sexta-feira, junho 30, 2006

E agora, um bocadinho de vida alheia

Continua-me a espantar a capacidade extraordinária, que todos acreditamos ter, de julgar a vida dos outros.
Da nossa vida evitamos falar, principalmente quando as coisas não correm bem, mas a vida alheia é para nós um filme a ser seguido atentamente, episódio a episódio, com direito a reposições e análise de takes.
Como dizia a canção infantil “o fruto do meu vizinho, parece melhor que o meu,..” e como tal, há que encontrar algo podre de forma a equilibrar a balança, entre o que possuímos e o que parece que os outros possuem.
De forma resumida, dentro do que a minha falta de síntese permite, conto uma história que retracta isso mesmo.
Uma das mulheres da minha família parecia ter o casamento perfeito. Sempre os vi juntos e com atitudes que aparentavam grande cumplicidade. À cerca de um ano, o seu marido morreu de ataque cardíaco. Imaginei a tristeza que ela deveria sentir, fui ao velório, onde tentei disfarçar a minha falta de palavras, que desejava que a conseguissem confortar.
Sempre me lembro dela como uma mulher forte e, a sua atitude nessa noite, apenas confirmou essa mesma ideia. Cheguei ao pé do seu colo e disse a primeira coisa que me ocorreu (estranha mania que mantenho e que pretendo em breve superar): “Não sei o que lhe dizer. Lamento muito e não sei explicar o quanto.” A estas palavras ela respondeu acenando com a cabeça, dando um ligeiro sorriso e dizendo que me percebe perfeitamente.
Passado alguns dias, soube-se que a morte do seu marido tinha sido devida ao uso exagerado de Viagra. Nesse mesmo dia, ela começou a receber telefonemas de uma mulher que lhe perguntava por ele, dizendo que estranhava os dias em que ele estivera ausente da sua casa, da sua cama, desejando saber o que se passava.
Em curto espaço de tempo, ela percebeu que andava a ser traída e que muito do dinheiro que haviam amealhado tinha sido gasto com outra mulher.
Nessa altura, o luto desapareceu e deu lugar à desilusão e à raiva. O pior, dizia ela, era ele não estar vivo para lhe poder pedir explicações, desabafar tudo o que lhe ia na alma, toda a raiva ficaria guardada para sempre, pois jamais conseguiria obter as respostas desejadas.
Ao contrário do esperado ela não se afogou em mágoas. As mulheres mais velhas, desta família, são todas demasiado fortes para isso e ela, como bom exemplo, tratou de refazer a sua vida. Passou a ir ao ginásio, a viajar, tomar conta do neto, ajudar nas exposições da irmã e encontrou, até, um namorado.
Ora, nesta última parte é que as más línguas começam a actuar em força.
As mesmas pessoas que a apoiaram, quando souberam do que se passou, são as mesmas que agora, por trás das costas, lhe dão facadinhas gentis, disfarçadas de preocupação verdadeira.
Ouvem-se sussurros a dizer que ela mal esperou que o marido esfriasse, que está doida, entre outras acusações feitas sob a forma de tema de conversa do jornal das 20h.
Admiro-a profundamente por diversas razões. Acho de grande coragem que após tal desilusão ela tenha conseguido arriscar outra relação, ter conseguido confiar em outro homem. Depois, é admirável que ela ignore todo o falatório que sabe existir, por onde quer que passe.
Quando achou que era a altura própria, tratou de dar a notícia às pessoas que para ela realmente contavam e, como se fosse uma adolescente, esperou a opinião destes. Quem realmente se preocupa com ela tinha apenas uma resposta possível “Se te faz feliz,...força!!”.
Claro que também contribuí com o meu comentário, que na altura foi ela ser 50 anos mais velha que eu, arranjar namorado e eu permanecer solteirona. Confesso que as viagens da terceira idade me começaram a parecer estranhamente interessantes, nesse dia.
Tudo isto faz-me crer, ainda mais, na teoria de que por mais anos que passemos com alguém, jamais a iremos conhecer totalmente. Na verdade, já não sei muito bem em que acreditar no que toca a relações amorosas, só acho que cada um sabe da sua e mais nada.
Persistem várias dúvidas sobre o certo, o errado, as desculpas, as respostas, as diferentes situações, os atenuantes e os perdões, porém, uma única certeza, que é a de que julgar compete apenas aos directamente envolvidos nas situações e jamais aos que espreitam de fora, pelo seu buraco da fechadura, tentando disfarçar que é a preocupação que os impulsiona e não o desejo de assistir, em lugar privilegiado, à desgraça alheia.

Mais uma vez, perdoem-me as citações mas esta tornou-se inevitável


"Como se foge para longe de algo parado a meio de nós?"

Alexandre Borges

Minha culpa - Florbela Espanca

"Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo... um canto de paisagem
Ou apenas cenário! Um vaivém
Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...
Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro..
Uma chaga sangrenta do Senhor...
Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador..."
Florbela Espanca

quinta-feira, junho 29, 2006

Parabéns para ti,

Quantos de nós já receberam mensagens de parabéns realmente originais?!
Normalmente bate tudo na mesma tecla do “muitos anos de vida,...” ou “que tenhas um dia muito feliz”. Chega uma certa altura que já não conseguimos inovar, afinal, é muita gente a festejar a mesma data todos os anos e isso acaba com qualquer espírito renovador.
Hoje foi o aniversário de um amigo meu e, apesar de ter gostado de lhe dar dois beijos de parabéns pessoalmente, tive de me restringir ao telemóvel. Ambos somos pessoas estudiosas e como tal, estamos num período de isolamento social que não nos permite confraternizar um com o outro, nem sequer no dia de hoje, em que ele se gabaria do ganho que foi o seu nascimento para a Humanidade e eu simplesmente faria o papel de pessoa sã desta amizade e trá-lo-ia de novo para o planeta Terra, onde a sua presença é totalmente irrelevante a não ser para quem é seu amigo.
Porém, fiquei contente com a mensagem que lhe enviei, acho que consegui ser o que não era à muito tempo, ou seja, fui totalmente original.
Mandar uma mensagem estranha de parabéns não é habitual, no entanto, só corri esse risco porque sabia que ele compreenderia a intenção subjacente.
Recebi a sua resposta, passado algum tempo, e foi com alegria que percebi que existem coisas que nunca mudam.
Aproveito para registar aqui o que não lhe disse hoje, porque um telemóvel não passa de um telemóvel e este nunca consegue transmitir tudo o que desejamos.
Na verdade, espero que continues a pessoa insuportável que és, porque assim jamais estarei sozinha; que te mantenhas arrogante porque assim tenho com quem embirrar;
que continues com ideias completamente estapafúrdias porque dessa maneira permites que eu treine a contra-argumentação; que sejas o único a atrever-se a esquecer os meus anos, de forma a que eu tenha quem espancar nos meus primeiros dias de pessoa mais velha; que consigas manter a capacidade de me fazer rir até o estômago doer e as lágrimas me correrem pela face; que a tua lata inacreditável se mantenha assim mesmo: inacreditável; que me continues a conhecer tão bem que basta ouvires a minha voz para saberes qual o meu estado de espírito; que o passar dos anos nunca seja equivalente a afastamento entre nós, que a nossa amizade resista às nossas diferenças, às rugas, incontinências urinárias, alzhiemeres e parkinsons que por aí virão.
Que continues a perceber que jamais consigo falar totalmente a sério quando preciso de dizer que já fazes demasiado parte da minha vida, que sem ti nada seria o mesmo e que te adoro (como te conheço cá vai o aviso que se impõe: não sejas tarado, é apenas amizade, caso já estejas a pensar em assediar-me).

