domingo, agosto 26, 2007

Frase para os Domingos de manhã

A recompensa dos abstémios consiste no dia seguinte.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Quem não casa, quer casa?!


Até certa idade a nossa casa é o nosso castelo. A partir de certa idade, a nossa casa torna-se na torre de onde queremos ser salvas por um príncipe.
Chamando memórias antigas, quantos de nós não se sentiam melhor no regresso a casa, depois de um dia de escola complicado? Era como se regressássemos ao nosso lugar, aquele local onde nada nos poderia atingir. O recanto do quarto onde fingíamos ir em expedição até à Lua, o canto do quintal onde perseguíamos bichos de conta, a cozinha que sujávamos ao tentar fazer bolinhos para toda a gente.
Sentíamo-nos seguros na casa onde nascemos porque nada nela se escondia de nós, conhecíamos todos os seus cantos e recantos, sem qualquer temor de encontrar fantasmas no escuro. Conhecíamos também todos os habitantes da mesma, sendo que nenhum deles era um colega gordo que quando enfadado nos batia a torto e a direito. Não, todos os moradores nos queriam bem. No fim de cada dia, em casa, tínhamos a certeza de encontrar os nossos pais à espera das histórias escolares e também, quando necessário, o colo dos avós, que nos acolhia após uma palmada ou outra.
No entanto, a determinada altura, deixamos de nos sentir em casa. Algo mudou. Nós mudámos. Como diria o outro, “a vida aconteceu”.
O nosso quarto já não está cheio de peluches, já não queremos descobrir como os bichos do nosso quintal funcionam, deixámos de receber palmadas pelos nossos erros e os colos que nos receberam necessitam agora de descansar. E claro, já não precisamos de fugir do colega gordo, que entretanto cumpriu um qualquer regime dietético, superando o trauma de infância, tendo perdido a vontade de espancar quem se encontrasse em seu redor.
A verdade é que a casa que sempre nos acolheu nos expulsa para a vida, quando a altura certa chega.
A certo momento começamos a precisar do nosso espaço, de comprarmos as nossas coisas, de termos onde receber amigos para noitadas, de viver com a nossa cara-metade, de começar oficialmente a outra fase da nossa vida – a de adultos.
Fisicamente continuo a ter casa, espiritualmente ando à procura de um sítio a que possa chamar meu. Aliás, meu não, nosso. Sempre nosso, pois todos os desejos presentes se perderiam se eu deixasse de viver em plural com a minha metade singular.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Paraíso Açoreano