segunda-feira, março 27, 2006

Teoria da "seca"

Tenho curiosidade em saber até que ponto o corpo humano aguenta a chamada “seca”.
Ultimamente tenho apanhado muitas e visto como, numa sala cheia de pessoas, cada uma tem o seu próprio modo de reagir a este fenómeno.
Conseguimos ver que uma pessoa está a levar uma seca, apenas pelo modo como ela se comporta, por exemplo, duas pessoas estão a conversar e quando uma delas apresenta os seguintes “sintomas” podemos ter a certeza de que o tédio já está a dominar:
- Respondemos a tudo com um simples “sim, sim” ou “claro, claro”. O segredo está em concordar sempre e repetir essa mesma concordância, assim, não ouvimos nada do que está a ser dito mas preenchemos os espaços de silêncio em que se espera alguma reacção da nossa parte;
- Começamos a olhar em volta, ao mesmo tempo que bocejamos. A melhor descrição deste olhar é o que se vê nos filmes, quando o herói está num barracão em chamas e procura desesperadamente a única saída possível;
- Quando vemos um conhecido começamos a chamá-lo, cumprimentamo-lo e iniciamos estranhos movimentos com os olhos que, incompreensivelmente, para o nosso amigo é sinal de que temos um cisco no olho mas para nós é um óbvio pedido de socorro.
Claro que depois existem os movimentos da pernas, de mãos, e por aí fora.
No entanto, acho que estes momentos, que algumas pessoas nos proporcionam, nem se aproximam das secas que temos de levar quando estamos numa sala da qual não podemos sair. Não sei porque terão vocês pensado que me referia ás salas de aula, mas como foram por aí vou optar por explorar esse assunto. Mas apenas porque sei que foi o vosso primeiro pensamento e não vos quero desiludir.
Primeiro que tudo, estamos numa sala e temos ao nosso lado, geralmente, uma pessoa com a qual gostamos de falar, portanto vir outra pessoa para nos trazer conhecimentos científicos enquanto estamos a discutir compras, filmes e saídas, quer dizer, já não é um começo favorável. Porém, existem professores que conseguem captar a nossa atenção enquanto outros,......bem, outros a única coisa que conseguem captar é o nosso sono.
Os que nos conseguem motivar pertencem ao chamado “grupo raro”, enquanto os outros se subdividem em dois, um dos “não quero ouvir nem uma mosca e se respirarem façam-no baixo” e outro dos “o facto de estarem a dormir não tem nada a ver com o meu tom monocórdico até porque no fundo, no fundo, estão a ouvir o que digo”.
Quando estamos a levar uma seca do primeiro tipo, vêem-se caras de tédio para onde quer que se olhe, porém ninguém fala com o vizinho do lado e está tudo a escrever. Os bocejos são raros, até porque podem levar á expulsão da sala.
Quando apanhamos o segundo tipo, então só se ouve barulho de fundo, gente encostada ao ombro do colega, mais a dormir que acordada, os bocejos são imensos e os risos abundam.
A quantidade de “seca” que cada um de nós suporta não sei, mas que todos precisamos de ter períodos de recuperação, disso tenho a certeza, portanto, venham lá essas férias da Páscoa, de forma a garantir a manutenção do nosso equilíbrio mental.