Adeus

Existem pessoas que me provocam a estranha vontade de as trazer para casa.
A minha última “aquisição” deste género é um senhor que se encontra, à noite, parado na zona do Saldanha e acena a quem por ele passa.
Para além de ter um aspecto encantador, que apenas a sua idade avançada permite, o seu delicado gesto intriga-me ao mesmo tempo que me conquista.
Como pode um simples “adeus” reconfortar alguém?! Como pode alguém achar que tal gesto mudará alguma coisa para quem o vê?!
Fico a pensar que ao longo da nossa vida vamos tendo um número razoável de despedidas, no entanto, pouquíssimas delas conseguem ser tão claras, simples e bonitas como um simples acenar de mão.
Na verdade, porque hei-de eu pensar que o senhor diz “adeus” e não “olá”? Afinal, um aceno também pode ser uma forma de iniciar uma conversa, com alguém que vimos ao longe.
Como em tudo, o significado varia conforme os olhos de quem observa e não depende apenas da imagem em si mesma.
Quem me dera ter a profundidade de espirito do tal senhor, porque me faz sentir que aquele gesto tem uma importância para lá de todas as formalidades e ditames das regras de sanidade mental, exigidas na sociedade actual. Porque não se tem de ser louco para perceber que existem outras pessoas que nos rodeiam e que um simples sorriso pode mudar grandemente os dias de “cão” que por vezes nos atormentam.
Dia após dia continuamos a preferir passar discretos, ignorando-nos uns aos outros, desaparecendo sem que alguém de nós sinta falta. Quem sabe se um simples adeus não mudaria tudo isso?!
Quantas pessoas sentirão a sua falta, um dia que ele desapareça?! Muitos vão ficar sem o adeus, o desejo de boa viagem, o olá ao qual estão habituados.
No final, sentirão a falta de quem lhes conferiu presença mesmo sem nunca lhes ter dirigido a palavra.
Quando por ele passarem, aproveitem e treinem o vosso aceno, nessa altura, cabe-vos escolher se estão a dizer adeus ou a iniciar uma longa conversa intercalada por paragens em semáforos.
Seja como for, por certo valerá a pena.

E você, tem perfil de larva?!

Li hoje um artigo bastante curioso sobre um certo tipo de larvas, presentes no estômago de determinados peixes, no Rio Amazonas.
O que tem tal bicho de especial? Ele é simplesmente considerado como o perfeito exemplo de monogamia.
Na realidade, estas larvas quando encontram o seu parceiro tratam logo de se assegurar que este é para a vida toda, ligando-se um ao outro através da barriga.
Não deixa de ser curioso como ainda há quem se queixe do quão “castrante” é a condição de monógamo na nossa sociedade.
Imagino o que diriam se fossem larvas,..

domingo, junho 25, 2006

Depeche Mode - It's Called A Heart



"There's something beating here inside my body/And it's called a heart/ You know how easy it is/To tear it apart!/If I lend it to you, will you keep it safe?/If I lend it to you, will you treat it tenderly?/There's something beating here inside my body/And it's called a heart(...)"

Garfield

Olheiras? Mau humor? Cansaço? Quer tudo isto?!Então pergunte-me como!!

Para alguns já começou, para mim vai começar agora, aquela fase do ano em que descanso se torna uma palavra desconhecida e em que passamos a ter menos vida social que um ermita.
Começamos a maldizer todas as pessoas bronzeadas com quem nos cruzamos, tratando-os mentalmente como “os desgraçados que não têm nada para fazer”.
Invejamos as crianças que vemos na rua, lembrando-nos do quão fácil era a nossa vida naquela altura.
O primeiro pensamento do nosso dia vai para o mês de Agosto. Nunca nada nos pareceu tão longínquo e perfeito.
Quem connosco tentar manter uma conversa saberá, desde logo, que andamos a dormir pouquíssimas horas por noite, daí as nossas olheiras, e que “a coisa não está fácil, nada fácil,..”.
Não fazemos ideia do que se passa no País, sendo esta a única vertente mais ou menos positiva de toda a situação.
Preferimos isolar-nos também do meio cultural. Não vale a pena saber que concerto ou exposição irá acontecer, porque provavelmente será num dia em que não poderemos ir.
Isto tudo para dizer que os exame estão aí à porta.
Resta-me esperar que a visita seja curta, agradável (dentro do possível) e que só me volte a visitar daqui a um ano.

sábado, junho 24, 2006

O amor da nossa vida

O amor da nossa vida é lamechas e certeiro.
Ele é grande e atrai pequenos olhares alheios, a cada novo beijo dado.
Parte do seu encanto reside no facto de apenas aparecer quando não o esperamos, porém, fá-lo na altura em que dele mais precisamos, quando a descrença começa a surgir e o cinismo a ganhar terreno.
Sentimos que já conhecíamos o amor da nossa vida, talvez de outra vida qualquer.
As coincidências são várias e assemelham-se a um luminoso caminho a néon, no meio de um breu total, com indicação directa para o nosso grande amor.
Por ele esperámos e temos a certeza de que cada minuto, cada dúvida, cada tropeção, valeram a pena. Acreditamos que o nosso passado foi apenas uma forma de nos transformarmos, de maneira a que o nosso grande amor nos reconhecesse quando connosco se cruzasse.
Inevitavelmente não o conseguimos explicar aos outros, somente sabemos que nunca sentimos “aquilo” antes e torna-se impossível acreditar que tal intuição possa estar errada.
Ele dá-nos a conhecer outra vida, aquela antes e depois dele.
É esse amor da nossa vida que nos faz falar com ele como se com nós próprios, que permite que o silêncio não seja sinónimo de embaraço, nem de comprometimento, e que cada palavra dita soe perfeita.
O amor da nossa vida também nos provoca apertos no coração, como quando dele nos afastamos e as saudades aparecem. Estas são fortes, imediatas e impossíveis de evitar.
Um dos aspectos positivos deste grande amor é que conseguimos deixá-lo respirar. Não o prendemos, deixamo-lo livre, porque sabemos que ele é o NOSSO amor, jamais compatível com os braços de outrém, depois de pelos nossos ter passado.
Queremos proteger o amor da nossa vida, não o queremos exposto nem desprotegido a olhares que jamais o compreenderão. Tentamos que as pessoas percebam o sentimento que nos atinge, mas de tão difícil verbalização, opta-se antes por esperar que quem não o compreenda não tente nunca quebrar-lhe o encanto.
Este amor preenche-nos a face com sorrisos inevitáveis e tolos.
Leva-nos o pensamento para longe onde recordamos expressões faciais, a voz da qual tanto gostamos, os risos que parecem ainda ecoar no fundo da sala e palavras jamais ditas anteriormente.
Quando dele falamos o nosso olhar brilha e a voz suaviza, tudo isso de forma inconsciente. Sentimo-nos ridículos mas até a isso achamos graça.
No final, não importa que não seja eterno, apesar de quase podermos jurar que o será. Não se pensa nisso, parece óbvio que ficaremos juntos para sempre e que só isso faz sentido.
O amor da nossa vida faz-nos perder medos e considerar planos jamais antes ponderados.
E até mesmo os defeitos terão o seu encanto. Afinal, o amor da nossa vida não é perfeito, no entanto, não será já suficiente ele ser tudo o que sempre desejámos?!
Acordamos a pensar no amor da nossa vida, intercalamos os nossos afazeres do dia-a-dia a pensar em como ele estará, se sentirá a nossa falta, e terminamos o dia como o começámos: com a cabeça na almofada e o coração no nosso amor.
O amor da nossa vida leva-nos a escrever textos melosos e lamechas e a pedir desculpa aos leitores menos precavidos contra estes momentos.
E quanto ao amor da minha vida, resta-me apenas dizer “Let Me Show You The World In My Eyes”.

quarta-feira, junho 21, 2006

Sapo, Príncipe, ou Homem Real?!Em que acreditar?

