sábado, setembro 02, 2006

Pede-se, desde já, desculpa pelo texto insano que se segue

Visão da minha vida futura, sob influência de uma forte insolação, provocada por um dia inteiro a andar ao Sol.
Para começar decidi que vou viver até aos 200 anos. Serei considerada a mulher mais velha do mundo e terei direito a uma reportagem no telejornal da TVI. Os mais conservadores espantar-se-ão de eu viver com um homem de 30 anos, porém, ficarão a questionar-se interiormente se será essa a razão da minha mente ainda não estar afectada pela velhice, tal como o facto de a minha pele se assemelhar ao de uma jovem com os seus 50 anos de idade.
Recuando mais no tempo, terei terminado o meu curso e começado a trabalhar, no entanto, achei a tarefa cansativa e decidi-me a frequentar festas das revistas cor de rosa, vivendo à custa da minha imagem, que entretanto se tornou um must no social.
Nessa vida intensa arranjei um marido rico, o que me deu muito jeito (sim, sim, eu também o amava. Acho eu.), que me possibilitou viajar pelo mundo inteiro, comprar toda a roupa e sapatos que desejava e ver todos os filmes e livros possíveis.
Entretanto, o meu marido, 30 anos mais velho, morria de ataque cardíaco na cama com a sua jovem amante de 19. Eu fingia-me surpreendida e a sofrer, o que me garantiria a entrevista mais bem paga da história, ao expor-me publicamente.
Recuperada da tragédia, com mais dinheiro no bolso, iria morar para Hollywood onde conheceria Adrian Pasdar. Ele apaixonar-se-ia perdidamente por mim, o que me levaria a oferecer-lhe um tratamento de crioterapia para o conservar relativamente jovem o maior número de anos possível. Fomos felizes durante uns tempos, porém, o gelo acabou devido aos problemas com a camada de ozono, e ele foi mirrando, ficando velho, surdo e eu cansei-me de repetir as mesmas frases. Coloquei-o num lar onde ele foi feliz com jovens enfermeiras, pagas a peso de ouro, até ao fim da sua vida.
Depois disso decidi ir morar em Inglaterra. Conheci o Príncipe Carlos num evento social e foi nesse dia que tive o único desmaio da minha vida, que se deu quando, inesperadamente, me virei e me deparei com a cara da Camilla mesmo encostada a mim. Achei a situação traumatizante e voltei para Lisboa.
Nos meus últimos anos tornei-me a financiadora de um jovem actor, com pretensões de escritor, ajudando-o a começar e prosseguir a sua carreira. Este jovem seria o único amor da minha vida e um dos que mais teria pago para manter.
Com o passar dos anos, decidi que o meu último desejo seria aparecer no telejornal da TVI, vai daí tratei de comprar uma pobre casa no norte do país, fingir-me de sofredora por uma vida e assim obtive a famosa reportagem que me faltava no currículo.
Após o meu desaparecimento saber-se-ia de toda a minha história, a TVI colocaria a Manuela Moura Guedes e o Artur Albarran a apresentar uma reportagem especial sobre a minha pessoa, que começaria com algo do género “A história nunca antes contada. A dor, a mentira, as traições, a verdade posta a descoberto. Não perca, aqui na sua TVI”.
No final, eu descobriria que andei uma vida enganada e que o céu existe mesmo. Eu seria uma das estrelas a brilhar, esperando a minha vez de retornar.

1 Comments:

Blogger M said...

Esta foi a primeira vez que me ocorreu que esse pessoal do jet-set cor-de-rosa são no fundo como as manequins de moda, também eles vivem de ser apenas uma imagem, a andar para cá e para lá a exibir-se. Ao menos os do mundo cor-de-rosa não têm todos que ter 17 anos, 1, 80 m de altura e pernas como caniços.

6:09 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home