quarta-feira, outubro 04, 2006

E você, já aturou um cromo hoje?!

Creio que Portugal poderá estar no pódio dos países com maior número de cromos por metro quadrado, pois é impressionante como esse espécimen se encontra disperso nos mais variados locais.
Dentro deste grupo, confesso que tenho preferência pelos que fazem o género “inteligente demais para esta conversa”.
Geralmente, essas pessoas centram a conversa em si, num assunto que dominam e do qual, de preferência, nenhum dos outros interlocutores perceba muito. Depois, focam a sua atenção numa determinada vítima, que terá de o aturar nas horas seguintes. O ouvinte perfeito terá de forçar o riso nas piadas, conter a vontade de fugir do local, fingir um ar interessado e fazer algumas questões sobre o assunto em questão. Depois de tudo isso, tal pessoa terá lugar assegurado no Céu.
Este género de cromo caracteriza-se também por usar uma voz colocada e possuir maneirismos estranhos. Abusa das frases paternalistas, evoca a palavra “povo e gentinha” de forma repetida e adora, mas adora, tratar os empregados como seres inferiores com quem deve ser pseudo-tolerante (terei acabado de inventar uma expressão nova?!), porém “sem lhes dar muita confiança” não vão eles ter a ousadia de perguntar se a refeição estava boa.
Gostam de repetir o quanto prezam o “Zé mecânico”, não conseguindo disfarçar o ar de gozo com que insinuam que tal pessoa é “bronca”. Neste caso, existe uma clara ausência de auto-consciência por parte do cromo.
Eles sempre quiseram ser tratados por Doutores e agora que o são, fingem que tal expressão lhes desagrada, assim, pedem que os tratem pelo nome próprio pois sempre simulam uma falsa familiaridade com os conhecidos com quem se cruzam. Ah, e adoram repetir que detestam ser chamados de doutores pelo “povo”.
Crêem ser o centro do universo, fingem ser sociáveis e tentam disfarçar as olheiras, resultantes de horas em frente a um computador, usado para contactar com mulheres virtuais.
Dão erros gramaticais brutais, no entanto, a pose com que o fazem permite disfarçar a situação, ou em alguns casos, provocar crises contidas de riso em quem se apercebe disso.
Adoram partilhar segredos porque assim sentem que lhes é dada a atenção devida. Essa é a sua principal moeda de troca, ele é ouvido quando tem informações que agradem a quem o escuta.
Agora pense, com quantas destas pessoas já contactou até hoje? Vê?! Eu bem lhe disse, neste tema, o lugar no livro dos recordes é nosso.