Chega uma altura da nossa vida em que aprendemos que o príncipe encantado das história infantis não é real. Tomamos consciência de que nenhum homem nos poderá fazer feliz se nós, sozinhas, já não o tivermos conseguido ser.
Após essa lição, temos de aprender outra. Temos de decidir se vamos querer ficar com alguém, apenas para evitar a solidão, ou se devemos esperar por quem realmente faça o nosso coração bater mais forte.
Na realidade, ficarmos sozinhos não tem nada de assustador, aliás, tem uma grande vantagem, conseguimos conhecer-nos sem necessidade de pressas ou falsas expectativas.
Quando estamos vazios por dentro, não vale a pena procurar quem nos preencha porque essa capacidade é apenas nossa, não sendo tarefa para atribuir a outrém.
Depois existem os que já sabem o que é estar sozinho e dão-se bem com esse facto. Por um lado, podem ter desacreditado totalmente no amor, por outro, podem ainda esperar que ele lhes surja pela frente e vão ansiando, secretamente, por esse dia.
Quem é que já não se interrogou se vai encontrar alguém com quem o seu coração aprenda a bater compassado, num ritmo cadenciado e certeiro?!
Hoje em dia já não se lêem muitas histórias infantis que envolvam fadas, princesas, sapos e príncipes. Talvez esse seja um dos motivos para estarmos a ficar cínicos cada vez mais cedo. Aos vinte anos, enchemos o peito de ar e gritamos para quem quiser ouvir que o amor não existe, que as pessoas são todas fingidas e que andamos uns com os outros somente para evitar os longos anos de solidão que se avizinham. Criticamos quem assim não é e chamamos-lhes inocentes, infantis e ridículos.
Mas será que no final do dia, quando encostamos a cabeça na almofada, não gostamos todos de imaginar que existem pessoas que fazem com que cada minuto com elas valha a pena? Das quais nos lembramos ao deitar e ao acordar? Pode ser que um primeiro olhar ainda signifique alguma coisa especial, que exista quem descodifique o que se esconde por detrás de um sorriso e que consiga fazer de um momento de silêncio o momento perfeito. Será que ao menos, a estas pessoas, não podemos conceder o rótulo de “príncipe” ou “princesa” da nossa vida? Porque afinal o que sentimos por elas é encanto e isso é palavra obrigatória numa história de fantasia.
E no final, mesmo que o encantamento tenha durado apenas uns dias, um mês ou um ano, o que interessa é tê-lo vivido, porque nunca saberemos se será o único momento na nossa vida em que conseguimos acreditar que existe algo por trás das coincidências e que afinal, sempre temos um destino, feliz, traçado para nós.

"Desejo Casar"

"(...) Ele ensinou-me esta coisa importante: que todos nós - sejamos quem formos e estejamos onde estivermos - temos sempre este dever para com o nosso Amor: o dever de procurá-lo.E, encontrando-o, o dever de tirar o cartaz para fora do casaco, para fora da alma, e dizer em letras gordas, com todas as letras, que ele é o nosso Amor. "LCA

"Desejo Casar", no link mais próximo de si.

terça-feira, junho 20, 2006

E a saga com o Garfield continua,...

Depeche Mode - It´s No Good

"I'm gonna take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above
The gods decree
You'll be right here by my side
Right next to me
You can run but you cannot hide

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

I'll be fine
I'll be waiting patiently
Until you see the signs
And come running to my open arms
When will you realise
Do we have to wait till our worlds collide
Open up your eyes
You can't turn back the tide

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good"

segunda-feira, junho 19, 2006

Gente estranha é o que por aí mais abunda

Todo o tipo de manipulação me incomoda, principalmente a que é tão óbvia que não permite outra coisa a não ser totalmente ignorada.
Obviamente que todos tentamos, alguma vez, convencer o outro a fazer algo que desejamos, aliás, esse tipo de acção é rotineira no nosso dia a dia, no entanto, pretendo referir-me à manipulação que se manifesta por considerar que os outros são burros ou ingénuos, e cujo objectivo resulta em vantagem apenas para o próprio que a pratica.
Ora tanta conversa para dizer que hoje senti que tentaram insultar a minha inteligência.
Um conhecido meu tratou de me encontrar “casualmente”. Claro que casualmente, neste contexto, significa estar às horas certas no caminho que faço até minha casa e trazer consigo uma “lembrança” especialmente feita para mim, segundo o próprio.
Trata-se de uma pessoa totalmente egocêntrica e que parece recusar um não como resposta. O que se torna estranho é que sei que já não sou eu que estou em causa, aliás, eu poderia ser manca, marreca e desdentada que isso não seria importante. Aqui, o relevante é apenas o seu ego.
Ele diz-me que se sente sozinho e que uma vez que eu também estou sozinha seriamos perfeitos um para o outro. Ora bem, se isso fosse motivo para eu ficar com alguém, digamos que teria bastante por onde escolher, logo, porquê limitar-me a ele?! Será que ainda não percebeu que pessoas sem companhia é o que não falta por aí?!
Não deixa de ser curioso o modo como ele me tenta dar a volta, e demonstra, em determinadas alturas, certa raiva pela minha “teimosia em não ver o óbvio”. Como posso eu recusar uma pessoa como ele, que já está formado, com a vida encaminhada, sociável e com sucesso profissional?! Bem, eu diria que a sua psicose poderia ser uma das respostas possíveis, mas ainda não me debrucei em profundidade sobre o assunto.
E é em alturas como esta que me sinto mais confortável com o grupo de bêbados, brasileiros e loucos do costume, pelo menos, esses não se escondem por detrás de uma aparente sanidade mental apoiada pelo prefixo Dr.

domingo, junho 18, 2006

A verdadeira essência não se perde, mantém-se guardada na memória de quem por cá fica

Recebi recentemente a notícia de que uma tia minha foi diagnosticada com Alzheimer.
Na verdade, de ano para ano percebia-se que a sua memória ia ficando mais fraca, que repetia várias vezes a mesma coisa e que, no fundo, alguma coisa estava a mudar. Quem desconfiava de algum motivo para essa situação, além do que a própria idade poderia provocar, teve agora a confirmação.
Quem me deu a notícia foi o meu avô e vejo nele um olhar preocupado, percebo a tristeza que sente em saber da irmã assim e apetece-me dizer-lhe que vai tudo correr bem. Penso em como já não tenho idade para ser ele a aconchegar-me no seu colo, consolando-me, agora, a vez de oferecer colo é minha e faço-o em total silêncio.
Como me soa estranho saber que alguém que conheço tão bem já não será mais a mesma de antes, que aquela personalidade se vai esvair, aos poucos, em frente dos nossos olhos.
Os anos passam mas o meu terrível instinto de proteger as pessoas de quem gosto, sejam elas minhas amigas ou familiares, mantém-se tão forte quanto era na infância.
Utopicamente continuo a desejar protegê-las de todo o mal, a pensar que sou forte o suficiente para essa missão e que no fim conseguirei ter sempre sucesso, porque o “ás vezes” torna-se palavra proibida nestas ocasiões.
Sei que não a posso ajudar. Tenho a consciência de que nada posso contra uma doença que nos rouba nós a nós mesmos.
Lembro-me do quão activa ela sempre foi. Reformou-se do seu trabalho no Hospital bastante tarde, na idade limite, depois ainda continuou a arranjar “entretenimento” a fazer comida para um número louco de gente em festas, a ir pintar barraquinhas para a Feira de Grândola, sendo que parada é que não conseguia estar.
Pode ser um pensamento linear, mas achava que o que a minha tia sofreu ao longo da vida, deveria ser pagamento bastante para lhe permitir uma velhice como ela tanto desejava, com sanidade mental.
Para quem teve de ganhar o sustento para as suas filhas, após a precoce morte do marido, quem conquistou a pulso a independência, quem esteve sempre de braços abertos para os familiares que recebia em sua casa, pequena, mas que de tão boa vontade se tornava quase um casarão, a vida está a tomar um caminho que ela sempre recusou, a dependência de terceiros.
À medida que vamos crescendo perdemos uma coisa essencial, perdemos as pessoas que nos acompanharam e foram importantes para nós. Vamos ficando mais velhos e caminhamos pela vida, procurando por um tempo que já foi.
Se houvesse um motivo que me fizesse desejar permanecer no país do Peter Pan, esse motivo seria a ausência deste género de perdas.
São duras, dolorosas, amargas e nunca se aprende a lidar com elas.

