sexta-feira, março 30, 2007

Porque hoje nada tem de fazer tanto sentido assim II

Quando o susto nos entra pela porta dentro, resta-nos impedi-lo de chegar a todas as outras divisões que se escondem para além da sala.

terça-feira, março 27, 2007

Citação

"Democracy is a device that ensures we shall be governed no better than we deserve."
George Bernard Shaw

segunda-feira, março 26, 2007

"Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez/Senhor, falta cumprir-se Portugal!"Fernando Pessoa

Pela primeira vez Salazar ganhou uma votação de forma democrática e para isso foi preciso estar morto.
Obviamente que tudo não passa de um concurso mas não será falta de consciência considerar um ditador um grande português?
Será que quem votou na dita pessoa votaria também em Hitler? Provavelmente não, afinal Hitler foi um ditador que matou, que perseguiu e torturou milhões, nada como o nosso ditadorzinho pessoal que fez tudo isso mas numa escala mais pequena.
O que também não deixa de ser curioso são os jovens que defendem Salazar como tendo sido um grande português, esses mesmos que consideram os próprios pais uns tiranos apenas porque têm hora marcada para chegarem a casa. Vivemos num país de ignorância (um dos legados mais fortes de Salazar) e hipocrisia, onde o que é bom é sempre o que já passou. Esses mesmos miúdos não viveram em ditadura, tal como eu também não, mas foi-me transmitida a sensação de pavor que era ter alguém a bater à nossa porta de madrugada, o choro do meu pai em bebé, o pânico da minha avô, temendo que a qualquer hora lhe levassem o marido. Talvez os avós destes miúdos não lhes tenham contado esta história, talvez os avós destes miúdos não fossem os que temendo iriam abrir a porta, talvez fossem os que com o punho fechado batiam na mesma.
Também não acredito que aqueles votos tenham sido uma forma de protesto em relação ao estado actual do país. Se as pessoas se sentem injustiçadas, com um governo que não lhes agrada, então comecem a sair de casa para votar, informem-se do que lhes é prometido, lutem pelo que não se cumpre, aproveitem o facto de serem livres para falar, em vez de elogiarem quem os manteria para sempre calados, se pudesse.
Salazar deixou-nos uma pesada herança, inculcou em nós o espírito do respeitinho, do mais vale pouco que nada, retirou-nos todo e qualquer espírito de descobrimentos. Tornou-nos mais pequenos do que geograficamente somos ao diminuir-nos a alma.
Em última análise, quem explicará às vitimas de Salazar, e suas famílias, que o resultado de ontem foi apenas um jogo e não um elogio ao maior perseguidor e assassino do país?
Para terminar, fico a pensar na sorte que os apoiantes de Salazar têm por viverem em democracia, afinal, podem falar livremente e dar a sua opinião, mesmo quando esta é exactamente contra tudo aquilo que lhes concede tal atitude.

quinta-feira, março 22, 2007

Porque hoje nada tem de fazer tanto sentido assim

Sempre imaginei que o meu príncipe chegaria num cavalo branco, em vez disso, ele gaba-se de ter duplicado o meu pedido ao aparecer num "dois cavalos".

Em relação à citação anterior...

Se bem que hoje estou mais virada para acreditar na força de coisas fortes, tais como barras de ferro, bastões e por aí fora...

terça-feira, março 20, 2007

Citação


“Acredito na força das coisas frágeis”

