quarta-feira, abril 26, 2006

Hoje dei por mim a ponderar a existência, ou não, do tão falado destino.
Lembrei-me daquelas senhoras idosas que quando sabem de alguma desgraça, acompanham a benção com frases do género “não há como fugir ao destino,..” ou “o destino está traçado,...”. Lembrei-me das histórias que, por vezes, aparecem na televisão em que existe sempre alguém que ou quase embarcou num avião que veio a despenhar-se, num barco que se afundou, ou até mesmo num carro acidentado, mas que por qualquer motivo, que não consegue explicar, voltou para trás à última da hora. É preciso ter em conta que os factores “motivo sem explicação” e “última hora” são muito importantes, se não essenciais, para se colocar a hipótese de “causas do destino”.
Obviamente que não se pode colocar sequer a hipótese de o homem/mulher ter-se recordado, em cima da hora de embarque, que deixou o seu chicote e algemas em cima do sofá, logo no dia em que a sua mãe ia limpar o pó à casa, tendo de voltar atrás de forma a evitar desgraças maiores.
A minha dúvida é, quem não acredita no destino só pode acreditar em coincidências??
Se acreditarmos na Margarina Rebelo Pinto saberemos que “Não há coincidências”, contudo, esta não me parece a fonte mais segura para obter esclarecimentos de qualquer tipo.
Devo confessar que me desagrada, particularmente, a ideia de que nos são colocadas várias opções e que nós podemos escolher qual seguir, mas que o final será sempre o mesmo, qualquer que seja a escolha feita. Esta teoria faz-me lembrar um jogo viciado, que não deve ter muita graça nem para quem o está a jogar nem para quem o controla.
Partindo do princípio de que existiria um “destinador-mor”, imaginam a confusão que seria se ele tivesse de organizar a vida de todos os portugueses?! Se esse arquivo se encontrasse no Cosmos português era quase certo o desaparecimento de processos em buracos negros, semelhantes aos existentes nas repartições públicas, ou então, trocados com o ficheiro do lado. Melhor ainda, o nosso destino não aconteceria enquanto não entrássemos pelo lado esquerdo da porta 52 em vez de o fazer pelo lado direito da mesma. Isso sim, seria rigor,...e explicaria o motivo de existirem tantas vidas paradas.
Agora que penso no assunto, isto até poderia explicar muitos acontecimentos estranhos que andam a acontecer neste país.
Outra coisa que me faz confusão é o duplo critério, quer dizer, se eu for na rua e esbarrar no Rodrigo Guedes de Carvalho acho que é o destino a querer juntar-nos, mas se o mesmo acontecer com um bandalho, passo a considerar que isso se deveu á sobrepopulação e que existe cada vez menos espaço para andarmos na rua descansados.
Por outro lado, caso cada um de nós tivesse mesmo o destino traçado isso desculpar-nos-ia de muitas escolhas mal feitas, uma vez que o final seria sempre o mesmo, também explicaria o sucesso inacreditável de pessoas que não fazem nada para o conseguir e o suor desperdiçado de outros, que trabalham e não são jamais recompensados por isso.
Acho que depois desta mini-reflexão continuo a preferir acreditar que cada acção tem uma reacção, que o nosso caminho somos nós que o fazemos sendo que nada está decidido até ao final do “jogo”.
Claro que se a entidade reguladora do destino me quiser provar que estou errada pode sempre fazer-me ganhar o Euromilhões ou colocar o Clooney no meu caminho, aí sim, prometo passar a acreditar que estava pré-destinada fosse para o que fosse.
Imagino que não terei ajudado ninguém a formar uma opinião concreta, acerca deste assunto, porém, se deixei alguém mais confuso o post já terá valido a pena.