sábado, junho 17, 2006

Spandau Ballet - Gold

"Thank you for coming home
I'm sorry that the chairs are all worn
I left them here I could have sworn
these are my salad days
slowly being eaten away
just another play for today
oh but I'm proud of you,
but I'm proud of you
nothing left to make me feel small
luck has left me standing so tall
gold
always believe in your soul
you've got the power to know
you're indestructable
always believe in,
because you are
gold
glad that you're bound to return
there's something I could have learned
you're indestructable,always believe in after the rush has gone
I hope you find a little more time
remember we were partners in crime it's only two years ago
the man with the suit and the pace
you knew that he was there on the case
now he's in love with you,he's in love with you
my love is like a hard prison wall
but you could leave me standing so tall
gold
always believe in your soul
you've got the power to know
you're indestructable
always believe in,
because you are
gold
I'm glad that you're bound to return something I could have learned
you're indestructable,always believe in my love is like a hard prison wall
but you could leave me standing so tall
gold
always believe in your soul
you've got the power to know
you're indestructable
always believe in,
because you are
gold"

Como falar quando as palavras faltam?

Existem noites e companhias para as quais nem sempre se arranjam palavras, que lhes façam justiça, quando as queremos descrever.
Um “muito bom” será sempre insuficiente e um “excelente” saberá sempre a pouco, quando nos sentimos tão confortáveis a conversar com outra pessoa como se o fizéssemos connosco próprios ou quando parece que somos totalmente transparentes ao seu olhar, adivinhando tudo o que pela nossa cabeça passa.
O que fazer em situações destas? Provavelmente guardá-las de modo a que não fiquem expostas nem desprotegidas, perante o mundo real.
Afinal, estas coisas só acontecem na nossa imaginação, não é?!
Dito isto, deixo-vos “Gold”, no próximo post, cantado num tom bastante desafinado e cheio de lailailás à mistura.

quinta-feira, junho 15, 2006

O primeiro direito de resposta deste blog!!

Nunca antes me tinham mandado para o mail opiniões sobre qualquer post editado no blog, no entanto, hoje recebi 3 mensagens acerca do que escrevi sobre o meu irmão. Talvez seja porque é feriado e eles não têm mesmo mais nada para fazer ou pode ser um efeito secundário da chuva em Junho. Acho que nunca saberei o real motivo, mas o que interessa é que em vez de lhes responder individualmente, vou fazê-lo aqui. Faço isso porque assim esclareço as pessoas que o leram.
Primeiro que tudo, agradeço a disponibilidade manifestada por 2 elementos do sexo masculino para assegurarem que seria mãe daqui a uns anos. Lamento ser tão directa, mas não estou interessada em perpetuar os vossos genes. Existe suficiente gente doida no Mundo e não pretendo contribuir para o aumento desse número. Para além disso, somos amigos e pensar em vocês com as vossas boxeurs brancas com corações vermelhos é coisa que não me atrai grandemente. Além do mais, não sou loira nem burra, logo, não pertenço ao vosso grupo de eleição.
Adoro-vos mas não me tentem desgraçar a vida com tais propostas.
Pretendo recorrer, em desespero de causa, a homens que falem melhor português e estejam mais tempo sóbrios do que vocês. Assim, caso eu me encontre em idade avançada e sem perspectivas decentes, irei aproveitar a simpatia que brasileiros e alcoólicos nutrem pela minha pessoa.
Agora em relação ao mail feminino que recebi, agradeço-o desde já.
Sei que ainda sou nova mas a questão não é essa.
Não digo que quero ter um filho amanhã, o que pretendo dizer é que actualmente penso na possibilidade de não encontrar alguém com quem possa partilhar tal realidade.
De repente dou-me conta que o tempo está a passar rápido e que não encontrei ninguém com que possa planear sequer um lanche, quanto mais um futuro. Não quero com isto dizer que pretendo um filho do próximo namorado, nem que andarei com um cartaz a dizer “Tó Jó faz-me um filho”.
Será que nunca pensaste em como estarás daqui a 5, 10, 15 anos? E nessas alturas, a tua imaginação nunca te conduz para um cenário em que estarás sozinha? Imagino que não e por um simples motivo, porque nunca concordamos no modo de encarar a vida.
Tu aconselhas-me a ser um ser inerte, que me limite a ser adorada sem adorar, sendo isso uma coisa que não consigo fazer.
As minhas dúvidas são imensas e tu não as compreendes porque és cheia de certezas absolutas. Já decidiste à muito com quem vais casar, o motivo porque o fazes, os filhos que terás e até a casa que pretendes.
Dizes que não sei aproveitar o meu carácter forte para daí obter controlo da minha vida amorosa. Se te referes ao aproveitar-me de sentimentos aos quais não correspondo, ao fingir que gosto de quem não simpatizo, ao programar uma vida baseada na razão esquecendo que a emoção existe, então terei de te dar toda a razão, eu realmente não controlo a minha vida.
E sabes que mais? Até hoje, ainda não me arrependi.

Spandau Ballet - TRUE

"So true
funny how it seems
always in time, but never in line for dreams
head over heels, when toe to toe
this is the sound of my soul
this is the sound
I bought a ticket to the world
but now I've come back again
why do I find it hard to write the next line
when I want the truth to be said
I know this much is true
With a thrill in my head an a pill on my tongue
dissolve the nerves that have just begun
listening to Marvin all night long
this is the sound of my soul
this is the sound always slipping from my hands
sand's a time of it's own
take your seaside arms and write the next line
oh I want the truth to be known"

