E hoje o Sol estava mais brilhante
Cerca de duas semanas atrás foi-me dito que poderia sofrer de uma doença degenerativa.
Era apenas um hipótese, mais remota do que outra patologia, bem mais simples, que também se encontrava na balança. A recomendação médica foi no sentido de realizar um exame de forma a garantir que a pior possibilidade estava afastada.
Confesso que mal o médico pronunciou o nome da doença degenerativa a primeira coisa que me aconteceu foi ter uma profunda vontade de chorar, senti-me quase incapaz de conter as lágrimas, sendo que as contive quando olhei para a minha mãe e vi as minhas lágrimas nos olhos dela. O pensamento que logo me invadiu foi acerca dos planos que tenho com o meu namorado, na forte vontade de me tornar sua mulher e mãe dos seus filhos. Seria justo afastar a vida dele de um trilho mais ou menos traçado para o levar para uma vida mais complicada que o simples dia a dia?! Cheguei a pensar, se a pior situação se confirmasse, em abrir mão do meu amor mas depois dei-me conta do que isso seria também abrir mão de mim mesma e da hipótese de ser feliz. Estaria a sentenciar-me antes da própria doença o começar a fazer. E a verdade é que é simplesmente estúpido desistir das coisas que mais amamos.
O meu segundo pensamento foi para os meus pais e avós, pensei na dor que sentiriam se aquela hipótese se confirmasse. Mais do que sofrer por mim, estava também a sofrer por eles.
Revi toda a minha vida e só pensei nas coisas boas, em tudo o que poderia perder. Tudo o que eu tinha construído e tudo o que sonhava, em traços largos, construir no futuro poderia ruir em segundos, com o abrir de um resultado de exame.
A pior parte é a dúvida, o não saber se devemos ficar aliviados porque estamos bem, se devemos chorar e prepararmo-nos para o que aí vem.
Esta situação também serviu para me aperceber do quanto algumas pessoas gostam de mim, o quanto ficaram preocupadas e o modo como se mantiveram ao meu lado, nem que fosse em silêncio, torcendo para que tudo estivesse bem.Consegui parecer forte em frente dos meus pais e revelei-me um ser totalmente fragilizado e medroso perante o meu namorado, que confirmou apenas aquilo que eu já sabia, que sou uma sortuda por amar um grande homem. Mais uma vez fico sem palavras para ele.
Ontem fui buscar o exame e o meu cérebro encontra-se a 100%. Foi a patologia mais simples que se revelou verdadeira. Voltaram a cair lágrimas, desta vez de alegria e alívio.
Provavelmente deveria agradecer a algum deus mas creio que os meus “intermediários” saberão fazê-lo bem melhor do que eu.
E hoje, o Sol pareceu-me muito mais brilhante que em todos os outros dias…embora tenha chovido…
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