quarta-feira, setembro 06, 2006

Plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro.

Como acreditar nos elogios de quem gosta de nós? Não estarão eles sempre a ver o nosso lado bom, ignorando algumas das nossas grandes falhas? Poderemos confiar nos seus olhos, que estão cheios de ternura e amizade, facto que lhes poderá toldar o sentido crítico?
Tantas perguntas surgem após me ter encontrado com um amigo meu. Fomos tomar um café e a meio da conversa ele sai-se com a ideia de que eu deveria escrever um livro. Depois de me ter rido e explicado que esse não é um dos meus objectivos, ele volta a insistir, aliás, insiste na sua ideia como se acreditasse nela piamente. Talvez ele acredite, eu é que não.
Não acredito que tenha de plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro, para ser feliz. Aliás, penso que atingir dois em três já seria um resultado excelente e não me importaria de ficar pelos dois primeiros.
Acredito que ainda não posso gastar folhas de papel em vão, continuo a achar que as letras gastas do teclado me bastam.
Penso até que, se escrevesse um livro, o seu título teria de ser “Tudo o que você nunca quis ler mas que eu escrevi na mesma”. Seria um acto de vaidade pessoal e não de talento que necessita de ser partilhado com o público.
Adoro ver livros bonitos e descobrir que o interior corresponde à capa. Gosto de me apaixonar por escritores, que me conseguem transportar para o seu Mundo, sem que tenha de fazer qualquer esforço para isso. Hoje, sei que jamais conseguiria que alguém se apaixonasse por um livro meu e, sem essa capacidade de seduzir quem lê, não vale a pena procurar artifícios ou recorrer a encantamentos para que a magia se dê de forma artificial.
Não poderei escrever um livro porque ainda não tenho histórias para contar nem imaginação suficiente para as inventar.
Talvez um dia cresça alguma escritora em mim e ela seja mais aventureira ou menos auto-consciente que eu. Nesse dia, talvez tenhas um lançamento de livro para assistires, talvez até te dê um autógrafo para exibires a quem quiseres e prometo, mas prometo mesmo, que se for convidada de algum programa o teu nome será referido como grande impulsionador desta minha manifestação literária. Por enquanto, vais ter de perceber que eu tenho razão e que as minhas explicações anteriores são verdadeiras.
Gosto de escrever os meus posts e sinto-me bastante contente por saber que alguém os lê e, por vezes, os aprecia. Não sou escritora, nem tenho pretensões de o ser, mas muito obrigado por acreditares que se eu o quisesse o conseguiria, afinal, o que seria de grande parte da nossa vida se não fosse a confiança cega que os verdadeiros amigos depositam em nós?!

1 Comments:

Blogger M said...

Eu tenho dificuldade é em acreditar nos elogios de quem eu sei que não gosta de mim -- costumam começar por "Tu és muito inteligente/trabalhadora/qualquer-coisa-assim, MAS..." E depois é que são elas. Isto é, são apenas uma maneira de fazer de conta que não estão a insultar, pelo contrário, então até fizeram um elogio...

Quando é um amigo a dizer que deviamos escrever um livro isso é um elogio a sério. Se for alguém que não gosta de ti o que eles estão realmente a dizer é "Porque é que não escreves isso tudo num livro (em vez de me obrigares a ouvir as tuas estórias nas quais eu não estou minimamente interessado/a?)

7:23 da tarde  

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