Soldadinho de Chumbo


O meu irmão tinha um trabalho de casa que consistia num desenho acerca da história do Soldadinho de Chumbo. Veio mostrar-me a sua obra de arte, a qual tratei de elogiar devidamente.
Após alguns minutos vem trazer-me outro soldado, desenhado especialmente para mim. Engraçado como estes pequenos actos conseguem assumir um valor gigantesco, quando nos apanham desprevenidos.
Recuando alguns anos atrás, sempre me lembro de ter desejado um irmão, só não o esperava 13 anos depois do meu próprio nascimento.
Fui filha única durante muito tempo, com o direito a todos os privilégios que daí advêm, o que me fez perceber, sem preocupação, que existiria mais uma pessoa para se tornar no centro do mundo dos meus pais.
Lembro-me perfeitamente de acompanhar toda a gravidez da minha mãe, de todos os exames a que fomos juntas, de todas as lojas a que não resistíamos entrar, de todas as conversas que tivemos sobre o ser que vinha a caminho, dos momentos em que tudo parava para sentirmos o movimento dele na sua barriga.
Por vezes, lembro-me de ir mexer na gaveta que guardava os babygrows e ficar horas, sentada no chão, a imaginar como seria a criança que ali caberia. Nesses meses senti-me envolta num ambiente mágico, o qual ainda hoje não sei explicar.
Quando ele nasceu, o meu coração quase saltou do peito, de tanta alegria. Lembro-me de pensar que tinha de o proteger de tudo, que ele não poderia ter nada menos que a felicidade total.
Hoje agrada-me a nossa diferença de idades, pois foi graças a ela que consegui fazer parte e compreender todos aqueles meses de gravidez.
Quando quero dar a conhecer o meu irmão a alguém, existe uma história que conto sempre. Uma vez, quando andava no infantário um miúdo batia-lhe todos os dias, e quando lhe dissemos que ele tinha de se defender ele respondeu “mas eu não lhe posso bater porque ele é meu amigo”. Neste momento, percebi a pessoa que os meus pais andavam a criar e tive o maior orgulho e a maior preocupação com ele.
Actualmente é uma “peste em miniatura”, não se cala um segundo, goza com tudo, adora o Benfica (quem dele discordar neste aspecto, tem discussão assegurada), tem um número razoável de namoradas (as quais recebem dignas cartas de amor) e estudar é coisa que lhe desagrada bastante.
Por outro lado é tímido, generoso, carinhoso, protector e capta tudo o que se passa à sua volta.
Posso afirmar, com toda a certeza, de que tive uma vida antes e após o seu nascimento.
Por ele, o meu amor é único e incondicional.
Quando o vejo dormir na sua cama, sossegado, sem remorsos nem preocupações, a sua tranquilidade passa para mim e fico a desejar puder um dia ter um filho.
Na realidade nunca me tinha preocupado com isso, até recentemente tomar consciência de que os anos estão a passar a um ritmo acelerado e que não pretendem abrandar a sua velocidade.

quarta-feira, junho 14, 2006

Revistas femininas, regras a seguir!!!

Existem certos artigos que fazem sucesso, nas revistas femininas, sem eu perceber porquê. Passo a citar alguns.
“Faça a dieta dos 5 dias, comendo apenas sopa”. Lamento, mas nem para falar nisso tenho paciência. Se me quiserem dizer onde se come muito bem, com óptimo ambiente eu fico agradecida, mas poupem-me os diálogos doidos do “estou gorda meia grama” ou “isso tem 1948347575 calorias”. Tudo precisa de um equilíbrio, mas neste campo, acho que a maioria das mulheres ainda não o atingiu.
“Vá ao ginásio e meta conversa com o lindo moreno da máquina ao lado”. Ora bem, posso até pagar ginásio mas ir até lá torna-se mais difícil. Também não acho piada aos típicos frequentadores desses locais. Além do mais, ainda acredito nos encontros românticos, em que eu estar com os bofes de fora e suada, não faz parte dos planos.
“Faça um teste à sua relação e descubra se ela tem pernas para andar.” Claro que quem está num relacionamento jamais saberá perspectivar o futuro deste, caso não faça estes testes. Obviamente que nenhuma (?!) mulher leva isto a sério, faz-se por curiosidade, como quando se lê o horóscopo, no entanto, existem as que ficam de pé atrás quando o resultado dá para o torto e cujo resultado de 98% em compatibilidade nunca será suficiente. Para as mulheres que acreditam no relacionamento P-E-R-F-E-I-T-O, recomenda-se que evitem estas páginas. Um dia, elas perceberão que o perfeito não existe e, caso existisse, seria concerteza bastante aborrecido.
“Aprenda a entrar numa sala e deixar todos os olhares postos em si.” Isso realmente já me aconteceu por diversas vezes, porém, foi sempre porque me enrolei em algum fio, porque tropecei, derramei, ou parti alguma coisa que se encontrava no meu caminho. Essas entradas à filme, só resultariam caso eu me mantivesse especada na entrada ou caso o corredor fosse largo, vazio e não englobasse escadas.
“Conquiste o homem que deseja.” Neste caso, os conselhos são algo do género: “faça-se de difícil”, “resista ao sexo imediato”, “espere que ele ligue”, “faça-se desinteressada” e por aí fora. Primeiro que tudo, os jornalistas que escrevem estes conselhos, têm de ter noção de que estão a escrever para a população feminina portuguesa, a qual ainda se choca com o “atrevimento” de alguns beijos mais ardentes, dados em público, e que não consegue perceber o valor do património nacional que é o Zézé Camarinha, deixando-o livre para as estrangeiras. Pode ser palermice minha mas ainda acho que nestas coisas não há regras. No entanto, ainda vou reler o artigo, não vão eles ter assegurado resultados imediatos com o Pasder e eu não tenha visto,...
“Como chegar ao topo mais depressa.” Bem, achava que já toda a gente sabia a resposta para atingir este objectivo, mas pelos vistos estava errada.
Para terminar, agradeço a quem se dispuser a dar o testemunho sentido, de que a sua vida mudou após seguir os conselhos anteriormente referidos e me atirar à cara o quão tonta sou por acreditar que não existem regras que controlem ou avaliem o amor, quer o nosso, quer o dos outros.
Aliás, acho que existe uma regra apenas: perceber o quão sábio é o nosso coração e deixá-lo "falar" livremente apenas para quem o merece escutar. No fundo ele saberá quem escolher, mesmo que o faça em minutos e apenas de forma sussurrada.

Fim de relacionamento

Terminei hoje um relacionamento que já tinha um longo tempo de duração.
Devo dizer que nunca foi uma relação pacífica, muito por minha culpa.
Nunca me interessei pelas suas necessidades, pelo seu bem-estar, nem em compreender os estranhos avisos que ele me vinha lançando cada vez que eu, desajeitadamente, metia o pé na argola.
Procurávamos coisas diferentes. Ele queria atenção, cuidados e compreensão da minha parte e eu só queria que ele fizesse o que eu desejava.
Procurei muitas vezes apoio em amigos, mas a situação não melhorava.
Surpreendentemente, após tantas discussões, o final até se revelou tranquilo. Ele apagou-se para nunca mais voltar a ligar.
Se tenho pena? Não propriamente.
Agora já o troquei por outro. Mais novo, que atende melhor às minhas necessidades.
Claro que continuo sem perceber nada de computadores, na verdade, acho que não nasci para estas tecnologias impessoais.
Talvez um dia eu melhore. Por enquanto espero ter aprendido alguma coisa com os erros do passado, afinal, não é isso que se deve sempre fazer?!

segunda-feira, junho 12, 2006

The Picture of Dorian Gray

"Oh, I can't explain. When I like people immensely, I never tell their names to any one. It is like surrendering a part of them. I have grown to love secrecy. It seems to be the one thing that can make modern life mysterious or marvellous to us. The commonest thing is delightful if one only hides it. When I leave town now I never tell my people where I am going. If I did, I would lose all my pleasure. It is a silly habit, I dare say, but somehow it seems to bring a great deal of romance into one's life. I suppose you think me awfully foolish about it?"

"Os poemas"


"Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti..."
Mario Quintana - Esconderijos do Tempo

"Cérebro é uma coisa importante. Todos deviam ter um."