segunda-feira, março 19, 2007

Só para não dizer que não escrevi nada hoje

Nunca compreendi muito bem a profissão de “crítico”.
Se percebo a coisa bem, existem pessoas que são pagas para analisarem assuntos de forma a que mais ninguém perceba a não serem elas. Por exemplo, quando recomendam, ou não, um filme salientam aspectos que nada dizem à maioria das pessoas. Como, algo do género “este filme está muito bem realizado, sendo que sou uma admiradora da arte de Richard Port embora não seja segredo para ninguém que este se inspira bastante no realizador de origem russa Kroifhzxg Bruzsxhkta. A cena da banheira retrata bem a perspectiva de vida de Richard (sim, adoro quando eles usam apenas o primeiro nome, como se fossem íntimos) que nos tenta mostrar o quão difícil foi a sua infância. No momento em que é comida a sandes podemos perceber que ele deseja mostrar ao espectador que a vida não é apenas dor, tal como tinha feito um outro realizador amigo seu, Andreiks Kovjinhught, no filme A Baleia Sabidona onde o recurso à metáfora é por demais utilizada. ”.
Em abono da verdade, quero só dizer que não tenho a mínima preocupação se a luz do quadrante A incide no vértice do losango do quadrante B e estou, muito menos interessada ainda, em ler quem escreve apenas para projectar a sua intelectualidade, estando esta, na maior parte dos casos, ausente.
Seja como for, a grande questão deste post é: porque é que apenas alguns ganham dinheiro com aquilo que todos nós, como bons portugueses, conseguimos fazer tão bem? (Para os mais desatentos o que fazemos bem é criticar, certo?! Criticar).

domingo, março 18, 2007

História curta

Ele olhou para ela mas não a viu. Tal e qual como nos dias anteriores.
Ela esperava por ele. Não compreendia como ele não reparava nela se todos os dias, todos os santos dias, ela se enfeitava só para captar o seu olhar.
Ele tinha uma esperança secreta, a de que alguém se apaixonasse por ele à primeira vista, vai daí frequentava o mesmo café, onde entrava sempre de forma quase épica.
Ela amava-o. Não o conhecia mas amava-o. Amava-o desde a primeira vez em que ele tinha entrado pela porta do seu café habitual. Imaginava-o o homem da sua vida.
Ele continuava com o seu ritual. Sentava-se na mesa junto à janela e ia intervalando a leitura do jornal do dia, com um levantar de cabeça, olhando em redor. Ele acreditava que o Sol que se lhe projectava na cara, vindo da rua, lhe iluminava a expressão. No fundo, ele procurava alguém que o visse com olhos diferentes, com olhos de paixão.
Seria hoje que ela lhe iria dirigir a palavra pela primeira vez. O que lhe dizer? Ela não sabia mas já não conseguia evitar mais aquele olhar iluminado pelo Sol. E se no dia seguinte ele abandonasse aquele café? Ela jamais se perdoaria por não ter tentado falar com ele, por o tornar mais real na sua vida.
Ele esperava a mulher ideal. A que ao entrar naquele café lhe lançasse um olhar de enamoramento imediato. Ela não lhe falaria, limitar-se-ia a sentar e a fixá-lo de forma embaraçada, como se não conseguisse evitar tirar os olhos dele.
Ela foi ter com ele.
- “Olá, bom dia, tem lume?”.
- “Não, não fumo”.
“Ah, está bem, então obrigada na mesma.”- respondeu ela num tom decepcionado.
Que mulher era aquela que lhe tapava a visão da possível entrada do amor da sua vida?!
Que homem aquele que nem soube fazer conversa com ela depois daquele exemplo óbvio de necessidade de atenção?
No terminar dos seus pequenos-almoços cada um fez o seu caminho habitual para o trabalho, ele pensando que amanhã poderia ser o seu dia de sorte, ela pensando que teria de encontrar outro amor imediato na sua vida.
Seja como for, ambos mudaram de café no dia seguinte.

sábado, março 17, 2007

E por hoje é tudo

Quantos sóis tentámos nós ser, na noite escura de alguém?

sexta-feira, março 16, 2007

Vinicius de Moraes


"Eu sei e você sabe

Já que a vida quis assim

Que nada nesse mundo levará você de mim

Eu sei e você sabe

Que a distância não existe

Que todo grande amor

Só é bem grande se for triste

Por isso meu amor

Não tenha medo de sofrer

Que todos os caminhos

Me encaminham a você.

Assim como o Oceano, só é belo com o luar

Assim como a Canção, só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem, só acontece se chover

Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer

Assim como viver sem ter amor, não é viver

Não há você sem mim

E eu não existo sem você!"

terça-feira, março 13, 2007

Citação


“Não existe nada mais chato do que duas pessoas que continuam a falar quando nós as estamos a interromper.”


Mark Twain

sexta-feira, março 09, 2007

Quão complexa é a vida de uma barriga masculina?

