quarta-feira, dezembro 27, 2006

E hoje, é o primeiro dia do resto da tua vida

Tudo o que tem um princípio tem um fim. Desde o início dos tempos que assim é.
Como em tudo, as opiniões divergem, sendo claro que alguns de nós pertencem ao nascer do sol enquanto outros pertencem ao pôr do mesmo. Uns lidam melhor com os começos e outros com os finais.
Algumas pessoas preferem tudo o que está a começar. Adoram ver mulheres grávidas, testemunhar os primeiros passos de um bebé ou o começar de um novo projecto. Para eles, a continuação de um filme é sempre decepcionante, porque jamais poderá corresponder às expectativas do início do enredo. Procuram amores vários, pulando de um para outro, sempre que o começo se aproxima do meio e o meio do fim. Costumam temer os finais e por isso evitam-nos. Fogem dos moribundos, evitam terminar o que começaram e preferem não se lembrar de que tudo o que nasce morre.
Para contrapor, existem também os apreciadores de finais, os que acham que nada iguala o encerrar de uma tela de cinema ou o final de um trabalho. Estes aparentam sempre uma certa sabedoria, como se soubessem algo que escapa a todos os outros, algo que lhes ensinou que o final nem sempre é negativo.
Na verdade, creio que a maioria de nós é uma mistura de ambos os géneros. Precisamos de novidades, porém, não conseguimos evitar uma dor profunda no peito de cada vez que temos de abandonar algo que construímos.
Tudo o que um dia começámos adquire um valor incalculável para nós e o seu fim representa, de certa forma, uma perda. Passamos a maior parte da vida a construir coisas que iremos perder um dia, sejam elas emocionais ou materiais e, em boa verdade, teremos de aprender a viver com isso.
Talvez, uma das formas mais sábias de viver, seja saber dar o valor exacto a cada fim e a cada princípio. Talvez ganhemos mais paz de espírito quando soubermos apreciar um final feliz, uma despedida em grande, um terminar glorioso. Talvez consigamos ficar apenas nostálgicos ao relembrarmos os “bons velhos tempos”, mas jamais tristes, quando soubermos desfrutar do que de novo surge no nosso caminho.
Porque tudo o que tem um princípio tem um fim. Desde o início dos tempos que assim é.