quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Um maço e tantos bónus...

Detesto o tabaco. Melhor, odeio o tabaco.
Não pensem que tal sentimento se deve ao cheiro de fumo que fica entranhado na minha roupa e cabelo, nem tão pouco à sensação de asfixia que tenho em alguns jantares de grupo, nada disso. Na verdade, nutro tal sentimento pelo cigarro por um motivo bastante simples, por puro e sincero amor.
Confuso? A verdade é que vejo um vício matar lentamente as pessoas de quem gosto. Cada baforada de fumo corresponde a uma quantidade louca de células tentadas a transformarem-se em cancro, em lugares tão fundamentais quanto os pulmões ou garganta. (Se este vai ser um post animadote? Acho que dá para perceber que não, portanto, quem não estiver nos seus dias pode ir parando por aqui.)
Acreditem quando vos digo que não pertenço ao grupo de fundamentalistas que desejam colocar todos os fumadores no Everest, munidos de 1 cigarro apenas, sem hipóteses de retorno. Tal como em outros assuntos, acredito na liberdade, quer de quem escolhe fumar quer na de quem escolhe não o fazer.
Tenho de confessar aqui que acho curiosa toda essa mística que envolve o fumar, pois a maioria das pessoas que conheço que o fazem são bastante inteligentes, portanto, parto do princípio que eles sabem alguma coisa que me escapa.
Vejamos, tentando analisar a situação a frio, pessoas que recebem toda a informação sobre o malefício do tabaco fumam, pessoas inteligentes e que dizem recusar-se a serem manipuladas estão totalmente dependentes de um “palito de papel”, outros que se dizem liberais e que detestariam ajudar grande indústrias contribuem todos os dias para a grandeza milionária do tabaco, há também os que sentem nojo de qualquer tipo de comida com ar mais exótico mas que jamais recusam uma boa baforada de nicotina e alcatrão. Não me posso esquecer da grande maioria que se diz sentir mais confiante com um cigarro na mão. Humm, ter uma chaminé acesa na mão proporciona confiança? Ok, quem sou eu para achar que não.
Ah, claro, ia-me esquecendo de todos aqueles que se acham demasiado novos para morrer. Bom, com estes falarei daqui a uns anos. Ou talvez não...
Quando amamos verdadeiramente alguém tudo o que essa pessoa faz nos afecta. Se estamos a ser egoístas por querer acabar com um vício que não nos pertence? Claro que sim, mas caramba, não poderemos nós desejar envelhecer ao lado de quem amamos?
Se a certa altura da nossa vida encontrámos a nossa “metade” será assim tão incompreensível o facto de não a querermos perder jamais?
Não quero perder aos poucos, por entre nuvens de fumo, as pessoas que mais amo.
Odeio o tabaco simplesmente por isto.
E tenho a impressão que ele me odiaria também, se pudesse.