sábado, maio 27, 2006

: “Dizer que um crente é mais feliz do que um céptico é como dizer que um bêbado é mais feliz que um sóbrio" Bernard Shaw

Assisti a um documentário, esta semana, acerca da eutanásia.
Ainda no rescaldo do que vi, fico a pensar em quantas situações injustas são infligidas a outros, apenas porque a maioria tende a acreditar que a sua opinião é a única válida, logo, os restantes que ousam pensar de outra forma são considerados insanos ou, numa situação mais especifica, “desistentes perante as adversidades”.
As várias histórias ali retratadas deixaram-me a pensar em muitas perspectivas diferentes, sendo uma delas a minha falta de fé.
Por vezes tenho pena de não acreditar em Deus. Tal como para a maioria dos católicos, dava-me jeito essa crença em alturas de aperto.
Já o disse várias vezes e várias vezes discordaram de mim, no entanto, continuo a acreditar que quando alguém que amamos morre, essa situação se torna mais fácil de aceitar por parte de quem acredita no Céu, do que por quem acha que apenas a terra, o solo, existe.
Até hoje, nunca perdi alguém que fizesse tanto parte de mim, que metade do que sou se perdesse com o seu desaparecimento. Tenho pessoas que amo profundamente, umas que já passam dos 80 anos e das quais não estou disposta a abrir mão para a “ordem natural das coisas”. Preocupa-me o modo como irei reagir a essas situações, porque uma coisa é acreditar na realidade do dia-a-dia, outra coisa é quando com ela embatemos de frente, quando nos damos conta de que nada nos é garantido, que vida há só uma e que o nosso final é tudo menos perfeito.
Acho incrível o poder que a fé tem, porém ainda não fui atingida por ela. Aliás, a minha fé resume-se a acreditar nas pessoas, mais do que isso, é para mim inimaginável.
Agora que penso nisso, recordo uma frase, a qual não consigo reproduzir com exactidão, mas que dizia que os ateus são as pessoas mais altruístas, isto porque agem de acordo com a sua consciência e não por medo de serem julgados ou mandados para o Inferno.
Dou-me agora conta, de que raras vezes entrei em Igrejas e quando o fiz, deveu-se a casamentos, baptizados e, por vezes, motivos culturais e de turismo.
Nestas minhas “visitas”, nem sei bem o que fazer, limito-me a sentar, a apreciar as obras de arte riquíssimas e esperar pelo fim da cerimónia. A única vez em que desrespeitei esta minha regra, arrependi-me. Na verdade, a minha mãe pediu que a acompanhasse à reunião que ela teria com o Padre, antes de baptizar o meu irmão. Acabei por ir, e quando o Padre começou a arrumar a sala, fui tentar ajudar, sendo que parti a primeira cadeira na qual toquei. Acho que o que o senhor sentiu por mim, naquele momento, foi tudo menos piedade, pelo menos, julgando pela expressão no seu rosto.
Sei que não adianta ter meia fé, ou seja, aproveitar o que pode parecer agradável e rejeitar tudo o resto, tal como não se pode ser meia pessoa.
Talvez o segredo da crença de cada um, resida no facto de o coração falar mais alto que tudo o resto, e o coração, esse não engana o seu "dono", quer aponte na direcção do espirito quer aponte no sentido da lógica.
Na verdade, corações há muitos, resta-nos saber respeitá-los.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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Anonymous Anónimo said...

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