Que mistério se passa entre os homens e as suas barrigas?
Bem sei que se fala bastante mais nos enormes complexos que as mulheres possuem em relação aos seus seios, à sua celulite e gorduras localizadas, no entanto, penso que a repetição constante deste tema serve apenas para camuflar algo muito maior (por vezes literalmente), ou seja, as barrigas masculinas.
Toda a mulher já deve ter passado pela situação em que tenta fazer um gesto carinhoso ao seu par e lhe toca suavemente na barriga, obtendo por parte deste um ar desagradado de invasão, um recuo e uma mão ríspida a afastar a nossa. E isto acontece com todos, mais gordos ou mais magros.
Os mais magros falam da sua barriga como um objecto precioso a embelezar, ou seja, o sinónimo de musculação. Para eles o ideal é chegar ao aspecto de “tanque”, sendo que esse objectivo é equivalente ao ser “alta e magra” por parte das mulheres, bastante desejado, a biologia por vezes não ajuda e serve apenas como pretexto para uma vida de complexos.
O engraçado é que alguns desses homens “tanque” também não se sentem contentes com o seu aspecto, querem sempre mais músculos e cor bronzeada. O suficiente não chega e o muito ainda é pouco. Claro que a maioria dos “tanquistas” se sente orgulhosa ao despir a camisola, em plena Costa da Caparica, o que não deixa de ser uma forma de obsessão com a sua barriga. Sentem necessidade de a partilhar com o mundo, crêem que com ela poderão conquistar o mulherio que para eles olhar. Serão irresistíveis, pensam eles.
Existem também os cultivadores do efeito “cerveja” e estes podem seguir dois caminhos, o orgulhoso de t-shirt branca, cuja proeminência “barrigal” se manifesta de forma exagerada e exibicionista. Este grupo, sempre que tem uma oportunidade de enfardar, seja sob a forma de bebida ou comida, não a desperdiça. São os que gritam aos sete ventos como são felizes mas que, contudo, não deixam ninguém mexer na sua “preciousssssssssssssssssssssss”.
O outro grupo tenta usar roupas que disfarcem a sua barriga, comprometem-se a emagrecer e fazer abdominais, sempre, a cada novo ano. Também eles fogem com a “barriga à seringa”.
Agora que penso neste assunto, percebo o quão complexados os homens são com o seu corpo e o quão bons são a disfarçá-lo. Existem os implantes que escondem as carecas precoces, as depilações peitorais para os peludos, as lentes de contacto para substituírem os óculos fundo de garrafa, as prostitutas para fingirem que são bons na cama e uma mãe para culparem por todos os azares e complexos da vida...enfim, uma infinidade de possibilidades no mundo masculino que ninguém explora.
Por hoje sugiro apenas que faça a experiência, toque na zona abdominal do seu companheiro e confirme, por si mesma, a validade deste post.

