sábado, maio 20, 2006

"Um lugar passa a ser nosso quando sabemos onde vão dar todas as estradas."

Nestas últimas semanas mal tenho tido tempo para respirar, contudo, não pensem que são as olheiras ou as cabeçadas que dou nos vidros do autocarro, quando adormeço, que me preocupam, mas sim estes dias que ando a viver dentro da redoma que a faculdade se tornou, sem tempo que me permita ter uma vida fora dela.
O que ainda traz algum alento, é pensar nos dias de férias que me esperam no Alentejo, onde vou viver ao ritmo local e esquecer que o relógio foi inventado.
A minha família é alentejana, portanto aproveitamos Agosto para conviver, numa tentativa de compensar os restantes 11 meses do ano.
Como existem coisas que nunca mudam, já sei que vou ter a recepção do costume, cheia de beijos, abraços e perguntas sobre como a vida me correu, desde o ano anterior. Vou acenar com a cabeça, em concordância, acerca de como os rapazes andam cegos em Lisboa e acabar por recusar, de modo embaraçado, ir conhecer o sobrinho da amiga da tia, que até é bom rapaz e tudo, cuja fotografia me é mostrada porque “por coincidência estava ali à mão,...”
Na verdade, sinto saudades de olhar as planícies, de fazer da subida aos montes uma competição, na qual sempre acabo por escorregar a meio e perder as forças de tanto rir.
Sinto falta de me sentar a um canto da varanda, a ouvir os grilos, ao mesmo tempo que olho a imensidão de estrelas que invadem o céu e que as luzes da cidade escondem com a força da sua artificialidade.
Gosto do sabor da água da fonte e de a beber com o “cocho”. E como é bom, andarmo-nos a molhar uns aos outros, com água do tanque, só para nos refrescarmos do calor que se faz sentir.
Quando lá estiver, vou retomar os meus passeios nocturnos, onde irei sentir a brisa quente na cara e ouvir os latidos dos cães, que competem pelo fim do silêncio, com a música do baile mais próximo.
E que dizer do cheiro das fornadas de pão, que invadem o ar, tornando-o quase apetecível?!
Sinto falta da imensidão de gente à mesa a conversar, e a repetir constantemente quem será o próximo a arriscar a terceira pratada. Divirto-me com os que querem mostrar o seu nível de saudades e de amor, com a quantidade de comida que conseguem colocar no estômago.
A realidade é que, até a minha melancolia lá, se torna diferente. Fico a ouvir música, ás escuras, deitada na cama, enquanto penso em como estarão a correr as coisas, para as pessoas que pela cidade se ficaram.
E só agora, estando longe, percebo o quanto gosto de sentir o arrepio de frio, quando vou entrar na água da praia, onde o mar é transparente e consegue iludir qualquer pessoa de que se está numa ilha tropical, não fosse o nosso repetido e ritmado bater de dentes.
Sinto falta de, naqueles últimos dias, já querer voltar para Lisboa, porque tenho saudades do caos que aqui se vive.
Talvez o melhor seja eu reter esta minha ultima ideia e sentir-me feliz por já cá estar, mesmo só tendo ido embora por breves momentos e apenas em pensamento.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gostei muito do post até porque gosto muito do Alentejo e trouxe-me boas recordaçoes.Mas, lamento desiludir-t, este Verão as tuas férias não vão ser assim tão calmas.Lembra-te que nestas férias uma das semanas vai ser passada com 4 ou 5 pessoas (nenhuma das quais sabendo cozinhar), num parke d campismo ainda a designar,com tendas q talvez não xeguem pra tds e provavelmente s/ carro pra transportar a tralha td. P/ isso vai-t mentalizando q vais ter momentos não tao calmos cmo isso e começa a treinar pra sobreviveres com sandes e andares d moxila às costas.Jnhos, Sílvia

9:40 da tarde  

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