Existem frases que nem o melhor humorista poderia inventar( http://www.dumb-quotes.com).
Seguem-se alguns exemplos disso mesmo:

- "Always go to other people’s funerals, otherwise they won’t come to yours."
- "It was pretty good. Even the music was nice"-said after attending an opera.
Yogi Berra


- "We don’t necessarily discriminate. We simply exclude certain types of people." Gerald Wellman

- "I do not like this word “bomb.” It is not a bomb. It is a device that is exploding." Jacques Le Blanc

- "I would like to live forever, because we should not live forever, because if we were ever supposed to live forever, then we would live forever, but we cannot live forever, which is why I would not live forever." Miss Alabama 1994

- "In an action film you act in the action, in a drama film you act in the drama."
Jean-Claude Van Damme

E para terminar, que se passe a palavra a quem tão bem a usa

"I have opinions of my own, strong opinions, but I don’t always agree with them." e "It’s no exaggeration to say that the undecideds could go one way or another."
George W. Bush

"O teu dedo do pé é tãoooooooooooooooooooooooooo grandeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!"

Esta tarde entrei numa loja e fui conquistada por duas crianças, que por lá se encontravam, acompanhadas das respectivas mães.
A certa altura, um dos meninos lembrou-se de elogiar as sandálias que a mãe do amigo calçava, mas como ainda não era bastante, deu-lhe noticia também do quão grande era o dedo do pé da respectiva senhora. Foi de uma sinceridade típica da idade e que conduziu a um momento de riso colectivo. Pelo menos, a senhora ficou a acreditar que as sandálias eram mesmo bonitas, porque daquela boca não sairia nenhum elogio forçado ou fingido.
Já pensaram o que seria a nossa vida adulta se mantivéssemos essa inocência? Se pudéssemos dizer tudo o que pensamos?!
Acho que neste aspecto os meus pais não me ajudaram muito, limitaram-se a transmitir o básico para eu ser aceite na sociedade, sem me excluírem e internarem numa instituição qualquer.
Na verdade, fui ensinada a acreditar que não precisava de mentir, nem de fingir gostar de quem não gostava. Adoptei esses ensinamentos tão bem, que hoje sou péssima em ambos os campos.
O meu lado anti-social, deve-se ao facto de eu não fazer fretes em relação às amizades. Existem pessoas que não me agradam, de quem não gosto, e com as quais converso apenas o estritamente necessário, com a simpatia mínima exigida. Não sinto falta de conhecer uma imensidão de pessoas, quando me basta conhecer poucas e boas. Admiro boas pessoas, acima de tudo. E cada uma que conheço, que assim é, tento não a deixar fugir. As restantes? Os outros que socializem com elas.
Quero, na minha vida, pessoas que tenham algo para me ensinar, que me dêem vontade de as ver todos os dias, ou de sentir a sua falta quando ausentes e cujos momentos de silêncio nunca sejam incómodos. Com as quais possa partilhar as minhas tristezas, os meus sonhos e as minhas piadas tontas. E neste campo sigo sempre o instinto, afinal, ele existe por alguma razão, não é?!
Para piorar, não sou boa a mentir, aliás, sou um pouco patética quando o tento fazer. Começo a gaguejar um bocado, a tentar mudar de assunto, a inventar frases confusas, até que desisto e acabo por rir da minha própria atrapalhação.
Existe outro aspecto que não consigo controlar, que é o meu olhar. Se já não tivessem inventado a frase “os olhos são o espelho da alma” teria eu de o fazer.
Os meus olhos denunciam muitas frases que ficam por dizer, muitos pensamentos, no entanto, ainda vou tendo alguma sorte neste aspecto, porque a maioria das pessoas raramente nos olha nos olhos. Depois, existem a que nos olham, mas não nos vêem. Pensam em mil coisas enquanto connosco falam, sendo que a sua atenção raramente se concentra em nós.
Passamos os nossos dias desconfiados, apressados, habituados a fazer o que não queremos, a desejar que todos gostem de nós, que nos esquecemos de agradar a quem mais importa: a nós mesmos.

domingo, junho 11, 2006

Oscar Wilde

"Nowadays most people die of a sort of creeping common sense, and discover when it is too late that the only things one never regrets are one's mistakes."
Oscar Wilde

Infância,...

Ontem estiveram umas visitas cá em casa, as quais já mal reconheci, devido aos anos a que não nos víamos.
Como acontece nestas alturas, fala-se do presente e recorda-se, inevitavelmente, o passado.
À observação de que estou “uma mulher”, seguem-se histórias da minha infância, as quais muitas eu desconhecia. Falam da vez em que me ofereceram ovos e eu dormi com eles na cama, para ver se os conseguia “chocar”, e até das minhas tentativas frustradas de reanimar os pássaros que o meu pai matava, na altura da caça.
A minha mãe recorda a vez em que desapareci, na pequena aldeia onde passávamos férias. Conta que calcorreou todas as casas, até que me encontrou, por fim, a manter uma longa conversa com uma senhora octogenária, na sala de estar desta.
Agora que penso nisso, posso dizer que tive uma bela infância. Cresci a conviver com pessoas diferentes e ambientes distintos.
Como “menina da cidade” que era, a liberdade da qual usufruía no Alentejo era maravilhosa, quase uma Disneyworld, onde os divertimentos consistiam em correr até perder o fôlego ou tropeçar numa pedra e cair, subir às árvores e passado alguns minutos cair das mesmas (sim, eu era boa nas quedas, algumas cicatrizes nos joelhos provam isso mesmo). Lembro-me de ficar à porta, de noite, simplesmente a olhar para o céu estrelado, de pisar os meus companheiros de baile, tal a minha falta de jeito, sempre desculpando-me que na cidade não se dançava assim, do barulho dos grilos a meio da noite, das minhas visitas nocturnas à padaria e até das picadelas ao apanhar figos da piteira.
Recordo ainda as minhas rondas diárias aos animais da vizinhança, os quais me permitiram assistir a partos e me faziam acompanhar os crescimento das crias.
Dou-me agora conta de como aquelas pessoas, cuja vida era cheia de trabalho, dispendiam algum tempo para mim. Pacientemente explicavam-me o que estavam a fazer, desde o ordenhar das vacas até ao cozer do folar, e ouviam as minhas histórias de criança.
Sempre me fascinou ouvi-las falar, pareciam tão fortes mas ao mesmo tempo tão sensíveis. Nunca me lembro de por lá ter ouvido vozes gritantes, nem movimentos ríspidos.
E de tudo o aprendi com elas, essa dualidade de personalidade, foi a que demorei mais a compreender.
E aprendi-o de forma casual, quando li um texto, de determinado autor, quando reparei que quanto mais ele expunha o que sentia, mais forte ele me parecia.
Compreendo agora que não posso deixar de mostrar o quanto gosto dos meus amigos e da minha família. Não é por deixar que as pessoas saibam que tenho um lado mais sensível que me vão magoar mais ou menos, a minha resistência à dor é a mesma, mas os meus remorsos de esconder sentimentos são muito menores.
O meu avô costuma dizer que sou uma fera, que não deixa de mostrar os dentes quando “as suas crias” estão em perigo, mesmo que essas crias já tenham crescido. A verdade é que sempre lhes mostrei o quanto os defendia, mas esquecia-me várias vezes de lhes dizer o quanto os amava.
Chego à conclusão de que embora a nossa personalidade vá mudando ao longo dos anos, a nossa verdadeira “essência” se mantém, mesmo que em pequenos gestos, mesmo que a tenhamos tentado disfarçar, mesmo que a tentemos ignorar.
Actualmente a aldeia está quase vazia. A maioria das pessoas que me conheceram em criança morreu, sendo este casal um dos sobreviventes dessa época.
Ao saírem cá de casa, a senhora diz-me que apesar de ter crescido, não sou diferente do que era em criança, que continuo boa pessoa.
Não pude deixar de sorrir, era a primeira vez que me definiam assim.

sábado, junho 10, 2006

"Se cada dia cai, dentro de cada noite,..."


"Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência."
Pablo Neruda (Últimos Poemas)

Há dias em que a vista sofre,.....

Ontem fui sujeita a uma visão, que presumo, difícil de superar num futuro próximo.
Na verdade, deparei-me com um vizinho meu todo vestido de lycra. Falta acrescentar que ele está na casa dos 50 e não tem a desculpa do ciclismo para ousar vestir tais trajes.
Este é um fenómeno de todo estranho para mim, no entanto, parece existir um número razoável de homens adoradores de roupa demasiado justa.
Uma vez que os sociólogos não têm tempo para analisar todas estas situações, dispenso agora, algum do meu tempo para me debruçar sobre esta questão, deveras importante na nossa vida quotidiana.
A minha teoria centra-se no facto de estes exemplares, do sexo oposto, terem um fetiche por lycra e materiais do género. A origem disso não saberei responder, no entanto, reparo, após prolongada reflexão, que os mais exibicionistas escolhem empregos onde podem usar esse género de roupa em público. De forma a evitarem a critica alheia, estes mesmos trabalhos, caracterizam-se por algum aspecto fortemente masculino.
Por exemplo, vejamos o caso dos toureiros. Afinal estar frente a frente com um touro é de “homem”, mas o que dizer daquele vestuário?! Se um rapaz saísse de casa com aquela roupa, creio que lhe chamariam vários nomes, no entanto, acho que profissional tauromáquico não seria um deles.
Na verdade, porque acham que os ciclistas se esfalfam a subir e a descer montanhas, faça sol ou faça chuva?! A resposta está no facto de assim parecerem masculinos, com todo aquele esforço físico, associado ao suor, fazendo com que o resto da população “feche os olhos” à sua roupa colada ao corpo, que expõe as suas pernas magras e depiladas.
E que dizer dos musculados do ginásio, que adoram as suas t-shirts justas? E que profissão têm eles, normalmente?! Seguranças de discotecas, está claro. Aliás, este pode bem ser o motivo do impulso violento que muitos deles apresentam, resultando de uma tentativa para compensar a sua roupa justa. É que o seu ego é grande, no entanto, encontra-se preso no vestuário, sendo obrigado a explodir sob a forma de agressões exteriores e gratuitas.
Para terminar devo dizer que este ano irei evitar ligar a televisão aquando a Volta a Portugal em bicicleta. Pode trazer-me recordações de ontem, situação que prefiro evitar,..........................

quinta-feira, junho 08, 2006

Delirio de Verão de hoje,.....


Com o aproximar do fim de semana, o desejo de escapar da cidade torna-se maior.
Ao olhar para esta imagem, desejo ser uma daquelas pessoas, que por ali foram fotografadas, num momento de aparente sossego.
Ah, e desta vez deixo o Adrian em casa. Ele costuma enjoar nos aviões.

Garfield

terça-feira, junho 06, 2006

Prova de que os blogues servem para todo o tipo de anúncios

Sabem aquele vosso amigo nunca se cala?! Ou o irmão que vos chateia sem dó nem piedade?! Ou até a rapariga que querem espantar, com um acto de bondade da vossa parte?! Pois, eu posso ter a solução para os vossos problemas. Enviem-me essas pessoas.
Passo a explicar. Durante o ano temos vários pacientes na clinica da faculdade (consultas normais), mas no final de cada semestre temos de levar um paciente “nosso” para sermos avaliados em determinadas técnicas, sendo esse o exame final prático.
O meu grande problema é que até agora não tenho paciente. As pessoas com quem falei não se encontram disponíveis por diversos motivos, uns porque estão em exames, outros porque trabalham, e ainda há os que têm vergonha de mostrar a boca a outra pessoa que não aos namorados/as.
Ora, sabendo que provavelmente não se vão oferecer para me ajudar, pelos motivos atrás enumerados, podem ao menos convencer algum amigo a ter um pequeno acto de generosidade.
O negócio até é vantajoso, porque a pessoa que serve de meu paciente tem uma consulta inteiramente grátis. É de borla, meus amigos, e como bons portugueses que são, esta palavra deverá ser magia para os vossos ouvidos.
Posso garantir, por escrito, com direito a cartório e tudo, que não se executará nenhum procedimento doloroso.
Reparem, os vossos gestos de solidariedade não se podem apenas restringir ao pendurar a bandeira portuguesa nas janelas ou comprar o pirilampo mágico, há também que ajudar amigos, ou até desconhecidos, em situações de aperto.
Existe ainda um motivo maior, uma razão nacional, como o facto de o nosso país precisar de pessoas formadas na área da saúde. Pensem no assunto e façam o vosso contributo para a causa.
Caso nada do que disse anteriormente tenha tocado os vossos corações de pedra, resta-me recorrer ao suborno.
Estou disposta a pagar um almoço a quem for meu paciente. Até agora, já ganharam um almoço e uma consulta grátis. It´s a win win situation,....
Sejam atenciosos e não me obriguem a ir à Casa do Brasil procurar almas caridosas com sotaque açucarado,....

segunda-feira, junho 05, 2006

Deseja Casar?!

