sábado, junho 24, 2006

O amor da nossa vida

O amor da nossa vida é lamechas e certeiro.
Ele é grande e atrai pequenos olhares alheios, a cada novo beijo dado.
Parte do seu encanto reside no facto de apenas aparecer quando não o esperamos, porém, fá-lo na altura em que dele mais precisamos, quando a descrença começa a surgir e o cinismo a ganhar terreno.
Sentimos que já conhecíamos o amor da nossa vida, talvez de outra vida qualquer.
As coincidências são várias e assemelham-se a um luminoso caminho a néon, no meio de um breu total, com indicação directa para o nosso grande amor.
Por ele esperámos e temos a certeza de que cada minuto, cada dúvida, cada tropeção, valeram a pena. Acreditamos que o nosso passado foi apenas uma forma de nos transformarmos, de maneira a que o nosso grande amor nos reconhecesse quando connosco se cruzasse.
Inevitavelmente não o conseguimos explicar aos outros, somente sabemos que nunca sentimos “aquilo” antes e torna-se impossível acreditar que tal intuição possa estar errada.
Ele dá-nos a conhecer outra vida, aquela antes e depois dele.
É esse amor da nossa vida que nos faz falar com ele como se com nós próprios, que permite que o silêncio não seja sinónimo de embaraço, nem de comprometimento, e que cada palavra dita soe perfeita.
O amor da nossa vida também nos provoca apertos no coração, como quando dele nos afastamos e as saudades aparecem. Estas são fortes, imediatas e impossíveis de evitar.
Um dos aspectos positivos deste grande amor é que conseguimos deixá-lo respirar. Não o prendemos, deixamo-lo livre, porque sabemos que ele é o NOSSO amor, jamais compatível com os braços de outrém, depois de pelos nossos ter passado.
Queremos proteger o amor da nossa vida, não o queremos exposto nem desprotegido a olhares que jamais o compreenderão. Tentamos que as pessoas percebam o sentimento que nos atinge, mas de tão difícil verbalização, opta-se antes por esperar que quem não o compreenda não tente nunca quebrar-lhe o encanto.
Este amor preenche-nos a face com sorrisos inevitáveis e tolos.
Leva-nos o pensamento para longe onde recordamos expressões faciais, a voz da qual tanto gostamos, os risos que parecem ainda ecoar no fundo da sala e palavras jamais ditas anteriormente.
Quando dele falamos o nosso olhar brilha e a voz suaviza, tudo isso de forma inconsciente. Sentimo-nos ridículos mas até a isso achamos graça.
No final, não importa que não seja eterno, apesar de quase podermos jurar que o será. Não se pensa nisso, parece óbvio que ficaremos juntos para sempre e que só isso faz sentido.
O amor da nossa vida faz-nos perder medos e considerar planos jamais antes ponderados.
E até mesmo os defeitos terão o seu encanto. Afinal, o amor da nossa vida não é perfeito, no entanto, não será já suficiente ele ser tudo o que sempre desejámos?!
Acordamos a pensar no amor da nossa vida, intercalamos os nossos afazeres do dia-a-dia a pensar em como ele estará, se sentirá a nossa falta, e terminamos o dia como o começámos: com a cabeça na almofada e o coração no nosso amor.
O amor da nossa vida leva-nos a escrever textos melosos e lamechas e a pedir desculpa aos leitores menos precavidos contra estes momentos.
E quanto ao amor da minha vida, resta-me apenas dizer “Let Me Show You The World In My Eyes”.