quinta-feira, março 08, 2007

Citação

"A genética não é desculpa."
Bart Simpson

segunda-feira, março 05, 2007

Ao filho que um dia espero ter

Esta noite sonhei que estava grávida de ti.
Quem és tu? És o filho que um dia espero ter. És o desenho de um sonho recente e de uma vontade imensa de formar uma nova vida.
Queria começar por te pedir desculpa por nem sempre te ter desejado, nem sequer sonhado. Tenta perceber que eu talvez fosse muito nova….talvez muito egocêntrica….talvez muito tonta.Mas hoje, o meu maior medo é que não te possa ter. Que a vida me troque as voltas e me impeça de te construir dentro de mim. Que não me deixe concretizar tudo o que a minha imaginação inventa, sem preocupações de limites nem de tempo.
Sabes, no dia em que nasceres também irei chorar, tenho a certeza. Quando levares a primeira palmada, aquela que te irá abrir os pulmões a um mundo desconhecido, deixarei escorrer lágrimas gordas, pois também estarei, a partir daquele momento, a entrar no desconhecido para o resto da vida.
Espero que quando te colocarem no meu peito, te sintas quente, protegido e acalmes. Sei que eu acalmarei quando assim estiveres, porém, as lágrimas irão continuar a cair. A felicidade de te ter nos braços deve mantê-las em movimento nas horas seguintes.
Acho que também posso já começar por me desculpar, é que nos primeiros tempos não saberei o que te fazer, não irei saber se choras de fome, se de cólicas, e isso pode desesperar-te um bocadinho. Nessa altura só te peço, tem paciência comigo. Sou nova nestas andanças, tal como tu.
Depois de nasceres, passarei a ser uma pessoa com vida em dois corpos, residindo a ironia no facto do mais pequeno ser o que tem mais importância em relação ao maior.
Devo avisar-te que a vida cá fora não é muito fácil, no entanto, garanto-te que estarás sempre rodeado de quem te proteja, de quem te beije o joelho magoado da queda, de quem te sopre o cisco do olho e te passe a mão na cara e diga que não há problema em cair, que o que é realmente importante é o levantar e que tu te levantas como ninguém.
Também tenho de te dizer que és feito de uma metade minha e do homem da minha vida e que, devido a esse facto, não terás um feitio fácil. Quanto a isso não poderei fazer grande coisa, a não ser deixar-te um conselho, nos piores momentos tenta usar o humor, até agora isso tem resultado com o teu pai.
Quanto ao teu pai poderás estar descansado, escolhi o melhor. Aquele que te amará acima de tudo e que te tornará adepto ferrenho e delirante do Benfica. Com ele vais aprender muito sobre o mundo real e o imaginário. E, acima de tudo, sobre o amor.
Seremos dois loucos apaixonados a mimar-te, a ti, ao filho que espero ter um dia.

sexta-feira, março 02, 2007

Citação




"Renunciamos a três quartos de nós mesmos para sermos como os outros".


Arthur Schopenhauer

quinta-feira, março 01, 2007

Outro dia pensei nisto...

Não seria mais fácil se nascêssemos a saber para que tipo de trabalho fomos talhados?
Se assim fosse, na infância abandonaríamos a vontade generalista de nos tornarmos bailarinas ou polícias para desejarmos ser algo como fisioterapeutas ou engenheiros químicos. Deixaríamos de andar confusos na hora de escolher um curso e, mais importante, não entraríamos em determinada faculdade apenas porque era onde a nossa média se encaixava. No final das contas, os adultos deixariam de passar grande parte da sua vida frustrados com uma profissão que não os satisfaz e a pensar no que poderiam ter sido....um dia.
Está mais que provado que nascemos todos com aptidões várias, que poderemos seguir inúmeros e variados caminhos, no entanto não o fazemos. Se a culpa é só nossa? Claro que não. Culpemos então a vida, pois foi ela que nos trancou na realidade em que cada um de nós tem de se tornar especialista em determinada área para garantir rendimentos futuros. Actualmente, alguém com múltiplos interesses é designado como “disperso” e são-lhe recomendadas consultas de concentração com o psicanalista mais próximo.
Percebo agora que o número de pessoas que deseja fugir do trabalho seja semelhante às que desejam fugir do casamento, afinal, em ambos temos de escolher a opção certa, tentando maximizar a hipótese de sermos felizes para o resto da vida e minimizando a sensação de arrependimento. Também em ambos os casos corremos riscos ao voltar atrás na decisão inicial. Realmente não é fácil.
Em boa verdade, o que me preocupa nem são as inúmeras opções que poderemos ter, mas sim o não saber para o que fomos realmente feitos. E se nunca o viermos a saber? Se passarmos o resto da vida a achar que precisamos de algo mais?
Serão apenas seguros do seu caminho todos aqueles que nunca têm dúvidas e que raramente se enganam? E que será feito dos que são felizes no que fazem mas que, mesmo assim, sentem que isso não lhes basta?
Também será injusto que tenhamos de decidir cedo, e na idade em que menos temos capacidade para tomar decisões conscientes, aquilo que queremos fazer como fonte de rendimento futuro. A ironia é que quando temos idade para perceber que o caminho que escolhemos não é o mais indicado somos, muitas vezes, “velhos” demais para tentar mudar.
Talvez por tudo isto nos tenha sido dada a capacidade de sonhar.
Sonhemos então, pois nos sonhos, nem a Lua é inalcançável para qualquer um de nós.