Ontem os meus avós fizeram 51 anos de casados.
Na verdade, estão há mais tempo juntos na vida, do que o estiveram individualmente. Lembrarmo-nos de um é lembrarmo-nos do outro.
Para quem não os conhece posso garantir que, neste caso, os opostos se atraíram.
O meu avô é o típico alentejano, todo ele é calma. Passou a sua infância a pregar partidas a toda a gente, partidas essas, ainda hoje célebres.
Veio fazer a tropa em Lisboa e depois voltou para a sua aldeia, a qual lhe pareceu demasiado pequena, após ter “alargado as vistas” pela cidade.
Desistiu de ceifar, de tomar conta das ovelhas, de achar que a vida do campo era a que devia seguir. Ele queria conhecer mais, agora que sabia que existia outro mundo fora daquelas searas e montes.
Arranjou emprego em Lisboa, viveu sozinho muito tempo, sendo que perdeu a conta ás namoradas que teve. Embora não goste de falar muito sobre isso, conta quem sabe, que não havia rabo de saia que lhe escapasse.
Aos 30 anos casou com a minha avó.
Muito vivido e com um humor acutilante, ainda hoje é um conquistador do sexo feminino. Transparece sabedoria através dos seus olhos cinzentos e do seu tom de voz tranquilo.
Incapaz de incetar um assunto directamente, utiliza vários meios para chegar ao tema que realmente interessa, tendo menos sucesso em interlocutores cuja paciência seja escassa.
Quando preciso falar da minha infância, uma das pessoas sempre presentes, é o meu avô.
Com ele aprendi tantas coisas que nem consigo enumerar. Aprendi como fazer de um galho de um sobreiro o meu baloiço particular, que conseguimos fazer chover quando estamos numa fonte e temos um coxo ao nosso dispor, que devemos ser honestos tanto connosco como com os outros, que a vida deve ser aproveitada ao máximo porque só nos é dada uma oportunidade para isso. O meu avô incutiu o sentido de humor em mim, de tal maneira que o uso até quando a tristeza tenta dominar.
Aos 80 anos, não consegue ver uma criança e não se meter com ela. As suas brincadeiras sempre foram, e ainda são, do género de provocar, de fazer cócegas, de nos obrigar a reagir, a procurar os nossos limites, o que já deu origem a discussões várias com a minha avó, porque para ela as crianças são quase como porcelana, para as quais ela só tem beijos e abraços disponíveis.
Ele é uma das pessoas que me faz desejar que a eternidade fosse possível, porque ele ama a vida e eu amo-o a ele.
Uma das coisas das quais tenho imensa pena é que, os filhos que eu venha a ter, não tenham oportunidade de o conhecer. Lamento que ele não lhes vá dar chocolates ás escondidas nem os acompanhe pelas ruas antigas de Lisboa, ensinando-lhes o nome de cada uma delas, ao mesmo tempo que lhes conta histórias da sua vida.
Em relação à minha avó, posso dizer que o primeiro namorado que teve foi o meu avô, apesar das garantias de que quando era “rapariga nova” não lhe faltavam pretendentes.
Tinha muito pouca experiência de vida, sendo que o que conhecia devia-se grandemente ao número largo de livros que lia, que lhe colocaram sonhos na cabeça, os quais ela nunca procurou realizar.
Trabalhou poucos anos, ficando em casa após o nascimento do meu pai, o qual é a luz dos seus olhos.
O seu maior sonho era viajar por vários países, coisa que nunca aconteceu.
Passou tempos conturbados, em que tremia cada vez que lhe batiam à porta, com medo de que a PIDE fosse buscar o seu marido.
Suportou telefonemas e até visitas de apaixonadas do meu avô, que vinham ver o que ela tinha de especial para ter sido escolhida para sua esposa.
É meiga, característica que se destaca numa família cuja maneira comum de demonstrar afecto é gozando uns com os outros.
A sua fama de cozinheira de mão cheia ainda é referida nos jantares de família, em que se conta como os seus pratos deliciavam as visitas.
Sempre fui mais ligada ao meu avô, mais por uma questão de compatibilidade de feitio do que outra coisa, mas o ano passado a minha avó ficou gravemente doente e então percebi que só damos valor ás pessoas quando as estamos quase a perder.
Compreendo agora a visão da minha avó, percebo que a vida que ela desejava ter nunca aconteceu, que o seu refúgio foram os livros e a família que constituiu.
Sei que o meu avô é o grande amor da sua vida, do qual, ainda hoje sente ciúmes.
Ontem foi dia de dar parabéns aos “noivos” e de dizer piadas sobre o tempo em que se “suportam”, pois ninguém quer fazer uma reflexão séria sobre o que é viver 51 anos com outra pessoa.
Talvez eles não o façam porque o passado já foi deixado para trás à muito, talvez nós não o façamos por medo de tentar olhar tão longe, para o futuro,...

domingo, junho 04, 2006

Delirio de Verão (continuação),....



Devidamente acompanhada por Adrian Pasdar,....

Delirio de Verão,......



E o meu delírio de hoje, é que estou neste local,......................

A esperança é a última a morrer,....

Após visitar um curioso site, fico convencida de que tudo seria diferente caso Brad Pitt viesse a Portugal.
O site http://www.myheritage.com/, possibilita descobrirmos qual a personalidade famosa com a qual temos semelhanças. Experimentei duas fotos minhas e a única mulher que apareceu em ambas tentativas foi Angelina Jolie.
Para além desta, fui considerada parecida com Ashley Judd, Bette Davis, Scarlett Johansson, Jane Russel, Eva Longoria, Evangeline Lilly e Jessica Alba.
Ora bem, a partir de hoje a minha moral está nos picos e não me venham dizer que não encontram nada parecido com qualquer uma delas, porque este programa é quase cientifico, logo, com pouquissimas margens para erros.

sexta-feira, junho 02, 2006

Após alguns dias, a coisa não parece tão má quanto isso,.....

A pedido de muitas famílias, vou contar o modo como correu o nosso teatro na semana passada.
Algumas horas antes, estávamos totalmente confiantes de que tudo iria correr mal. Os comentários que se faziam, denegriam a nossa capacidade representativa e reclamavam a falta de ensaios. Se pior do que planeávamos não poderia correr, logo, não havia motivos para preocupações desnecessárias.
Quando chegou a altura de nos começarmos a vestir, os nervos atacaram em força. Acho que nesta altura, já nem tinha a certeza das minhas falas,.........no entanto era o riso irresponsável que dominava a sala.
As pessoas, que representariam idosas/o, foram totalmente coagidas a encher a cabeça com pó de talco. A altura era de encarnar o personagem e não havia espaço para a vaidade própria. Posso dizer-vos que fiquei bastante ridícula, de cabelo branco, apanhado no cimo da cabeça, vestida com roupas escuras, óculos na ponta do nariz e de chinelos. Depois de me ver ao espelho, agradeci o facto de as saias com pregas não serem moda actualmente e torci, esperançosamente, que jamais o voltem a ser.
Sei que neste momento devem estar com pena de terem perdido uma cena destas, mas por vezes a vida até é justa e limita os nossos embaraços a um restrito número de pessoas, que serão, de preferência, nossos desconhecidos.
Na verdade, quando chegou a altura da “acção” correu tudo muito bem. A nossa veia teatral surgiu, houve até direito a improvisos feitos com bastante sucesso.
Porém, antes de terminar este post, tenho de dar conta de uma situação ridícula que aconteceu, até porque se não o fizer, a Cátia sentir-se-á indignada e com toda a razão.
Um colega meu deu-se ao luxo de não decorar as suas falas, tratando de colar todo o texto num jornal, que supostamente estaria a ler na peça inteira.
Creio que o total de falas que lhe pertenciam correspondiam a meia dúzia de frases curtas, sendo que mesmo assim, conseguiu enganar-se. Repito, ele tinha o texto em frente dos olhos, pouquíssimas frases e mesmo assim causou o único momento de silêncio em toda a peça.
A questão que nos colocamos é, como é possível errar quando se tem o texto à frente?! Quem tiver a chave deste mistério, por favor, diga-me qualquer coisa, porque ansiamos por uma resposta.
Claro que este teatro foi apenas uma forma engraçada que encontrámos de nos despedir dos idosos, que tiveram a imensa simpatia de nos receber no seu centro de convívio. Os enganos eram esperados, no entanto, existem coisas com as quais temos de levar o resto da vida, de tão ridículas que são. Até ao final do curso, este nosso colega vai ter de aturar as nossas piadas sobre o assunto, digamos que será a sua penitência por nem preguiçoso saber ser.
Existe ainda um facto que, por vaidade pessoal, tenho de referir. Estiveram duas colegas de Erasmos, holandesas, a assistir à nossa peça. No final, estas disseram-me que sou muito boa a actuar. Ora bem, parece que até já me vejo numa co-produção portuguesa, holandesa e espanhola. Serei a boazinha de história, a única morena no meio de gente loira e alta. Terei sido abandonada à nascença e começarei a trabalhar na casa do meu meio irmão, por quem me apaixonarei secretamente. Isto tudo, com diálogos originais em português ( qual é o problema, também, não havia uma telenovela qualquer chamada América, em que todos falavam brasileiro?! ), legendas em holandês e dobrado em espanhol ( de forma a que os movimentos dos lábios, nunca batam certo com a dobragem).
Que grande filme se perspectiva a partir desta história,....
Morangiositios quion aciucari á moéda dé lá holandia, seria o nome da mega produção.
Pensando bem nisto, acho que vou abandonar o curso e dedicar-me a este talento recém descoberto.
Luzes da ribalta, aí vou eu,.......................

Se alguém bater um dia à tua porta


"Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.

Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco.
Esse era
Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho do que desespera.
Abre a quem não bater à tua porta"

Fernando Pessoa

quinta-feira, junho 01, 2006

Garfield