sábado, dezembro 16, 2006

Agora vivo num mundo de dois

Ao longo do tempo vamos construindo um mundo só nosso. Tornamo-lo o nosso lugar secreto, aquele onde tudo está no local correcto e onde os acontecimentos sucedem segundo a nossa vontade.
A certa altura, sem o prevermos, alguém consegue entrar, no único sítio em que nos sentíamos totalmente seguros. Não nos lembramos se lhe abrimos a porta ou se ele proferiu alguma palavra secreta para a abrir. Simplesmente entrou.
Tudo o que tínhamos definido até então deixou de existir. Perdemo-nos num espaço que nos é estranho e, no entanto, só agora nos começamos a sentir realmente seguros.
A determinada altura, deixamos de defender que um mundo sozinho não fará guerras e percebemos que sozinhos também não temos com quem construir a paz. Abrimo-nos ao que vier e passamos a desenhar um mundo a dois.
Perdemos a ordem a que estávamos habituados, ganhamos novas preocupações, perdemos algum controlo, adquirimos alguma irracionalidade e, mesmo assim, temos a estranha sensação de que só agora somos realmente felizes.