sexta-feira, agosto 11, 2006

Férias II

Estou a passar estas férias numa pequena pensão, com um ar bastante familiar, em que os hóspedes se reconhecem uns aos outros, quando se encontram na esplanada do café.
Ora, numa destas noites, tive o prazer de saber que o meu vizinho de corredor se chama Quim. Como soube eu isto? Obviamente que não foi numa situação normal senão este post não se justificava. Tive conhecimento de tal facto quando, numa das madrugadas em que não consegui dormir, comecei a ouvir gritos desesperantes do género “Quimmmmmmmmmmmm,aiiiiiiiiiiiii,Quimmmmmmmmmmmmmm”. Já tinha retirado a hipótese de violência doméstica, graças ao tom com que os gritos eram dados, e tive a confirmação quando escutei a bela frase “Ai Quim sim,aí,aí,....aiiiiiiiiiii, simmmmmmmmmmmmmm”.
A primeira ideia que me veio à cabeça foi “mas que raio de nome é este para se gritar na cama?!”. É boato corrente que o sexo masculino gosta de ouvir o seu nome quando está em pleno “dever conjugal”, porém, nem todos facilitam esta tarefa.
Já imaginaram o que sofre a pobre mulher do Eufrânio ou do Gervásio? Talvez daí tenham surgido as alcunhas usadas nestas ocasiões, afinal, sempre será melhor ouvir um belo “Tigrão”, pela madrugada dentro, do que um Quim que apenas remete a nossa imaginação para o vizinho gordo e careca da nossa rua.
Ocorreu-me também como há alguns anos atrás seria rara uma situação destas, afinal, onde se ouviria uma mulher a dar indicações sexuais, a alto e bom som, ao seu esposo em pleno Alentejo?! Neste caso, creio que o senhor já conhecia o roteiro bastante bem, encontrando o caminho correcto com bastante rapidez e aparente sucesso.
Uma vez que ouvir desconhecidos a terem sexo não é uma das minhas fantasias, agradeci o senhor ter prática no assunto, ou a senhora ter a bondade de fingir bem, de forma a que o silêncio se instalasse de novo passado alguns minutos.
Como em quase todas as situações que envolvem sexo com estranhos, o pior dia é o seguinte e confesso que o meu foi algo constrangedor. Ao vê-los, no dia seguinte de manhã, não consegui esquecer os gritos e indicações da noite anterior e sorrir. Vê-los ali, todos atarefados com a quantidade de coisas a levar para a praia, com os seus 3 filhos gordinhos que mais parecem rebolar que andar, pensei em como a madrugada pode ser formadora de traumas para quem ouve o que não deve.