terça-feira, maio 02, 2006

A teoria da cafeína,....

Conheço um casal que não parece que o é.
Estão ambos na casa dos 30 e aparentemente nada que os ligue, emocionalmente, no presente. Não há toques de mãos por baixo da mesa, não existem olhares cúmplices e nem mesmo palavras de carinho.
Hoje estive com eles e fiquei com uma certeza, não quero aquilo para mim. Embora possa parecer, não me estou a referir à ausência de demonstrações públicas de carinho, até porque conheço casais que não o fazem e seria burrice não perceber o quanto gostam e dependem um do outro. O que me assusta é a indiferença, que é tão forte que se torna quase palpável.
Voltei para casa a pensar se aos 30 anos não seremos ainda muito novos para nos acomodarmos a uma situação assim,...
Consigo perceber que de um lado se encontra o conhecido, o habitual, o seguro e do outro lado o imprevisto, o desconhecido e mais importante ainda, a solidão. Mesmo que essa solidão dure uma hora, uma semana, um mês, um ano, estar sozinho ainda é considerado pior do que estar tristemente acompanhado.
Acho que muitas vezes nos esquecemos de que a vida é realmente curta, que ela termina sem ter a decência de nos avisar com antecedência e que para além do que vivemos hoje, mais nada nos está assegurado. Será que se nos lembrassem todos os dias disto, não íamos arriscar mais, de forma a evitar os arrependimentos futuros?! Será que iríamos continuar a preferir trabalhar num escritório quando a nossa verdadeira vocação e desejo seria a de ser pintor, por exemplo?! Será que teríamos ainda coragem de perder mais um dia da nossa vida, com pessoas e situações, que nos magoam?!
Ao terminarmos o café, ele despediu-se de mim perguntando como é que eu ainda estava sozinha. Limitei-me a sorrir e saí.
Talvez agora eu tenha encontrado a resposta. Talvez eu procure realmente alguém por quem me apaixone, que me faça rir, que partilhe comigo filmes, livros, músicas, momentos, alguém com quem eu discuta, alguém que seja capaz de tornar a paixão inicial em amor e não em ressentimento ou indiferença. Talvez eu já saiba a hora de terminar as coisas ou talvez eu desconheça totalmente a altura correcta para o fazer, mas pelo menos, por agora, não quero carregar o peso de um sentimento que se conjugou no passado e não tem forças sequer para respirar no presente.