Prova de que, pelo menos, um homem irá perceber o sentido do post anterior
"Estou diferente. Cresci. É claro que isto tem tanto interesse para você, caro leitor, como saber da predilecção que o director de fotografia de Hitchcock tinha pelo bridge.
Mas apetece-me falar, para gaúdio dos meus pais, sobre as minhas recentes comprinhas de vestuário.Sim, eu que era o guru da boina nos dias em que o espírito parisiense entrava em mim roubando-me os preciosos minutos do duche,eu, que desde uma visita ao Brasil, introduzi os chinelos e chanatas na minha vida social,eu, que sonhava vir a ter a barba de um Joaquim Letria,eu, que adoro a liberdade de uns calções como Carroll adorava criancinhas,mudei.
À beira dos 26 anos de idade percebi, enfim, e graças a subtis e elegantes avisos de colegas de trabalho, que à mulher de César - hélas - não basta sê-lo.
Pois é. Comprei umas camisas de fazer inveja a um Paulo Pires, umas calças que orgulhariam um José Castelo-Branco, e descobri que a pele da minha cara, afinal, ainda estava lá, desbastada a amazónia. Sou um novo homem. Já posso caminhar pelos corredores, perfumado como um bebé que vai ser baptizado, e pronto para receber os homens de negócios.
Não é ironia, é a vida mesmo. Mas terei saudades do ar contrito da minha mãe, vendo-me sair de casa, e dizendo: "Ó filho, vais sair assim à rua? Tu fizeste Direito..."
Luís Filipe Borges (www.desejocasar.blogspot.com)
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