É tentar que ele retome uma rotina sem a mulher com quem passou mais de 50 anos de vida.
Dizem que a dor acaba por passar... eventualmente... um dia.

sexta-feira, maio 11, 2007

Assalto ao blog

Não gosto de deixar o meu blog inactivo por muito tempo. Tenho medo que o assaltem, como fazem às casas das pessoas que vão de férias por muito tempo.

quinta-feira, maio 10, 2007

Nova lei

Em breve será apresentada a proposta de uma nova lei. Esta tomará a designação de “lei anti-crianças em recintos fechados” e o seu principal defensor será Miguel Sousa Tavares.
Um dos pontos mais relevantes, desta proposta, consiste no impedimento de acesso de crianças em restaurantes e cafés, sendo que a excepção existe nos locais que apresentem uma sala especial para os petizes e respectivos progenitores.
A verdade é que se estas pessoas querem ter filhos, então responsabilizem-se pela sua escolha e não obriguem os outros, que nada têm a ver com isso, a sofrer danos auditivos e, muitas vezes, físicos (quem nunca foi chutado por uma criança enquanto jantava levante a mão). Quem vai pagar as futuras consultas de otorrino, a um indivíduo que foi vítima de gritos e choros constantes, no restaurante a que ia habitualmente almoçar?!
Obviamente que esta lei não agrada a todos, sendo que os donos de estabelecimentos públicos referem algumas preocupações, afinal, o que farão eles se perderem o dinheiro que ganham com a venda de chupas, pastilhas, caramelos e afins?
Esta lei implica também uma forte coima aos pais que desobedeçam aos critérios definidos. Um pai que leve o seu filho a comer a um café, ao pé dos restantes clientes, sem ir para uma sala especial, incorre numa coima três vezes maior do que se agredisse o seu filho todos os dias, com varas de marmeleiro.
Encontra-se também, já em marcha, a lei anti-adolescentes. Porque eles são barulhentos, histéricos e borbulhentos, devem ser trancados nos seus quartos até serem jovens adultos, altura em que incomodarão o mínimo possível quem com eles se cruzar na rua.
E termino pedindo o seu apoio para estas duas causas, afinal, lembre-se que já é adulto e, como tal, pode defender idiotices disfarçadas através de um discurso aparentemente coerente e de justiça para todos.

domingo, maio 06, 2007

Domingo no trânsito...

A lentidão que as pessoas propagam ao Domingo, apenas pode ser explicada pelo desejo de retardar a chegada da Segunda.

quinta-feira, maio 03, 2007

Faltam treze dias e eu não estou a contar

Percebo que estou realmente a envelhecer quando faltam 13 dias para o meu aniversário e nem uma gota de entusiasmo me invade. E este sentimento, ou a falta dele, nada tem a ver com o medo dos anos que estão para vir, até porque não sou louca de me achar velha aos 23 (quase 24) anos de idade e até acredito que os 30 serão a minha melhor fase.
Na verdade, o que acontece, é que sofro de uma sensação de perda. A perda de já não fazer a contagem regressiva no calendário, de não imaginar que desenho ocupará o meu bolo, nem de que prendas desejar, com vários dias de antecedência.
A perda de ter deixado de acreditar que, no dia em que nasci, todo o Mundo me pertencia.
E isso é, de certa forma, um bocadinho triste...


Actualização: Só agora me dei conta de que errei neste post. Faço anos a 13 de Maio, tendo sido este texto escrito dia 3, obviamente só faltavam 10 dias para o meu aniversário. Sou claramente um exemplo de que a matemática dada na escola não resulta em cérebros geniais!

Questão do dia

Quem fala de si na terceira pessoa é porque ainda não tem intimidade consigo próprio?