terça-feira, maio 02, 2006

Revolta contra o atendimento público!!!

Existem dois tipos de pessoas, em Portugal, que têm a vida extremamente facilitada, são eles os humoristas e os masoquistas. Vou tentar, em seguida, justificar esta frase, de forma a que nenhum dos grupos se sinta tentado a processar-me.
Quanto aos primeiros parece-me óbvio, eles não precisam de inventar piadas, elas simplesmente caem-lhes no colo sob a forma de noticiários.
Em relação aos masoquistas, acredito que somos o principal país a proporcionar-lhes alegria diária, bastando para isso que se dirijam a qualquer estabelecimento de atendimento ao público.
À partida, a probabilidade de encontrar o estabelecimento com as condições adequadas rondará os 90%, logo aí, a sorte já está do lado deles. Nesses locais, para além do sofrimento físico, proporcionado por esperas infinitas, têm também o bónus de os empregados estarem particularmente treinados para a tortura psicológica.
Existem locais especialistas neste género de tratamento, por exemplo, os de renovação de documentos são o paraíso. Para além de ter ficado sem os seus documentos, o que logo lhe trará alguma sensação de sofrimento bem agradável, pode aumentar a sua satisfação quando se der conta que tem de tirar o dia para renovar tudo o que precisa, e aquela excitação extra surgirá quando lhe contarem o tempo que ainda vai demorar até que possa levantar os ditos documentos.
Como não tenho especial prazer no sofrimento, todas estas coisas me incomodam um bocado.
Hoje, entrei numa livraria, à procura de um livro em particular. Uma vez que já tinha sido lançado à algum tempo e não o encontrei nas prateleiras, dirigi-me a uma das empregadas.
Primeiro que tudo a rapariga não me deixou sequer terminar a frase, dizendo para eu esperar. Até aqui tudo bem, talvez ela estivesse a atender alguém. Depois de esperar uns 10 minutos, comecei a passear pelas estantes vendo outros livros, heis senão quando a dita moça estava em amena cavaqueira com outra colega.
Grande dúvida : vou-me embora ou vou até lá?
Bem, tenho de admitir que ganhou a minha parte de portuga ofendida e lá fui eu dizer-lhe que ainda estava à sua espera.
Gostei especialmente do olhar “então agora queres que eu vá trabalhar, e já não fico a saber se a Maria sempre casou com o Manuel da novela?!” que ela me deitou. Após lhe explicar se me poderiam encomendar o dito livro, tratou de dizer que não sabia se isso era possível naquela loja, chamando então um colega seu. Acreditem quando vos digo que durante uns longos minutos eles estiveram a discutir, á minha frente, se sempre se podem ou não encomendar livros.
Começou-me a dar uma vontade enorme de rir, porque aquela situação era, no mínimo, bastante ridícula. Acabei por agradecer e vir embora.
Por isso, já sabem, se entrarem numa livraria e virem dois empregados a discutir, serão estes aqui referidos, que deverão estar ainda a ponderar sobre o meu pedido,.....
Agora a grande dúvida, serei ou não masoquista por ter vontade de voltar à loja e desatar a encomendar livros e a fazer perguntas sobre autores?!